Ela não estava nervosa enquanto o esperava. Ele, ao contrário, sentia seus músculos tensos.
Alfonso tratou de respirar fundo diversas vezes antes de tocar o interfone, e, assim que sua entrada foi liberada, atravessou o pequeno saguão feito um furacão e tomou o elevador até o 9º andar. Na frente do 903, Paul o esperava.
Paul: Ela está lá dentro. Sinceramente, não sei o que ela pretende, mas, embora não pareça, ela está terrivelmente abalada.
Alfonso: Como foi que a encontrou? – Perguntou. A voz soando mais grave do que o normal.
Paul: Prefiro que ela explique para você as circunstâncias. Espero que a deixe explicar. – Alfonso deu de ombros. Então Paul se afastou da porta e avisou: – Vou deixar vocês conversarem. Estarei pela redondeza.
Alfonso ainda esperou algum tempo para girar a maçaneta. Sentia-se estranhamente angustiado. Não era a decepção pela mentira dela, tampouco a raiva que sentira no dia anterior, que o atormentavam agora. Era só angustia. Ele sabia que algo aconteceria ali. E que não seria bom.
Anahí: Oi, Poncho. – Indecifráveis, suas palavras foram lançadas.
Anahí estava sentada na beirada no sofá, vestia apenas um moletom de Paul, os cabelos ainda estavam molhados e tinha um copo de água nas mãos. Não virara o rosto para encará-lo, mas sabia que era ele quem entrara.
Houve um longo silêncio antes que ele dissesse alguma coisa.
Alfonso: O que está fazendo aqui? – Perguntou, a voz baixa – Eu disse para o Andrew te manter na casa dele...
Anahí: As coisas saíram do controle. – Respondeu, ainda sem fita-lo.
Alfonso: Explique. – Pediu, enquanto caminhava até a janela. Através do vidro que ocupava quase toda a parede, ele observou os carros que se arrastavam pelas ruas de Manhattan, o trânsito tão caótico quanto seus pensamentos. Sem que percebesse, Anahí já estava parada ao seu lado. Ambos virados para a rua, os olhos perdidos no movimento, talvez, sem coragem o suficiente para fitar-se mutuamente.
Anahí: Rodrigo nos encontrou.
Foi quando Alfonso assimilou aquelas palavras que seu corpo virou bruscamente, os olhos verdes vidrados em Anahí que ainda não o encarava.
Anahí: E eu o matei. – Completou. Simples. Jogando a bomba de uma vez só.
"Call all your friends
Chame todos os seus amigos
And tell them you're never coming back
E diga a eles que você nunca mais vai voltar"
O baque da notícia o calou por alguns segundos. Poucos segundos.
Alfonso: Você está me dizendo que matou aquele cara, Anahí?
Anahí: Isso. – Assentiu. Embora não o olhasse, ela podia perceber o olhar que ele punha sobre ela. Era severo, mas pouco surpreso. E aí a necessidade de encará-lo foi maior. – Me vi sem escolha. – Disse.
Alfonso: Legítima defesa?
Anahí: Não. – Ela abaixou os olhos por um segundo, para depois voltar a focar as íris esverdeadas – Foi quase premeditado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...