Capítulo 30

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Anahí não voltou para o salão. Ligou para Paul e avisou que o esperaria na frente do conversível vermelho dele.
Agora, ela estava sentada, de lado, no capô do carro, avaliando os estragos que aquela briga lhe fizera.

Anahí: Merda! – Ela grunhiu, levando a mão à boca. Seus dedos tingiram-se de vermelho. – Porcaria.

– Giovanna? – Droga. Só havia uma pessoa ali que a chamava de Giovanna. E essa pessoa não poderia vê-la naquele estado. – Está tudo bem? – A voz estava ficando mais próxima. Os passos na grama também.

Anahí: Está. – Ela respondeu rápido, abaixando o rosto e tentando cobrir, com as mãos, os machucados do braço. Que estivesse escuro o suficiente para que ele não percebesse os ferimentos, pensou.

Alfonso: O que está fazendo aqui, sozinha? – Mais perto. Ela quase podia sentir o perfume dele atrás de si.

Anahí: A pergunta é: o que você faz aqui sozinho?

Alfonso: Como sabe que estou sozinho? – Perguntou.

Anahí: Se não estivesse, não estaria falando comigo. – Ela o ouviu soltar um longo suspiro pesaroso.

Alfonso: Ah, Gio, eu não queria ter te magoado tanto...

Anahí: Não comece com essa história de novo. Quantas vezes eu vou ter que repetir que está tudo bem?

Alfonso: Até que seja verdade. Não queria perder a sua amizade. – Anahí não conteve uma risada irônica, e quando deu por si já havia virado o rosto para Herrera. – O que foi isso? – Ele se adiantou, preocupado. Pois é, não estava tão escuro assim. Anahí imediatamente virou-se. Tarde demais. Alfonso dera a volta no carro e parara, exatamente, na frente dela.

Anahí: Não é nada.

Alfonso: Como não é nada? – Ele estendeu a mão, tocando o queixo dela com cuidado – Quem fez isso com você? – Ela o encarou. Alfonso cerrara o maxilar, tinha a testa franzida e ela podia ver a raiva saltando de seus olhos. – Me fala, Giovanna, quem fez isso com você? – Alterou-se.

Anahí: Foi... Foi só uma briga.

Alfonso: uma briga? – Repetiu – Olhe pra você, Gio! – Alfonso deu um passo, ficando a poucos centímetros dela – Está machucada. – Ele fechou os olhos, como se aquilo doesse mais nele do que nela – Me fala, Gio, quem fez isso? – Meneou a cabeça, encarando-a – Foi o cara que estava com você lá dentro?

Anahí: Não! – Apressou-se – Eu briguei com uma garota. Sabe? Ciúme bobo.

Alfonso: Isso não é verdade. – Ele segurou o rosto dela, acariciando levemente a pele machucada – Confia em mim, anjo. Quem foi? – Anjo? Anahí ficou muda. O coração desconsertado com aquela simples palavra. Anjo? Ninguém nunca a chamara assim. E não era apenas a palavra em si, mas o carinho e a preocupação que ela carregava consigo.

Anahí: Alf... Alfonso, é sério, foi só uma briga idiota. E como eu era a mais fraca... – Ela sorriu – Acho que me dei mal. – Antes que ela terminasse de falar, Alfonso já havia tirado um lenço de seu bolso e limpava, com cuidado, o sangue que insistia em escorrer do lábio inferior dela.

Alfonso: Dói?

Anahí: Por que se preocupa tanto? – Não conteve a pergunta. E no fundo ela esperava por uma única resposta. Deus, era absurdo como a cabeça de Anahí ficava confusa quando ele estava por perto.

Alfonso: Porque... Porque eu... Eu... Eu não sei. – Não sabia ou tinha medo de assumir aquele sentimento que crescia minuto a minuto? – Eu só me preocupo, okay?

Anahí: Okay. – Ela sorriu fraco, dando de ombros – Deve ser porque é o seu trabalho ajudar e se preocupar com as pessoas. – Ele retribuiu com um sorriso ainda mais fraco, e continuou a limpar os ferimentos dela, em silêncio.

O lenço branco, aos poucos, ganhava um tom avermelhado. Em alguns pontos o sangue já estava seco, em outros ainda continuava a escorrer com discrição. Alfonso corria os dedos, cuidando de cada parte do rosto dela, devagar, e ela, apesar do ardor que sentia sobre os machucados, fechara os olhos, recebendo àquelas carícias tão sutis. Ela não estava acostumada a ser tratada daquela forma, e isso só piorava o estado caótico em que se encontrava. Um estado de dúvidas, dúvidas e mais dúvidas.

Alfonso: Eu vou te levar para o hospital. – As mãos dele desceram do rosto para os ombros dela.

Anahí: Não precisa. – Ela abriu os olhos – Paul fará isso assim que chegar.

Alfonso: E onde ele está? Por que te deixou aqui sozinha? – Questionou. Se ele fosse o seu acompanhante, jamais a deixaria sozinha, ainda mais naquele estado, pensou. Mas céus, não fora ele quem a deixara sozinha semanas atrás?

Anahí: Porque está resolvendo algumas coisas. – Respondeu depressa – Alfonso, você não precisa se preocupar, eu...

– Algum problema aqui? – A voz fina, vinda de algum lugar às costas de Herrera, os interrompeu.

As mãos dele, no mesmo instante, se afastaram de Anahí. Seu corpo virou-se para a ruiva parada logo ali, atrás dele.

Dulce: Interrompi alguma coisa? – Perguntou, a irritação nítida na sua entonação.

Alfonso: Não... Essa é Giovanna, uma amiga.

Dulce: Hm... – Assentiu, cínica, olhando Anahí da cabeça aos pés – Já peguei a minha bolsa. Tinha esquecido no banheiro, acredita? Podemos ir. – Dulce se adiantou, enlaçando o braço do marido.

Alfonso: Dul, a Giovanna precisa da minha ajuda – Disse cauteloso – Ela está...

Anahí: Ela está muito bem acompanhada, e o acompanhante dela já está chegando para ajudá-la. Portanto, pode ir embora, Alfonso. – Cortou-o. Anahí não era o tipo de mulher que se sujeitaria à piedade de alguém. Muito menos se esse alguém fosse Alfonso. Um Alfonso que se mostrara covarde em frente à mulher. Era muito fácil ser doce e gentil quando Dulce não estava por perto, mas em todas as vezes em que ele tivera a oportunidade, escolhera Dulce. E ainda que naquela hora ele se propusesse a ficar, aquela frase, tão cheia de dedos, era mais um pedido de permissão do que um aviso. Se a ruiva fizesse oposição, ele iria embora. E Anahí não o faria escolher. Era humilhante demais. Ainda mais se a escolhida não fosse ela. E ela sabia que não seria.

Dulce: Viu, amor. Ela vai ficar bem. Vamos? – Alfonso encarou Anahí por longos segundos, num pedido mudo para que dissesse alguma coisa. Mas ela não disse. – Amor? Vamos? – Ela o puxou levemente pelo braço.

E ele? Bom, ele foi. Ainda que quisesse ficar, ainda que tudo nele gritasse por tirar Anahí dali, por protegê-la. Infelizmente, ele foi.

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E aí, meninas? O que estão achando da história?

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