Capítulo 56

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"Estaria mentindo se dissesse que estava triste. Tampouco estava feliz. Simplesmente não era capaz de sentir." – Anahí


Talvez Anahí tivesse ficado tão destroçada que bloqueara outra vez seus sentimentos. Exatamente como fizera após a morte de seus pais.

Depois da noite do incêndio que matara Enrique e Marichelo, Anahí acordara no hospital. Quando ficou sabendo que seus pais não haviam sobrevivido, não foi capaz de derramar sequer uma lágrima. Ela só chorara meses depois, e apenas uma vez. E ano após ano todo aquele bloqueio emocional aumentava. Justamente por isso ela era tão boa naquilo que fazia. Para Anahí era fácil mentir, usar e jogar com pessoas e sentimentos porque ela mesma não tinha sentimento algum.

Hoje ela conseguia enxergar que todos os sentimentos sempre estiveram dentro dela, mas que o medo excessivo que tinha da dor a fazia ocultá-los a ponto de deixá-los escondidos até mesmo de si mesma. Fora Alfonso quem aparecera para derrubar todas as barreiras, revelando o seu lado mais sensível e, consequentemente, o mais vulnerável às dores e frustrações.

Diferente de quando ela era criança, agora ela tinha consciência do que estava fazendo. Ela sabia que a apatia que a assolara, enquanto caminhava para o hospital onde Poncho estava, era nada mais que um tipo de autodefesa.

– Any? O que faz aqui?

Anahí: Paul! – Com um fraco sorriso, Anahí o cumprimentou – Como ele está?

Paul: Foi para o quarto agora. Está fora de perigo.

Anahí: Quem está com ele?

Paul: A irmã e um amigo, provavelmente da delegacia.

Anahí: Ian ou Christopher. – Deduziu – E eles não perguntaram quem era você?

Paul: Sou discreto. Nem perceberam a minha presença. Mas e você? O que faz aqui?

Anahí: Eu... – Ela parou. – Nada. Vamos? – Paul não entendeu, mas ainda assim ofereceu-lhe o braço e foi embora com ela.

Anahí vacilara. No fim, quem a impediu de vê-lo fora o seu próprio medo. O medo do sofrimento, o medo do sentimento. Ver Alfonso a destruiria, e ela não era forte o suficiente para suportar aquilo.

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