Capítulo 99

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Passava da uma quando Alfonso, num rompante, acordou. Ele estreitou os olhos, impulsionando o corpo para frente. O quarto, iluminado apenas pela luz da lua que atravessava as cortinas de organza, não deixava que ele visse com clareza. Mas uma coisa era certa, ouvira a voz torturada de Anahí rogando 'Por favor, não.'

Alfonso: Anahí? – Chamou, colocando-se de pé. Ao se aproximar da cama, ouviu mais uma vez.

Anahí: Por favor.

Ele se abaixou ao lado dela, Anahí estava de olhos fechados, apertados, e chorava. 

Alfonso: Anahí? – Chamou outra vez, tocando-lhe o ombro. Ela começou a soluçar, o choro se intensificou e de repente suas pálpebras se abriram. Estava assustada. – Hey, hey, está tudo bem. 

Anahí: Mas que droga. – Praguejou, a respiração acelerada. 

Alfonso: O que aconteceu? – Tocou o rosto dela, tentando secar as lágrimas que escorriam por suas bochechas. 

Anahí: Um sonho. Uma droga de um sonho! 

Alfonso: Com o que sonhava?

Anahí: Meus pais. 

Alfonso: Quer falar sobre isso? – Perguntou, sentando-se ao lado dela.

Anahí: Fazia tanto tempo que eu não sonhava com eles. Ofogo. Aquela droga de incêndio. Tudo parecia tão real. 

Alfonso: Já passou, Anahí. – Afagou-lhe o ombro – Você precisase acalmar. – Disse, sentindo-a tremer. 

Anahí: Eu tenho sentido falta deles, Poncho. E isso é tão...Estranho. 

Ele não sabia ao certo o que dizer. Deveriaconsolá-la, talvez?

Alfonso: Bom, Anahí, é natural que sinta falta deles.

Anahí: Não é natural pra mim.

Alfonso: O que quer dizer com isso? – Ele se ajeitou na cama, recostando-sena cabeceira.

Anahí: Quero dizer que eu nunca me permiti sentir essascoisas. 

Alfonso: O que certamente fez muito mal pra você. – Elaassentiu, calada, esfregando os olhos com a mão direita. E então um longosilêncio se instaurou. 

Incerto, ele tocou o rosto dela, para depoisafagar-lhe os cabelos. E, pouco a pouco, ela se acalmou, deixando de chorar. 

Minutos se passaram até que Alfonso voltasse afalar.

Alfonso: Sabe, Anahí, chorar às vezes faz bem. 

Anahí: Ultimamente tenho chorado mais do que deveria. O quetambém é estranho pra mim.

Alfonso: Talvez, de uns tempos pra cá, as coisas não estejamtão fáceis.

Anahí: As coisas nunca foram fáceis, Alfonso. A diferença éque antes eu sabia como lidar com elas.

Alfonso: Ninguém é obrigado a saber lidar com tudo, não é? –Disse, e sua voz era tão doce que ela sentiu seu coração acelerar fracamente. 

Anahí: É, realmente. – Concordou, e mais uma vez veio osilêncio. 

Alfonso ficou ali, acariciando os cabelos delaaté pensar que tivesse dormido. Com cuidado, ele se levantou, mas antes quepudesse se afastar da cama, a mão dela agarrou seu pulso. 

Anahí: Não vá. – Pediu – Fique aqui comigo. – Ele pensou emnegar, mas algo dentro dele falou mais alto. Quieto, ele puxou as cobertas edeitou ao lado dela. – Obrigada. – Murmurou, pousando a mão direita sobre obraço dele.

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