Capítulo 21

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Alfonso: Eu nunca trouxe mulher alguma aqui... – Ele comentou depois de alguns minutos de silêncio, as mãos acariciando levemente as costas desnudas dela. – Tudo foi muito complicado depois da minha separação... – Anahí o ouvia com o rosto repousado no peito dele, sem coragem o suficiente para levantar os olhos e encará-lo. Alfonso não deveria estar fazendo isso. Não deveria confiar nela, ela não era digna disso. – Complicado confiar nas mulheres depois de toda aquela merda.

Anahí: E o que te faz pensar que pode confiar em mim? – Ela perguntou baixo, com um pingo de tristeza na voz. 

Alfonso: Quem disse que eu confio? – Indagou brincalhão. 

Anahí: Sei lá... Você me trouxe aqui.

Alfonso: Olha só... – Ele mexeu o tronco, fazendo com que Anahí levantasse o rosto para fitá-lo – Eu me sinto bem com você. Bem como há tempos eu não sentia. E quando eu olho pra você... – Ela esperou, desviando os olhos dos dele – Eu vejo uma pessoa que, por trás de toda essa pose, é extremamente frágil.

Anahí: Eu não sou frágil, Alfonso. – Rebateu. Anahí jamais permitiria que alguém a visse como uma pessoa frágil. Ela não era frágil, nunca fora. Ou talvez ela tivesse criado tantas máscaras e barreiras que, simplesmente, não podia suportar que alguém conseguisse ver através delas. E Alfonso parecia ver. Ele parecia enxergar a garota que ainda tinha medos, que tinha dúvidas, que precisava ser cuidada.

Alfonso: Não encare isso como uma ofensa, Giovanna. Pode ser que você não seja... É só o que eu sinto. 

Anahí: Desculpa, Poncho, eu não quis ser grossa nem nada. É que eu nunca fui o tipo de garota frágil e indefesa. E acho que é justamente por isso que você gosta de mim... Não é? – Ela se estreitou a ele, dando um beijinho em seu queixo. Aquela conversa estava tomando um rumo pessoal demais, e ela não podia deixar as coisas partirem para esse lado. É por isso que Anahí passara a repetir, minuto a minuto, o que deveria fazer. Ser Giovanna, ganhar a confiança dele, pegar a pasta e dar o fora. A confiança ela parecia ter conseguido, mas o problema é que quanto mais ela se envolvia com ele, mais difícil era ser Giovanna. 

No começo daquela noite, ela pensou que podia se divertir com ele, como fazia com tantos outros. Mas ao deixar o teatro de lado ela acabou não apenas se divertindo, ela acabou se apaix... Não. Definitivamente não. Ela não estava apaixonada. Nunca estivera, ela nem sequer era capaz de se apaixonar por alguém. Deus, aquilo era ridículo. Ela não podia estar... 

Alfonso: E quem disse que eu gosto de você? – Ele perguntou divertido, tirando-a do transe.

Anahí: Como é que é? 

Alfonso: Você disse que era justamente por causa dessa sua personalidade que eu gosto de você.

Anahí: E você está querendo dizer que não gosta, Herrera? – Ela arqueou a sobrancelha, entrando na brincadeira. 

Alfonso: Eu ter te trazido aqui já não responde a sua pergunta? – Ele esperava que ela risse e colasse os lábios aos dele outra vez, mas ela não o fez. Ela abaixou os olhos e, talvez para disfarçar aquela melancolia estranha que se apossara dela, afundou o rosto no pescoço dele. Em silêncio. Alfonso tampouco insistiu em dizer algo. Era melhor que o assunto morresse. Ele nem sabia porque tinha começado com aquilo. Não era o tipo de homem que falava de sentimentos, não depois de Dulce, pelo menos.

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