Capítulo 102

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Alfonso poderia terminar o seu café e ir embora, mas alguma coisa dentro dele não deixou que ele partisse sem se despedir de Anahí. 

Subiu ao quarto, ela ainda dormia. Ficou alguns minutos parado à porta, observando-a. Achou melhor não acordá-la, e já estava voltando para o corredor quando ouviu a voz doce e um tanto arrastada de Anahí chamá-lo.

Anahí: Já vai? – Ele voltou para o quarto, aproximando-se da cama.

Alfonso: Sim. Não quero me atrasar. – Anahí suspirou, sentindo-o distante. Parecia que a noite anterior havia sido apagada. Ela via na feição dele o quão fechado estava e, pior, podia ver até certo arrependimento.

Anahí: Quando volta?

Alfonso: No final da semana que vem, talvez. 

Anahí: Uhm.

Ele ficou calado por um instante, o olhar fixo no chão. 

Alfonso: Não vai tentar fugir outra vez, vai?

Anahí: Não. Eu te prometi que não iria fugir e não pretendo quebrar a sua confiança de novo.

Anahí ouviu-o suspirar. E sem qualquer palavra, ele deu às costas para ela, disposto a sair do quarto.

Anahí: Poncho? – Ele virou o rosto, olhando-a sobre o ombro. – Não faça isso. – Alfonso franziu o cenho, sem entender. – Vem cá. – Pediu. 

Cruzando os braços, ele girou o corpo e parou ao lado da cama. Com um gesto de cabeça, Anahí pediu para que ele se sentasse. Ele o fez, os braços ainda cruzados.

Alfonso: O que foi? – Perguntou. Ela estendeu a mão, tocando o braço dele.

Anahí: Não se feche pra mim outra vez, Poncho. Por favor. 

Alfonso desviou os olhos dos dela, encarando a pequena mão em seu antebraço. Inspirou o mais fundo que podia e liberou uma longa golfada de ar. Os dedos dela moviam-se quase imperceptivelmente sobre sua pele.

Anahí: Sei que poderia passar o resto da vida tentando consertar tudo o que fiz, sei que nada que eu diga poderia te fazer entender porque te machuquei tanto. Sei que por mais que eu prove o quanto eu mudei, a Anahí que eu fui um dia ainda vai seguir bem viva na sua memória. – Ela respirou fundo – Existem marcas que não se apagam. – Murmurou – Sei disso, Alfonso. Mas, por favor, não se feche pra mim outra vez. – Repetiu – Porque eu preciso de você. – Uma lágrima tímida rolou pela face dela – Porque você é a única parte boa de mim. 

Ela soltou o braço dele para secar o próprio rosto. Ele, por sua vez, manteve os olhos baixos, deixando que as palavras dela ecoassem em sua mente. Ele também precisava dela, essa era a verdade, ainda que ele não conseguisse dizê-la. Mas se as palavras não vinham, ele responderia de outra forma. 

Obedecendo àquilo que realmente queria – e sentia – absolutamente rendido e traindo todas as suas convicções, Alfonso se inclinou e deslizou os lábios pelo rosto dela. Como se quisesse secar suas lágrimas, distribuiu leves beijos por toda a bochecha de Anahí. 

Ela fechou os olhos, sentindo o toque tão suave. O pequeno sorriso que tinha surgido em seus lábios aumentou quando os lábios dele pousaram sobre os seus. Ele sorriu junto, para depois morder-lhe o lábio inferior, puxando-o para si. E aí ambos os sorrisos morreram para dar lugar a um beijo lento e ritmado. A língua dele buscou a dela, degustando-a. Os lábios se moveram sem pressa, e as mãos dele envolveram o rosto dela, afagando-o. 

Inevitavelmente, ela soltou um longo suspiro. Talvez pela primeira vez ela vislumbrou que as coisas poderiam dar certo. Algum tipo de esperança pareceu ter acendido dentro dela, e ela até pode imaginar um futuro ao lado de Alfonso, sem Pedro e sem toda aquela rede de mentiras. Talvez fosse intuição, talvez apenas a necessidade que tinha de acreditar naquilo. 

Anahí: Eu amo você. Tanto. – Murmurou, os lábios ainda grudados aos dele. – E eu sei que você pode sentir isso. Pode sentir que é verdade. – Ele abriu os olhos, os polegares acariciando o rosto dela.

Alfonso: Eu não quero que você vá embora, Anahí. – Any franziu o cenho, confusa. – Depois que estiver boa. – Completou. – Não quero que vá. Não quero que vá para longe de mim. – E aí ela não pôde deixar de abrir um sorriso imenso. Seus olhos voltaram a se encher de lágrimas. Deus, ela tinha mesmo ouvido aquilo?

Anahí: Eu não vou a lugar nenhum. – Disse para depois ser beijada outra vez.


"Don't walk away in silence, please don't walk away,

Não se afaste em silêncio, por favor não se afaste,

I'm not the man I used to be.

Eu não sou o homem que eu costumava ser."

Let Me GoOnde histórias criam vida. Descubra agora