Capítulo 143

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Ela não estava nervosa enquanto o esperava. Ele, ao contrário, sentia seus músculos tensos.

Alfonso tratou de respirar fundo diversas vezes antes de tocar o interfone, e, assim que sua entrada foi liberada, atravessou o pequeno saguão feito um furacão e tomou o elevador até o 9º andar. Na frente do 903, Paul o esperava.

Paul: Ela está lá dentro. Sinceramente, não sei o que ela pretende, mas, embora não pareça, ela está terrivelmente abalada.

Alfonso: Como foi que a encontrou? – Perguntou. A voz soando mais grave do que o normal.

Paul: Prefiro que ela explique para você as circunstâncias. Espero que a deixe explicar. – Alfonso deu de ombros. Então Paul se afastou da porta e avisou: – Vou deixar vocês conversarem. Estarei pela redondeza.

Alfonso ainda esperou algum tempo para girar a maçaneta. Sentia-se estranhamente angustiado. Não era a decepção pela mentira dela, tampouco a raiva que sentira no dia anterior, que o atormentavam agora. Era só angustia. Ele sabia que algo aconteceria ali. E que não seria bom.

Anahí: Oi, Poncho. – Indecifráveis, suas palavras foram lançadas.

Anahí estava sentada na beirada no sofá, vestia apenas um moletom de Paul, os cabelos ainda estavam molhados e tinha um copo de água nas mãos. Não virara o rosto para encará-lo, mas sabia que era ele quem entrara. 

Houve um longo silêncio antes que ele dissesse alguma coisa.

Alfonso: O que está fazendo aqui? – Perguntou, a voz baixa – Eu disse para o Andrew te manter na casa dele...

Anahí: As coisas saíram do controle. – Respondeu, ainda sem fita-lo. 

Alfonso: Explique. – Pediu, enquanto caminhava até a janela. Através do vidro que ocupava quase toda a parede, ele observou os carros que se arrastavam pelas ruas de Manhattan, o trânsito tão caótico quanto seus pensamentos. Sem que percebesse, Anahí já estava parada ao seu lado. Ambos virados para a rua, os olhos perdidos no movimento, talvez, sem coragem o suficiente para fitar-se mutuamente. 

Anahí: Rodrigo nos encontrou.

Foi quando Alfonso assimilou aquelas palavras que seu corpo virou bruscamente, os olhos verdes vidrados em Anahí que ainda não o encarava.

Anahí: E eu o matei. – Completou. Simples. Jogando a bomba de uma vez só. 


"Call all your friends

Chame todos os seus amigos

And tell them you're never coming back

E diga a eles que você nunca mais vai voltar"


O baque da notícia o calou por alguns segundos. Poucos segundos.

Alfonso: Você está me dizendo que matou aquele cara, Anahí?

Anahí: Isso. – Assentiu. Embora não o olhasse, ela podia perceber o olhar que ele punha sobre ela. Era severo, mas pouco surpreso. E aí a necessidade de encará-lo foi maior. – Me vi sem escolha. – Disse.

Alfonso: Legítima defesa?

Anahí: Não. – Ela abaixou os olhos por um segundo, para depois voltar a focar as íris esverdeadas – Foi quase premeditado.

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