Capítulo 68

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No fim, Alfonso não conseguira manter-se imune àquela cena. À Anahí.
A passos lentos, ele se aproximou, temendo seus próprios sentimentos, burlando o seu ódio. Independente da raiva, da mágoa e do orgulho, ela era, afinal, a mulher que ele amava. E ele sabia disso, embora preferisse morrer a assumi-lo.

Não demorou muito e ele estava parado ao lado dela, Anahí não conseguia encará-lo, seus olhos se negavam a manter-se abertos.

Ela tremia, encolhida, quando sentiu a mão dele tocar seu rosto.

Alfonso: Está com febre. – Sibilou. E ele ia se afastar quando, unindo um último resquício de força, ela segurou sua mão. – Eu vou trazer um remédio, um pouco d'água e um pano. Precisamos abaixar essa febre, Anahí. – Com um fraco gesto de cabeça, ela negou, mantendo a mão dele firme entre a sua.

Alfonso não teve coragem de dizer nada, tampouco tentou soltar-se dela. Quieto, ele sentou na beirada da cama, de costas para Anahí, ouvindo sua respiração pesada. Respiração essa que lentamente foi se acalmando. Ele olhava fixamente para a mão enlaçada à sua, até sentir que, aos poucos, a pressão dos dedos de Anahí diminuía, até tornar-se nula.

Alfonso: Anahí? – Chamou. O vinco em sua testa aumentou quando não teve qualquer resposta, nem sequer um aperto em sua mão. – Hey. – Chamou outra vez, virando-se para ela.

Os olhos dela seguiam fechados, e ele percebeu que o peito de Anahí já não se movia conforme respirava. Não havia um único movimento ou sinal de vida ali.

Alfonso: Any? – Dessa vez a voz saiu falha, baixa e embargada. – Hey, hey, hey, não. Anahí, não. Por favor, não.

Não importava o que ela tivesse feito, o tanto que tivesse mentido ou oquanto o havia machucado, ao ver-se ali, diante dela, com aquela maldita sensação de perda, Alfonso entrou em desespero.

Alfonso: Merda! – Grunhiu, com uma lágrima teimando em rolar de seu olho. Tocando os dedos trêmulos no pulso dela, ele notou que o coração de Anahí não batia. – Merda, Anahí! – Gritou.

E a partir daí ele só agiu. Com pressa, ele a colocou deitada no chão. Apoiando as pernas dela na cama, Alfonso cerrou os punhos e golpeou o peito dela, na altura do coração. Uma, duas, três vezes.

Checou mais uma vez a pulsação. Era nula. Nem o pulso, nem as artérias do pescoço denunciavam qualquer vestígio de vida. Ela também não respirava.

Uma lágrima rolou de seus olhos antes que ele apoiasse a palma da mão no tórax de Anahí, comprimindo-o, tentando reanimá-la.

Alfonso: Droga, Anahí! – Bradou, quando na quinta compressão não teve qualquer resposta

Mas Alfonso não parou. Inclinando o queixo de Anahí, ele tapou o nariz dela, encheu os pulmões de ar e posicionou sua boca contra a dela, aberta, soprando-a com força. Depois comprimiu seu tórax outras cinco vezes, e voltou a fazer a respiração boca a boca.

Nada.

Alfonso: Por favor, Any. Por favor, não faz isso. Acorda. –Rogou, voltando com a massagem cardíaca. E foi aí que ouviu um baixo suspiro vindo dela. – Por Deus! – Murmurou, aliviado, observando o leve ir e vir do tórax de Anahí. Conferindo sua pulsação, vira que o coração voltara a bater. E então mais lágrimas vieram, misturadas a um meio sorriso. – Você não pode morrer. –Sussurrou a si mesmo, pouco entendendo o sentido de suas palavras. E tomando-a em seus braços, ele saiu daquela cela.

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