Capítulo 146

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Anahí olhou para o relógio, Christopher estava atrasado. Talvez não devesse ter arriscado tanto. Ele poderia nem sequer querer ouvi-la antes de colocá-la atrás das grades. Mas, ora, ela precisava de um aliado e, naquele momento, não pensava em ninguém melhor do que ele. 

– Anahí Giovanna Puente Portilla. Que surpresa!

Ela deixou de encarar a parede suja e áspera e virou-se para o imenso portão de alumínio. Semi-aberto, ele deixava passar por si apenas um resquício da luz do sol que havia lá fora. 

Anahí: Pensei que não viria. 

Christopher riu, fechando o portão atrás de si. O barulho ecoou pelo galpão vazio. 

Christopher: Lugar um tanto sombrio. – Comentou, andando na direção dela – Confesso que fiquei surpreso quando recebi a sua mensagem. Estou curioso com o que tem a dizer.

Anahí: Veio sozinho?

Christopher: Ora, ora, minha cara, isso é um mistério. 

Anahí: Tem medo do que eu possa fazer com você? – Indagou, a petulância e a raiva falando mais alto. 

Christopher: Me fez vir até aqui para me ameaçar? – Ele deu um passo à frente, encarando-a – Eu não tenho um pingo de medo de você.

Anahí: Ótimo! Porque eu também não tenho medo de você. – Respondeu, sustentando o olhar dele – Então acho que agora podemos conversar. 

Christopher: Sou todo ouvidos. – Disse, colocando as mãos nos bolsos. 

Anahí: Quero fazer um acordo.

Christopher: Se pensa que por algum motivo, seja ele qual for, eu vou deixar que você saia desse lugar como uma cidadã livre, você está muitíssimo enganada. 

Anahí: A conversa não irá pra frente se você tentar adivinhar cada frase que eu vou dizer. Sendo honesta, Uckermann, você é péssimo em adivinhações. 

Christopher: Qual é a proposta?

Anahí: Certo. Quero que me ajude a pegar o Pedro. 

Uckermann arqueou uma das sobrancelhas, interessado. 

Christopher: Mudou de ideia e quer se unir a mim para entregar o papaizinho? – Indagou – Se eu me lembro bem, foi para proteger ele que você sofreu tanto na cadeia, não foi?

Anahí respirou fundou. O cinismo dele a enojava. Ele por inteiro a enojava. Mas, se quisesse conseguir algo com Christopher, precisaria manter o controle.

Anahí: Não, Uckermann, não foi para proteger o Pedro. Você não sabe nada sobre mim, e, como eu disse, você é péssimo em adivinhações. – Ele riu, meneando a cabeça.

Christopher: Eu posso ver nos seus olhos o tamanho da raiva que sente por mim, Portilla. Por que me procurou? Por que eu? Não o Alfonso ou o Ian...

Anahí: Porque eu posso ver nos seus olhos o tamanho da culpa que sente. A culpa por ter matado o filho de um dos seus melhores amigos. – E foi a vez dela arquear a sobrancelha – Eu acho que você me deve uma. – Disse, esboçando um sorriso – E, além disso, eles não topariam. O que eu vou propor envolve riscos, e nenhum dos dois iria querer colocar a minha vida em risco pelo Pedro. Você, ao contrário, não se importaria. Acho até que gostaria. – Completou.

Christopher: Não sou tão sem escrúpulos quanto pensa.

Anahí: Talvez. Mas seu ego sempre fala mais alto. Você quer ser o cara que vai pegar o maior criminoso dessa cidade, o cara que nunca deixa rastros... Não quer?

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