Capítulo 109

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Que dia! Sentado no sofá da sala, com um copo de whisky nas mãos, Alfonso deixava que a guitarra que soava no aparelho de som preenchesse seus ouvidos. Olhou para o relógio, passava da meia noite. Estava exausto. Nem de longe ele esperava que aquele sábado fosse tão agitado. Primeiro o interrogatório cansativo do detetive Meyer. Foram tantas perguntas que, se Alfonso não estivesse muito bem preparado, certamente acabaria se contradizendo.
Meyer, afinal, não conseguira nada. E Alfonso saiu da delegacia seguro de que suas respostas e seu álibi o tinham livrado de todas as suspeitas em grande estilo. Seu problema então era outro.

Quando saiu da delegacia, caminhando até a outra quadra, onde havia deixado o seu carro, percebeu que o Civic prata que vira na esquina do seu prédio, quando saíra pela manhã, estava ali. Coincidência demais, Alfonso ficou alerta.

A algumas ruas de onde morava constatou que de coincidência aquilo não tinha nada, estava sendo seguido. 

Alfonso estacionou, desceu do carro e já de punhos cerrados caminhou a passos firmes até o veículo que também parara, do outro lado da rua. Antes mesmo que sua mão batesse na janela, a porta estava aberta e um homem de cabelos negros e olhos escuros lançava-lhe um olhar preocupado.

– Hey, cara, calma! – Pediu o estranho. Alfonso esticou os olhos e viu outro homem por sobre os ombros do primeiro. Aquele, no entanto, ele conhecia. Conhecia e não gostava. Lembrava-se muito bem da manhã em que aquele homem entrara no apartamento de Anahí com um sorriso nos lábios, chamando-a de 'amor'. Do banco do carona, Paul se adiantou.

Paul: Herrera, precisamos falar com você.

Poncho, até então com o maxilar rígido, jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada. 

Paul: É sobre a Anahí. – Continuou.

Alfonso: O que? – Cruzou os braços, o vestígio de um sorriso ácido ainda nos lábios – Resolveram entregar a fugitiva?

Paul: Não estamos com ela, e você sabe disso.

Alfonso: Ah não? – Arqueou a sobrancelha – Bom, se é assim, não temos nada para conversar. – Alfonso deu-lhes as costas, afastando-se do carro. Paul desceu do veículo um tanto contrariado e foi atrás dele. – Cara, segue o teu caminho antes que eu arrume algum motivo pra te levar para a delegacia. – Resmungou, sem interromper as passadas largas.

Paul: Herrera, eu quero ajudar a Anahí tanto quanto você. Agora será que dá pra você colaborar e vir comigo? – Alfonso parou, girou o corpo e o encarou.

Alfonso: E eu, por acaso, quero ajudar a Anahí? – Riu, meneando a cabeça. – Me poupe. – Paul respirou fundo. Será que ele pensou que seria fácil conversar com Alfonso? – Então, cara, numa boa, a menos que você queira entregá-la, não temos nada para conversar.

Paul: Herrera, você sabe muito bem que eu não estou com ela. 

Alfonso: Sei? – Ele entortou os lábios, negando mais uma vez – Que eu saiba, você é o namoradinho dela, então tem motivos para ajudá-la a fugir. É seu cúmplice também? – Questionou, o cinismo brilhando em seu olho – Também trabalha para o Damián? 

Paul: É, trabalho. Embora o cúmplice e namoradinho aqui não seja eu. – Rebateu, perdendo a paciência.

Alfonso balançou a cabeça, o riso incrédulo escondendo certa preocupação, e, sem mais, virou-se e continuou o percurso até o seu carro.

Paul: Alfonso! – Paul respirou fundo, procurando recuperar a calma. – Eu preciso conversar com você. A não ser que você queira que o Pedro descubra onde você está escondendo a Anahí. 

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