Capítulo 14

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Alfonso fez o chá, preparou a compressa, mas quando voltou ao quarto a encontrou dormindo. Ele sorriu, puxando o cobertor para cobri-la. Pegou suas coisas e foi se instalar no quarto de hospedes, um cômodo um pouco menor e mais abafado.
Mas assim que o relógio anunciou três horas, Anahí levantou, na verdade, não dormira sequer um segundo.
Com passos leves, feito uma gata, ela andou por todo o apartamento de Alfonso. Conhecendo, procurando...
Nenhuma gaveta passou em branco aos seus olhos, e nenhum objeto terminara fora do seu devido lugar. Ela era cautelosa, e não deixaria qualquer vestígio.

Anahí: Ele é inteligente. – Disse a si mesma. Anahí estava no escritório de Herrera. Depois de olhar algumas gavetas, se deparara com um cofre. Debaixo da mesa, sob o assoalho. O único lugar em que ainda não procurara, a pasta só podia estar ali dentro. – Mas eu sou mais. – Completou com um meio sorriso. – Um Gold Safe – Contornou o cofre com as mãos cobertas por luvas – 30 cm, preso ao piso – Observou o painel – Senha de seis dígitos... – Suspirou – Felizmente já lidei com um desses. E infelizmente não poderei arrombá-lo. – Discrição, ela lembrou. E ainda sorrindo ela tirou do bolso algo que parecia um pequeno botão e, com cuidado, o prendeu embaixo da mesa – Angulatura perfeita – Disse satisfeita. O pequeno ponto preto se misturava à mesa escura. Era impossível reparar que estava ali.

A partir do momento em que Anahí ativou àquela minúscula câmera, tudo o que acontecesse ao seu alcance seria gravado. Era perfeito. As imagens eram enviadas ao seu celular e ficavam armazenadas na memória. Agora bastava esperar que Herrera abrisse o cofre e ela teria a senha em suas mãos. 


Anahí: Bom dia. – Acenou da cozinha, enquanto mexia em algo no fogão.

Alfonso: Bom dia. – Respondeu um tanto confuso, ainda sonolento. – Que horas são?

Anahí: Nove horas. Eu pensei que preparar um café da manhã pra você seria uma boa maneira de dizer obrigado. – Ele a observou em silêncio. Era estranho ter uma mulher ali, principalmente na sua cozinha àquela hora da manhã – Desculpe se foi meio invasivo, eu só...

Alfonso: Tudo bem. – Interrompeu – É uma boa maneira de dizer obrigado. 

Anahí: Ovos mexidos. Gosta? – Alfonso sentou-se, apoiando os braços na bancada e a observou servir o prato que estava à sua frente. 

Alfonso: Gosto. E o cheiro está maravilhoso. Dormiu bem? – Ela assentiu.

Anahí: Acho que estava tão cansada que apaguei. Me desculpe passar a noite aqui, dessa maneira...

Alfonso: Desculpo com uma condição. – Ela esperou – Que você pare de se desculpar tanto. – Anahí riu, sentando no banco ao lado dele. 

Anahí: Bon appétit

Se na noite anterior eles conversaram e riram por horas, naquela manhã os dois estavam calados. Na realidade, Alfonso estava calado, e Anahí preferiu não forçar qualquer tipo de diálogo. O motivo de todo aquele silêncio era bem simples: a presença dela ali. Há cinco anos mulher alguma, exceto Maite, punha os pés ali, nem mesmo suas colegas de trabalho haviam ido até a sua casa. E Anahí, a garota que ele conhecia há apenas alguns dias, estava lá, sentada, tomando café da manhã com ele. Era algo pessoal demais, e o pior é que ele se sentia estranhamente bem ali com ela. Mas ora, ele também se sentia bem com Dulce, e veja só o que aconteceu...

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