Capítulo 49

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Alfonso: Acho que eu merecia essas férias. – Sentados à sombra de uma árvore, logo em frente ao riacho, Anahí e Alfonso conversavam. 

Anahí: O problema do mundo é que ele corre rápido demais. E então os anos passam e você não se dá conta de que não fez nem metade do que queria. – Disse, as costas repousadas no peitoral dele.

Alfonso: Você já fez pelo menos metade do que queria? – Perguntou enquanto brincava com os cabelos dela.

Anahí: Com certeza, não. Quer dizer, eu pensei que já tivesse feito tudo o que queria na vida, mas aí você veio e bagunçou tudo.

Alfonso: Ah, eu baguncei tudo, é? – Ela assentiu, abrindo um largo sorriso.

Anahí: Nunca gostei das coisas arrumadas demais. – Deu de ombros, divertida.

Alfonso: Então não se importaria se eu bagunçasse mais um pouco, não é?

Anahí: Não mesmo. – Virou-se para encará-lo – E você? Já fez pelo menos metade do que queria.

Alfonso: Não estou nem perto disso. Sabe, Gio... – Meneou a cabeça – Any. – Corrigiu-se – Vou demorar a me acostumar com isso. Mas enfim, tem tanta coisa que eu ainda quero da vida.

Anahí: Tipo?

Alfonso: Bom, eu ainda pretendo viajar muito, conhecer vários lugares e pessoas...

Anahí: Conhecer várias pessoas, Herrera? – Anahí arqueou a sobrancelha – Bom saber. – Brincou, torcendo os lábios.

Alfonso: A pessoa eu já conheci – Disse de pronto, tomando o rosto dela entre as mãos – E não pretendo colocar nenhuma outra no lugar dela. E caso você queira saber, eu espero ter um futuro muito longo com ela. – Concluiu, e então a beijou. 

O resultado é que eles não chegaram a tempo para o almoço. Quando voltaram à casa dos pais de Herrera, já passava das três.

Alfonso: Parece que não tem ninguém em casa. – Disse assim que entraram na cozinha.

Anahí: Bom, eu vou subir e tomar um banho. E o que você acha de, enquanto isso, você preparar algo para comermos? – Sugeriu.

Alfonso: Por um momento eu pensei que você iria sugerir que eu subisse com você. – Resmungou.

Anahí: Okay, me deixe reformular. – Sorrindo, ela continuou – Poncho, eu vou subir para tomar um banho, que tal você vir comigo e depois nós preparamos algo para comer? – Com os braços jogados ao redor do pescoço dele, Anahí brincava com os cachinhos de Alfonso. 

– Poncho? Ah meu Deus! – A voz aguda e extremamente animada ecoou pela sala. As mãos de Alfonso se afrouxaram ao redor da cintura de Anahí, em compensação, as dela se apertaram a ele. Possessividade, talvez. 

Alfonso: Não acredito! Você por aqui! – E ela teve de soltá-lo quando, dando alguns passos, Alfonso caminhou na direção da morena de olhos azuis, parada ao lado da porta. Any girou o corpo, e viu quando ele a abraçou. Se Poncho estava sorrindo, Anahí estava bem séria, quase ultrajada.

– Nossa! Senti saudades! Mal acreditei quando sua mãe me disse que você estava aqui. – Dizia, ainda agarrada a ele.

Alfonso: Sou eu quem não acredito. Você não estava em Madrid?

– Estava. Mas já faz quase dois anos que voltei.

Alfonso: Nossa, Megan, você mudou tanto. – E agora ele encerrara o abraço, mas suas mãos seguravam as dela. E Anahí sentia aquele ciúme crescente passeando dentre suas veias, quase implorando para que dissesse algo como "Olá, muito prazer, eu sou Anahí, a namorada dele". Mas ora, ela não era. Tampouco seria. E tudo isso anulava o direito dela de se manifestar.

Megan: Escureci o cabelo. – Brincou sorridente – Já você não mudou nada, Ponchito. Quer dizer, está com mais cara de homem... – Anahí, a alguns passos dos dois, arqueou a sobrancelha, agora sim ultrajada. Quer dizer, ela já havia vivido o suficiente para perceber a sagacidade na voz da outra. Se naquele momento Alfonso não a tivesse colocado na conversa, Anahí o faria por si própria.

Alfonso: Meg, essa é Anahí. – Com um sorriso escancarado, Any se aproximou dos dois, cumprimentando-a.

Anahí: Oi, querida! Como vai? – Como a ótima atriz que era, Anahí estendeu a mão e puxou Megan para um abraço.

Megan: Olá. – Respondeu com falsa simpatia. Bem se via que o foco de sua atenção era, restritamente, Alfonso.

Alfonso: Megan é uma amiga de longa data. – Explicou – Nos conhecemos desde sempre.

Anahí: Que maravilha! É ótimo reencontrar as velhas amizades. A nostalgia de um tempo que não volta... – Comentou e, ao contrário de Meg, Anahí sabia muito bem disfarçar suas emoções. Calma, amável e despreocupada. 

Megan: Com certeza. Temos tanto o que conversar. – Continuou, virando-se para Alfonso. – O que acha de jantarmos juntos hoje? – Por um segundo Anahí deixou que seus olhos transbordassem a imensa vontade que sentia de voar no pescoço daquela mulher. E Alfonso obviamente percebeu. De qualquer forma, ele não iria. Seus planos para aquela noite eram bem distintos.

Alfonso: Sinto muito, não vai dar. Vou sair com a Any. Chegamos faz pouco tempo e quero que ela conheça a cidade. – O sorriso no rosto de Anahí foi discreto, mas nem por isso menos vitorioso.

Megan: Marcamos para um outro dia então. – Disse nitidamente frustrada – Bom, sua mãe tinha me pedido para dar uma olhada na casa enquanto você não chegasse. Teve medo de trancar tudo e deixar você para fora. Mas acho que agora já posso ir. – Com um beijo no rosto de Alfonso, ela se despediu – Quando tiver um tempinho passe lá em casa. Meu endereço continua o mesmo.

Anahí: Oh sim, nós passaremos. – Interpôs. A meiguice na voz escondia a vontade de matar a outra. Se ela soubesse o quanto Anahí podia ser perigosa, não se arriscaria tanto.

Diante daquelas palavras, Alfonso não pôde fazer nada a não ser abrir um sorriso amarelo e concordar. Ele sabia que por traz de tanta gentileza, Any estava tinindo de raiva. Eles estavam conectados o suficiente para que ele soubesse decifrar aqueles olhos.


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