Capítulo 15

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Anahí foi embora logo depois do café. Naquela mesma tarde saiu com Maite, e claro, falou sobre o que ocorrera entra ela e Alfonso.

Os dois dias que se seguiram foram do mais profundo tédio. Ou melhor, Anahí definia como tédio o que sentia, porque desconhecia o que realmente acontecia dentro dela. Era vontade de estar perto dele, de poder conversar ou sentir o seu cheiro. Mas agora só lhe cabia esperar, e as horas pareciam demorar a passar. Nem Paul fora capaz de servir como distração por muito tempo.

Foi na terça à noite que ela teve o que tanto esperava. Com o celular nas mãos, Anahí assistia às imagens captadas pela câmera. Ela viu Alfonso se aproximar, e a satisfação que sentiu ao vê-lo não tinha só a ver com o fato dela, finalmente, descobrir a tal senha. Era saudade. Nua e crua. Ainda que ela não se desse conta disso. 

Com um largo sorriso no rosto, Anahí anotou os números conforme ele digitava. Tão fácil. De quebra ainda conseguira ver o que havia dentro daquele cofre: Uma arma, uma caixinha de madeira, um maço de dinheiro e embaixo de tudo isso uma pequena pasta escura. A pasta que Pedro queria. 

Agora ela só precisava ir até o apartamento de Alfonso, e dizer, com sua típica cara de pau, que o colar que usava quando esteve lá havia sumido, e que provavelmente ela o havia perdido no apartamento dele. Ora, Anahí não dava ponto sem nó. Ela o deixara jogado debaixo da cama do moreno. Estando lá dentro, ela arrumaria um jeito de entrar no escritório, abrir aquela pasta, pegar tudo o que havia dentro dela, e substituir o seu conteúdo por alguns papéis sem sentido. 

Acontece que o destino havia planejado algo um pouco diferente para aquela noite.

Anahí: Alô... – Ela atendeu ao celular um tanto hesitante. O que ele podia querer?

Alfonso: Oi... É o Alfonso...

Anahí: Oi. Ahm, tudo bem? – Será que o coração dela havia perdido o compasso pelo medo de ter sido descoberta ou pelo fato de ouvir a voz dele? Claro, era o medo.

Alfonso: Meio tarde pra ligar?

Anahí: Não. – Ela riu – Não são nem oito horas.

Alfonso: Você conseguiria se arrumar em menos de meia hora? – Perguntou um tanto sem jeito com as palavras.

Anahí: Arrumar para?

Alfonso: Ganhei ingressos para o show do Marianas Trench. Conhece? É uma banda canadense... 

Anahí: Eu conheço. – Interrompeu – E adoro. – Completou. Sem mentiras.

Alfonso: Enfim, eu nem ia, mas sei lá... – Qual é? Ele estava gaguejando? – Então, acabei de decidir... Quem sabe você...

Anahí: Eu quero. – Interrompeu outra vez – E não precisa gaguejar para me chamar pra sair. Desse jeito nem parece o garanhão que me cantou naquele bar. – Brincou.

Alfonso: Eu não estava gaguejando. – Respondeu de pronto. Ah sim, ele estava. Isso porque Alfonso era muito bom com mulheres de uma noite, e Anahí não vinha sendo exatamente isso. Sair com uma mesma mulher mais de uma vez não era algo do seu feitio. Mas, vejamos, Alfonso não havia – exatamente – saído com ela. Ela quem fora até o seu apartamento, era uma situação diferente. Tecnicamente essa seria a primeira vez em que sairiam, e para ele seria uma noite como tantas outras. Sairia, beberia, acabaria na cama com ela e então ele se despediria assim que amanhecesse e nunca mais a veria... Bom, bem mais fácil seria assumir que ele ligara apenas porque queria vê-la.

Anahí: Okay, você não estava. – Concordou debochada – Era a ligação que estava ruim. – Continuou entre risos.

Alfonso: Palhaça. Daqui a uma hora passo na sua casa para te pegar. Me passa o endereço.

Anahí: Bom, na verdade eu estou num hotel... Você se lembra que eu disse que era nova na cidade, né? Então, ainda não tive tempo de me ajeitar...

Alfonso: Tudo bem. Qual hotel?

Anahí: Malibu.

Alfonso: Esteja pronta, okay?

Anahí: Uhum. Nos vemos em uma hora.

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