Capítulo 86

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Anahí: E então, qual é o plano? – Perguntou quando o silêncio que se formara tornou-se opressor demais.

Alfonso: Arrumei uma casa pequena, na extremidade de Framingham. Você vai ficar lá até que esteja completamente recuperada. Você ainda precisa de cuidados, sua costela, seu pulso... Depois disso estará livre.

Anahí: Livre?

Alfonso: É, Anahí, livre. Livre para partir. Para voltar à sua vida. – E ela não decifrou o leve tremor na voz dele. 

Anahí: Alfonso, eu estou respondendo por mais de um crime, vai me deixar ir embora assim?

Se em algum momento ele pensou em não deixá-la partir, os motivos nada tinham a ver com a quantidade de crimes que ela cometera. Se ele pedisse para que ela ficasse, seria apenas pela presença, pelo amor que ainda estava ali. Mas vejam, o estrago que aquela relação causara nele era forte o suficiente para que ele não pedisse, pelo menos não agora. 

Alfonso: Sim. Recuperada você vai poder ir atrás do seu pai. Suma, não se envolva em confusões, não dê motivos para ser presa outra vez.

Anahí: E eu vou passar o resto da vida fugindo, é isso?

Alfonso: Olha, Anahí, o que você vai fazer depois não me diz respeito. O que eu quero é que você consiga se recuperar em paz, o que não aconteceria na cadeia. Me sinto responsável por tudo o que aconteceu com você e com o nosso filho, tenho um dever contigo.

Anahí: Então é disso que se trata? De um dever? – Se havia qualquer tipo de esperança dentro dela, ela acabara ali – Você não tem dever nenhum comigo, Alfonso. Eu já estou bem, se é isso o que te preocupa. 

Alfonso: Anahí, por favor, eu não quero discutir com você. Me deixe te ajudar sem questionar, okay? – Abaixando os olhos, ela assentiu, e ele não pôde deixar de notar a melancolia daquela expressão. 

Ele perguntaria o porquê, se um homem de estatura média, cabelos e olhos castanhos, não tivesse dado duas batidinhas no vidro do carro.

Alfonso: Hey. – Anahí viu Alfonso descer do carro e cumprimentar o outro – Agora é com você. – Disse. O outro assentiu e entrou no Fiesta preto, ocupando o banco do motorista.

Anahí: O que está acontecendo? – Perguntou enquanto Poncho abria a porta para falar com ela.

Alfonso: Ele vai te levar até Framingham. Eu preciso voltar para Manhattan. Combinei com Maite, ela será o meu álibi. Ninguém pode desconfiar que fui em quem te tirou do hospital. – Quieta, ela assentiu – Se tudo der certo, amanhã eu volto para vê-la. 

Anahí: Está bem.

Alfonso: Não faça nenhuma besteira. – Advertiu mais uma vez. O medo dele era que ela resolvesse fugir. Mesmo com todas as barreiras que ele criara, bem lá no fundo ele sabia que ainda existia aquela necessidade de estar perto dela. Não era instinto protetor, pena ou culpa. E, quem sabe, depois que ela estivesse recuperada, ele arrumasse novas desculpas para mantê-la ali, junto dele. Porque era ali, afinal, o lugar dela.  

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