Capítulo 22

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Anahí acordou no meio da noite, olhou o teto por instantes, sentindo as mãos de Alfonso descansarem ao redor do seu corpo. Com cuidado, ela se levantou. Depois de um tempo parada ao lado da cama, certificando-se de que ele estava dormindo, ela foi para o escritório.
Foi rápido digitar a senha, abrir o cofre e enfiar todos os papéis que estavam na pasta dentro da bolsa. Além dos papéis havia também uma pequena fita. Ela pegou tudo, substituindo o conteúdo da pasta por alguns papéis em branco, para fazer volume. Assim, quem sabe, Alfonso demorasse mais tempo até perceber o que havia acontecido. Ele certamente saberia que fora ela, e a odiaria. Mas quando isso acontecesse, Pedro já teria apagado seus rastros, Anahí já estaria longe, e não haveria como provar nada.
Ela tirou a minúscula câmera que instalara, fechou o cofre e, em vez de ir embora, resolveu ficar até o amanhecer. O trabalho já estava feito, não haveria mal algum em ficar para olhar naqueles olhos uma última vez.

Alfonso: Giovanna? – Ele a chamou, assim que acordou e não a viu do seu lado.

Anahí: Aqui. – A voz doce ecoou pelo quarto. Alfonso levantou, vendo-a parada ao lado da porta. – Trouxe para você. – Ela sorriu, aproximando-se da cama com uma bandeja preparada com um belo café da manhã.

Alfonso: Nossa. – Os lábios dele se separaram. Aquela cena era tão incomum.

Anahí: Espero que você goste. – Ela se sentou ao lado dele, largando a bandeja sobre a cama. Alfonso entortou a boca, esboçando um sorriso. Talvez estivesse um tanto desconfortável. Uma garota em sua casa, trazendo-lhe café na cama... Era um tipo de intimidade que ele não tinha há muito tempo com ninguém. – Eu sei que você tem que trabalhar, mas ainda é cedo. – Alfonso fitou o relógio, não passava das sete, e ele só entrava no trabalho depois das oito.

Alfonso: Como conseguiu acordar tão cedo?

Anahí: Despertador.

Alfonso: E eu não ouvi?

Anahí: Não. – Ela riu – Acho que estava cansado demais.

Alfonso: Culpa sua. – Brincou.

Anahí: Sim, minha culpa. E para me redimir eu trouxe o seu café, Herrera. – Ela o serviu.

Alfonso: Está tentando me impressionar? – Indagou divertido.

Anahí: Não preciso disso, não é? – Ela sorriu, levando as mãos até o rosto dele. Alfonso a observou, ela o olhava fixamente, parecia querer gravar cada detalhe dele. – Você é um homem bom, Alfonso. – Ele esperou, sem entender – Não deixe que mulher alguma faça você pensar o contrário.

Alfonso: Por que está me dizendo isso?

Anahí: Porque quando eu olho pra você – Repetia as palavras ditas por ele na noite anterior – Eu vejo uma pessoa que, por trás de toda essa pose, está bastante machucada.

Alfonso: Eu não estou. – Ele negou. Duro. – Bom, eu preciso me apressar se não quiser me atrasar. – Anahí abaixou os olhos, havia tocado num ponto que não deveria. Mas do que importava agora? Ela já não precisava mais dele.

Anahí: Não encare isso como uma ofensa, Alfonso...

Alfonso: Eu já entendi, Giovanna. – Cortou-a – Já entendi que não gostou do que eu falei ontem, não precisa continuar repetindo as minhas palavras. – Exaltou-se.

Anahí: Não é isso. – Ela segurou a mão dele, que já estava de pé. – Eu só... – Tentou – Eu me preocupo com você. – Soltou sincera.

Alfonso: Você não precisa se preocupar comigo. Eu sei me cuidar.

Anahí: Eu sei que sabe. – Anahí ficou um tempo em silêncio – Por que tem tanto medo de falar sobre isso? – Perguntou então, sem pensar.

Alfonso: O que? – Incrédulo.

Anahí: Ontem à noite você comentou da sua separação e agora parece estar completamente na defensiva.

Alfonso: Eu não devia ter comentado. – Respondeu ríspido.

Anahí: Mas comentou. O que mudou de ontem pra hoje para você estar desse jeito?

Alfonso: Gio, eu só acho que esse não é um assunto para ser falado. – Disse, a voz mais amena. Não queria ser rude com ela – Eu não quero colocar as coisas do passado e tudo isso entre a gente. Nós estamos nos conhecendo, eu gosto de estar com você, mas não é por isso que nós vamos conversar sobre a minha vida. Ontem foi um lapso, tá? – Riu, sem vontade – Eu apenas quis que você soubesse que foi a primeira mulher que eu trouxe até aqui depois de tudo, queria que soubesse que, de alguma forma, com você é diferente.– Ela assentiu, quieta. – Eu preciso ir para a delegacia. Tenho uma testemunha para interrogar hoje.

Anahí: Testemunha? – Ela respirou fundo, tentando esquecer todas as palavras que ele dissera, e que mexeram tanto com ela. – Tipo de um crime ou algo assim? – Ele riu.

Alfonso: É um cara que tem informações a respeito de uma pessoa que eu estou investigando.

Anahí: Hm... – Ela queria pegar o quebra-cabeça o mais completo possível, lembram? E se Alfonso teria mais provas que incriminassem Pedro, ela iria atrás delas – E eu posso ir com você?

Alfonso: Não, Gio. Não posso te levar comigo, desculpe.

Anahí: Podemos almoçar juntos então?

Alfonso: Não sei se terei terminado até o almoço. Se esse cara tiver o que eu quero, provavelmente estarei muito perto de colocar as mãos num dos maiores criminosos desse país. – Ela sentiu a garganta trancar.

Anahí: E o que é que você quer?

Alfonso: Você já está perguntando demais. – Ele sorriu, terminando de se vestir.

Anahí: Desculpa. – Ela pigarreou sem jeito. Um ar inocente no rosto.

Alfonso: Podemos ir jantar no Crown.

Anahí: Claro. Às oito?

Alfonso: Às oito.

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