Megan: Bom, Any... – Anahí estreitou os olhos – Vou ajudar você a tomar um banho. Venha, você vai se sentir melhor.
Teatrinho dos infernos. Pensou. Chegava a dar náuseas toda aquela pose de boa moça. Será que ele realmente acreditava nas boas intenções de Megan? Não era possível que ele não percebesse o quão falsa soavam as palavras amigáveis dela. Aquela Megan que conhecera em Hialeah não tinha nada de compassiva e solidária.
Anahí: Não precisa. – Contestou – A dor já passou e eu não estou inválida, posso fazer isso sozinha.
Alfonso: Não seja teimosa.
Anahí: Não é teimosia, Alfonso, mas eu não...
Alfonso: Não adianta argumentar, Any.
Megan: Vamos, eu te ajudo a levantar. – Insistiu. E, diga-se de passagem, aquela insistência tinha dois motivos: 1- Ela sabia que se ela não o fizesse, Alfonso o faria, e aquilo estava muito longe de ser algo que quisesse. 2- Quanto maior o repouso, mais rápido Anahí se recuperaria e mais rápido iria embora, e, por Deus, isso era umas das coisas que ela mais desejava naquele momento.
Anahí: Poncho, não... – Rogou, meneando a cabeça. Era, no mínimo, humilhante depender de Megan para um mísero banho. – Eu já fiz isso sozinha nos outros dias.
Megan: É diferente. Você estava melhor do que está agora. – Alfonso concordou com a cabeça. Anahí poderia argumentar o que fosse, mas no final teria de ceder. Então que fosse de uma vez.
Depois do banho, Meg a ajudou a voltar para a cama, Alfonso as esperava sentado na poltrona perto da janela do quarto.
Megan: Bom, acho que agora sou eu quem vai tomar um banho. – Disse, se aproximando de onde estava Herrera. – Quer que eu arrume a sua cama antes?
Alfonso: Não. Tudo bem, Meg, pode ir tomar o seu banho.
Megan: Tá legal. – Concordou, para depois, muitíssimo contrariada por deixá-los sozinhos, sair do quarto.
Anahí: Vai dormir no quarto dela?
Alfonso se virou para Anahí, ela vestia uma larga camiseta cinza e a coberta lhe tapava até a cintura, estava deitada de lado, recomendação de Megan, e tinha os cabelos ainda molhados esparramados pelo travesseiro.
Alfonso: Não. Vou ficar aqui, para caso você precise de alguma coisa.
Anahí: Ela não vai gostar da ideia. – Alfonso rolou os olhos, soltando o ar aos poucos.
Alfonso: Não estou dormindo com ela. – Disse, depois de alguns segundos de silêncio. – Não que eu deva satisfações a você. – Complementou.
Anahí: Obrigada por tudo o que está fazendo por mim. – Mudou de assunto.
Alfonso: Fico realmente emocionado com a sua gratidão. – Disse divertido – Até agora parecia me odiar por ter tirado você do hospital.
Anahí: Eu nunca odiaria você. Só estava irritada, preocupada.
Alfonso: Hm... – Alfonso levantou, abriu o guarda-roupa e alguns segundos depois tirou de lá um travesseiro – Vou dormir aqui nessa poltrona. – Comentou – Até que é bem confortável.
Anahí: Você não precisa dormir aí. Tem espaço aqui para nós dois. – Os olhos dela apontaram para a cama de casal em que estava – Não se preocupe, prometo não te atacar enquanto dorme.
Ele riu. O medo dele era exatamente o contrário.
Alfonso: Vou ficar aqui mesmo. – Ele bateu as mãos no encosto almofadado.
Anahí: Vai acordar com uma dor nas costas terrível.
Alfonso: Vou mesmo. – Concordou – Considere então que estou sendo solidário com você. – Respondeu em meio a um riso fraco.
Anahí: Justo.
Acredito que Megan nunca tomou um banho tão rápido em toda a vida. Em menos de dez minutos estava de volta ao quarto, os cabelos molhados e um vestido branco, de um tecido tão fino que era quase transparente.
Megan: Quer tomar um banho também? Pedi que Andy deixasse uma muda de roupa aqui, acho que deve servir em você.
Alfonso: Vou fazer isso.
Megan: Venha comigo. – Disse, agarrando-se ao braço dele – Depois do banho você pode ir deitar, a cama já está arrumada, você pode ficar no meu quarto.
Alfonso: Não precisa, Meg. Vou dormir aqui.
Megan: Aqui?
Anahí que até então a encarava com certo asco, não pôde deixar de abrir um discreto sorriso.
Alfonso: É, Meg, na poltrona. Anahí pode precisar de alguma coisa. – Justificou.
Megan: Poncho, você não precisa fazer isso. Se ela precisar, nos chama. Tem um interfone ao lado da cama.
Alfonso: Mas eu prefiro assim, Meg.
Megan: Eu não sei se é uma boa ideia... – Tentou mais uma vez, e Any tinha certeza de que vira as narinas de Megan inflarem e as veias da sua testa saltarem discretamente. Podia palpar a raiva que a outra sentia naquele instante.
Alfonso: Meg, tudo bem. – Meneou as mãos – Eu acho melhor assim.
Megan: Tá legal. – Sorriu. Um sorriso amarelo, extremamente forçado. E então o puxou para fora do quarto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Let Me Go
FanfictionEra só para ser mais um trabalho. Ela o faria, o deixaria e seguiria a sua vida. Autossuficiente demais, fria demais, sádica demais, Anahí Portilla era incapaz de amar qualquer pessoa que não fosse ela mesma. Acontece que o destino adora pre...