CAPÍTULO 3 - Chá de sumiço!

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E essa sucessão de desencontros entre a Mila e o Kiko, hein...?! Onde vai parar isso...?

Mas, dessa vez, tem um final... Ai ai ai...

Aproveitem e não deixem de compartilhar comigo suas opiniões... Bjs mil!!

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**Cristiano**

Essa mulher me deixou bolado sem dar sinal de vida.

Até tentei ligar pra ela, mas a ligação nem completou. Uma vez chamou e parou. Nas outras nem chamou. Parece que o número não existia...

Será que a Mila me passou um número errado...?

É estranho demais pensar isso, mas não pude deixar de considerar essa hipótese... Além de ela ser linda de morrer e eu ser só... OK, ainda tenho esse problema que me assombra desde que encostei o pé no chão pela primeira vez. E ela não tinha me dado abertura alguma pra beijá-la na noite anterior...

Talvez não quisesse nada comigo mesmo e só tava tentando ser educada.

Brochei de vez pensando nessa hipótese e parei de alimentar uma expectativa que pareceu existir só do meu lado.

Lá pelas quatro da tarde, eu quieto, um peso-morto ali na mesa do bar, e é claro que não ia deixar de chamar atenção do meu brother.

— Que essa cara de merda, ponto-e-vírgula*? — o Bola atravessou, usando meu detestável apelido que ele me deu desde que a gente se conhece por gente.

— Não enche o saco, ô gordo-do-caralho!!

— Tomou o toco* da princesinha, foi?!

E não ia dar enganar pra aquela bola-de-merda por muito mais tempo.

— Nem sei... Essa merda não funciona. — e esmaguei o celular dentro da mão, com sérias intenções de arremessar na parede.

— Não faz isso, idiota!!! Quanto te custou essa porra??!

— A única coisa que tinha que servir, não serve, então foda-se!

— Dá o número dela aí!

— Quê??!

— Me passa o número dela. Vou tentar ligar do meu.

E eu ditei pro Bola.

— É... Não completa a ligação. Deve ser a área... Que área é essa aqui??! — e ele logo arruma uma justificativa qualquer pra me dar uma força.

— 014 — o Califa responde.

— Fim do mundo do caralho! — meu brother ainda tentava me convencer que era um problema local das empresas de telefonias.

Mas eu já tava mais que convencido que a Mila não tava a fim de mim e eu é que não tinha dado abertura pra ela me dizer isso com todas as letras.

— Me dá o papel dos jogos, Cabeça. — o Bola pediu. — Vamo ver aonde a EIM jogando agora.

Esse gordo é muito brother mesmo. Tava realmente a fim de me ajudar.

Com o Bola decidido e os outros caras engajados, eles traçaram um roteiro no detalhe pra vasculhar Avaré de cima a baixo.

Começamos pelo ginásio, ao lado do bar. Depois, passamos pelo campo de futebol, pelo clube onde era a natação. Mas... Nada dela...

Brother... Essa mina* aqui ainda, e hoje à noite tem festinha. Se ela não aparecer por lá, eu te juro que vou até o inferno atrás dela pra trazer pra você. — e o Bola me consolou do jeito "Bola" de ser.

— Beleza... — concordei pra não brochar meu brother, até pelo empenho dele e dos outros caras, que perderam o resto da tarde por minha causa.

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**Camila**

Frustrada por não conseguir encontrar o Kiko e de "bodinho*" pelas cervejas consumidas à tarde inteira, tava quase desistindo de sair, quando a Luiza me intimou, dizendo que ia sabotar o quadro elétrico da casa e me largar no escuro, se eu não fosse à festa com elas.

Com a vontade beirando "menos cinco", lá fui eu me aprontar...

Um jeans justo, a blusinha preta básica, um cintinho por cima, uma sandália de salto, e lá estava Camila, pronta pra balada, sem frescurite.

Complementei o "visu" com um brinco bacana, uma maquiagem top, um perfuminho no pescoço e, em meia hora tava estirada no sofá da sala, só esperando minhas amigas peruas, com uma cervejinha na mão pra tentar me animar.

***

Chegamos, a festa tava bem cheia.

Como qualquer festa universitária, era outra daquelas típicas baladas improvisadas, sem luxo algum, confusa, caótica, mas perfeita. Nossos colegas, pra lá de entusiasmados, preenchiam a pista de dança improvisada no meio do salão de festas do clube.

Não haveria Lounge ou qualquer balada em São Paulo que chegasse aos pés daquele salão antiquado aquela noite.

Achamos um caixa vazio por sorte, enchemos os bolsos de fichas, pra não ter que enfrentar fila mais tarde e fomos circular.

O clube que sediou a balada oficial dos Jogos de Administração era o mesmo das disputas da natação e único da cidade. E o salão, onde a festa aconteceu, era bem grande e esquisito.

De formato oval, era inteiro circundado por fora por um corredor escuro e cavernoso, por onde se conseguia circular, evitando o tumulto do lado de dentro, onde ficavam os bares, a pista de dança e o DJ.

Depois de um tempo juntas, a gente se dividiu.

Fiquei com a Luiza e a Carol e seguimos a peregrinação pela balada. Eu sempre na esperança de encontrar o meu gatinho...

Mas nada... Nem sinal dele ou dos amigos dele por ali.

Fiquei angustiada.

Tomei outras duas cervejas e não aguentei mais de vontade de fazer xixi.

Avisei as meninas.

Quando voltávamos do banheiro pelo corredor cavernoso, eu olhei pra frente e não acreditei...

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Significado das gírias e expressões do texto

"de bode"- expressão, gíria, sinônimo de amuado, aperrado.

Ponto-e-vírgula - neste livro, apelido dado a quem manca, arrasta uma das pernas. O jeito de pisar, fixando um pé no chão e o outro sendo arrastado, sugere um ponto e uma vírgula.

Tomar toco - gíria, levar um fora.

Brother - palavra em inglês que significa irmão. No texto, é o jeito que os amigos mais próximos se tratam.

"Mina"- gíria, abreviação de menina.

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora