Capítulo 38

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Com o rosto afundado nas mãos, Anahí foi amparada por Paul.
Sendo sentada no sofá, ela se encolheu, abraçando os joelhos, enquanto recebia um abraço apertado. O amigo jamais a vira daquela forma, sequer imaginava que Anahí era capaz de sofrer assim por alguém. Justamente por isso ele se preocupava tanto. Paul conhecia Pedro o suficiente para saber que a história com Herrera não acabaria ali.

Paul: Any, o que eu posso fazer por você? – Perguntou enquanto a ninava.

Anahí: Nada. Ninguém pode fazer nada. – Riu, sem vontade, ainda entre lágrimas – Mas eu já disse que vou sobreviver. – Ela se levantou, secando o rosto – Eu preciso ficar sozinha.

Paul: Pra que? – Paul a olhava penalizado.

Anahí: Para poder chorar o que eu tiver pra chorar e depois seguir em frente.

Paul: Por que quer suportar tudo sozinha?

Anahí: Porque eu sou assim. Eu preciso me bastar, entende? Não posso depender de ninguém para amenizar as minhas dores ou para cobrir as minhas fraquezas.

Paul: Ter um ombro amigo às vezes não faz mal pra ninguém.

Anahí: Eu sei. Mas um amigo é uma fraqueza, Paul. Quanto mais o seu coração se abre, mais vulnerável você fica. E aí é muito mais fácil se machucar. – Ela estendeu a mão, alcançando a dele – Eu vou ficar bem, pode ir.

Paul: Se precisar, pode me ligar. – Ela assentiu. Paul sabia que não adiantaria insistir. Anahí era assim, jamais suportara que sentissem pena dela. Mostrar-se fraca na frente dos outros era ainda pior do que admitir a sua fraqueza.

Anahí: Fique tranquilo. – Abriu a porta.

Paul: Fique bem. – Respondeu antes de tomar o caminho para o elevador.

Anahí tomou um banho demorado, tentando afastar todo aquele torpor que sentia. Era como se não estivesse mais ali, como se todos os porquês e toda a lógica da sua vida tivessem desaparecido.

Estava deitada na cama, tomando uma garrafa de cerveja, quando seu celular começou a tocar repetidamente sobre o criado mudo. Ela ignorou, voltando os olhos para a TV ligada na estante à sua frente.

Do outro lado da linha, a pessoa não desistira. Voltou a ligar uma, duas, três vezes. Irritada, Anahí pegou o aparelho disposta a silenciá-lo. O nome no visor mostrava ser Pedro o importuno. Ela rolou os olhos, não estava com humor nem paciência para ouvir qualquer coisa que viesse dele. De certa forma, o culpava por tudo o que estava passando. 

Quando o celular parou de tocar, um bip anunciou uma mensagem de texto. Os olhos de Anahí correram pelas palavras escritas e, imediatamente, ela foi tomada por uma onda de medo.

"Atenda, Anahí. Preciso falar com você. É sobre Herrera. Venha até a Deluxe."


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