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**Cristiano**
Fui chamado na sala do meu velho, assim que pus o pé no escritório, perto das onze da manhã. Entrei, ele falava no telefone.
Já dava meia volta, quando ele me pede pra esperar. Encostei no batente da porta com o pé pra fora já. Se ele demorasse mais dez segundos na ligação, eu zarpava dali sem esforço.
E não levou nem cinco... Claro sinal que o foco dele tá em mim. O que não necessariamente é bom...
— A cara está melhor.
— Fala, dr. Alberto... Em que posso ser útil?
— Não quer se sentar?
— Depende. Qual o assunto...?
— Saber de você. Sua esposa...
Bufei. Parecia até piada meu pai se metendo na minha vida depois de tudo.
— Esteve com ela?
— Tive.
— E como foi?
— Bem...
— Especifique.
— A gente saiu.
— Na balada? — esse é o lado divertido do dr. Alberto usando o linguajar da moçada.
— Isso aí... Na balada.
— E?
— Fiquei com ela, levei pra casa, transamos...
— Hum... E ela já está em casa?
— Não.
— Quando vai?
— Sem previsão.
— E você vai levar desse jeito...?
— Não existe outro possível.
— Será que não...?
— Não se mete na minha vida com ela, pai! Já te pedi isso!
— Não vou.
— Quero ver...
— Leve-a em casa hoje à noite.
— Sem condições...
— Por quê?
— Vocês são excludentes, pai. E nem sei se isso muda um dia.
— Não estou tão certo.
— Pois esteja... E eu não vou culpar ela, nem condenar, se ela não quiser mais contato com você.
— Essa escolha é pessoal.
Dr. Alberto conivente?
— Mas... — nem tanto assim... — Ela vai ser a mãe dos meus netos.
— Se você não estragar mais nada, ainda tenho alguma chance. — impressionante o quanto eu posso jogar de verdade na cara, que ele não se altera.
— E eu preciso ter uma convivência aceitável com a minha nora.
— Defina aceitável.
— Fique tranquilo que isso a Camila pode me oferecer.
— Seja específico.
— Ela não vai me tratar mal, filho. Não é da natureza dela.
— O problema é se ela vai ter alguma coisa a ver com você. Porque, do jeito que tá, é capaz que ela nem volte pra mim.
— Essa decisão é só sua.
— Não existe outra opção, a não ser por vontade própria! Quantas vezes vou ter que repetir?!
Ele não reagiu.
Retomei o controle.
— Pra mim e pra ela só existe por bem. Outro jeito, que não por bem, tá fora de cogitação.
— A escolha é sua.
— Só não me atrapalha com ela de novo, pai.
— Não vou. E se precisar de ajuda...
— A sua?! A última no mundo. — até ri.
— Você é quem sabe.
— Mais alguma coisa?
— Do meu lado?
— Isso.
— Tente resolver sua vida logo para voltar a ser você.
Lógico que, em se tratando do dr. Alberto, eu não podia passar sem essa.
— A gente combinou esse tempo, pai. Posso levar dez anos no processo. Já que o estrago, como você sabe, foi bem grande.
— Eu não me referi à Performer. Eu me refiro a você, filho.
Por essa eu não esperava...
— Isso aqui eu toco sozinho. O tempo que for necessário. O que eu quero é você bem.
— Você sabia que ia ser difícil, depois do que me obrigou a fazer.
— Eu sei.
— Agora, só o tempo vai resolver.
— O tempo pode ser trabalhado.
— Fora de questão! — tava puto do dr. Alberto insistir nessa merda. — Não adianta forçar a barra, que a Camila não cai. Pelo contrário. Aí que eu perco ela de vez. Promete que não vai se meter na minha vida?
— Como quiser...
— Promete?!
— Prometo.
— Beleza. — e o deixei pra trás.
Era só o que faltava, depois de tudo, dr. Alberto ainda querer cagar na saída.
Não dava nem pra calcular o estrago se ele resolvesse se intrometer na minha relação com ela...
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(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...
RomanceEm meio a um ginásio lotado e duas torcidas adversárias em guerra, surge uma visão inebriante atrás do gol. Algo inexplicável, que mexe com todos os sentidos... Impossível de definir ou... descrever. Sem pensar duas vezes, Cristiano abandona os co...