Capítulo 39

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Anahí se vestiu com pressa e em minutos estava na boate. Sua garganta estava seca e suas mãos tremiam levemente quando ela entrou na sala, no segundo andar, onde Pedro, Paul e Rodrigo estavam reunidos.
Os olhos dela, inquiridores, imediatamente fitaram Paul. Se tivesse dito algo a Pedro, o mataria. Entendendo o recado, ele tentou acalmá-la com um leve menear de cabeça. Paul era seu amigo, jamais faria algo que a prejudicasse.

Pedro: Sente-se, por favor, filha. – Ela sentou, procurando manter a calma e a indiferença.

Anahí: Porque me chamou aqui, Pedro?

Pedro: Por que não estava no hotel?

Anahí: Me mudei.

Pedro: Por quê?

Anahí: Tive vontade. – Deu de ombros. Ele levantou a sobrancelha, um leve sorriso no rosto.

Pedro: Pois bem, só achei que fosse interessante comunicar essas decisões ao seu pai.

Anahí: Não tive tempo. Eu ia avisar.

Pedro: Tudo bem. Isso não vem ao caso agora. Te chamei aqui para que você termine o seu trabalho.

Anahí: O que? – Perguntou sem entender – Eu já terminei, já te entreguei a pasta.

Pedro: Ora, Any, você não achou que bastava pegar a pasta, não é?

Anahí: O que mais você quer? – Anahí respirou fundo, preocupada.

Pedro: Herrera sabe demais. Tudo o que ele juntou, tudo o que pesquisou... Quando ele descobrir que as provas se foram, ele vai tentar juntá-las outra vez, e com mais vontade que antes.

Anahí: Destrua todas as fontes das provas, é simples. – Ela franziu o cenho, temendo o rumo daquela conversa.

Pedro: Já destruí. – Disse, a obviedade na voz – Mas falta destruir uma coisa. – Ele levantou, parando na frente dela.

Anahí: O que quer dizer? O que falta? – Ela encarava Pedro, os olhos fixos nos dele. No fundo Anahí sabia o que ele queria dizer, mas rogava para que suas suposições estivessem erradas.

Pedro: Destruir Herrera.

A saliva desceu rasgando a garganta de Anahí e ela explodiu numa gargalhada histérica. Aquilo era completamente fora de cogitação. 

Anahí: Você enlouqueceu. – Soltou ainda entre risos. Só assim poderia disfarçar o pânico que a assolava. – Quer resolver os seus problemas matando um oficial? – Anahí levantou, andando pela sala – Isso é ridículo.

Pedro: Faça tudo parecer um acidente e não será nem um pouco ridículo. – Deu de ombros, um sorriso cínico no rosto.

Anahí: Quer mais um crime nas suas costas? Você acha que não vão investigar o motivo da morte dele? Acha mesmo que não vão chegar até você? – Ela parou na frente de Pedro, o rosto já sério – Pedro, seja racional, o caso pode ser dele, mas, com certeza, outros investigadores estão envolvidos. Você será o principal suspeito.

Pedro: Não seja tão medrosa, Anahí. Um acidente de carro, um assalto a mão armada num momento de distração, até mesmo um ataque fulminante. Ora! As pessoas podem morrer de inúmeras maneiras. – Ela meneou a cabeça, os lábios cerrados. Pedro não podia estar falando sério – Deixo em suas mãos. Volte para a vida dele e escolha a causa da morte. Ele é todo seu. – Completou divertido.

Anahí: Eu não vou matar o Alfonso. – Rebateu, exaltada.

Pedro: Qual o motivo para tanta irritação, querida? – Anahí enterrou os dedos nos cabelos, respirando fundo – Por que está hesitando?

Anahí: Porque eu não sou uma assassina. – Respondeu da maneira mais fria que conseguiu.

Pedro: Mas já ajudou a planejar muitos assassinatos, o que faz de você uma aspirante. Hora de passar para o próximo nível, Any. – Ela girou os olhos, o peito subindo e descendo em arfadas rápidas.

Anahí: Pedro, pense, pelo amor de Deus, você está sendo estúpido.

Pedro: Estúpido ou não, não posso deixar Herrera no meu caminho. Ele sabe demais e é inteligente demais, é um problema, Anahí. Agora, se você não quiser terminar o serviço, Rodrigo o fará no seu lugar. – Entortou os lábios, esboçando um sorriso.

Anahí piscou inúmeras vezes, incrédula. Ela jamais deixaria que fizessem algo contra Alfonso.

Pedro: E aí, Anahí? – Ela encarou Pedro, depois seus olhos correram para Rodrigo, que exibia um risinho debochado, e, finalmente, pararam em Paul. Ele a olhava compassivo, ciente de toda a angústia escondida por trás daqueles olhos azuis.

Anahí: Eu faço. – A voz saiu baixa, mas extremamente segura.

Pedro: Ótimo. Resolva tudo até amanhã. – Disse, e já ia sair da sala quando Anahí o chamou.

Anahí: Amanhã? – Engasgou – Preciso de pelo menos uma semana.

Pedro: Uma semana? 

Anahí: Isso. Me dê ao menos uma semana.

Pedro: Tudo bem. Você tem até segunda que vem. 

Uma semana era o tempo que ela teria para resolver aquilo. E o primeiro passo seria se reaproximar de Alfonso. 

Vamos, Anahí, o relógio está correndo.


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