CAPÍTULO 146 - Visitas ilustres

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E vamos dar um pulo aos Estados Unidos pra saber como as coisas andam por lá...

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**Cristiano**

O ilustre casal Nunes apareceu no começo da segunda semana de julho, pra passar sete dias com a gente.

Minha mãe optou por alugar um flat no nosso prédio, ao invés de se hospedar em casa, já que ela tava com meu pai.

A Mila, por educação, até deu uma insistida pra eles ficarem com a gente. Já eu, nem perdi meu tempo. Dona Valentina é a dona incontestável da razão. Se ela resolveu... Resolvido está...

***

Depois de tantos meses sem contato, o clima ainda tava estranho entre eu e meu velho. Principalmente do meu lado.

Já ele, parecia uma outra pessoa. Esforçado até demais em ser agradável, amigável, principalmente com a minha esposa.

Ela, por outro lado, fugia dele o quanto pudesse. Como a Camila é transparente por natureza, vez ou outra, me pegava até rindo dos malabarismos que ela fazia pra desviar do caminho do dr. Alberto.

Minha mãe com certeza se ligou, mas óbvio que não comentou nada. Até porque a Mila em nenhum momento tratou mal meu pai. Nem se quisesse, ela conseguiria ser indelicada com ele. Isso não faz parte da personalidade dela.

Como tava de férias da faculdade, ela passou muito mais tempo com eles do que eu. Quarta e quinta-feira, ela me disse que ficou sozinha com minha mãe, já que meu pai passou o dia fora. Sei lá o que ele foi inventar de fazer em San Diego. Mas, vindo do dr. Alberto, não dá pra ter a mínima ideia. Nem especulando...

Depois de uma semana, foi a vez do Bola aparecer com o Cabeça por aqui. Chegaram terça-feira, um dia depois do casal Nunes "zarpar".

O Bola tava de férias na JK. O Cabeça trabalha com o pai e conseguiu uma semana de alforria.

E foi absurdamente legal eles virem até aqui.

A Mila, de férias, tinha arrumado função dia e noite pra entreter os caras, levando eles pra tudo quanto é lugar que a gente conhecia em San Diego e arredores, enquanto eu tava no trampo.

Lógico que, se não fossem os meus "irmãos", eu morreria de ciúmes dela sozinha, no meio de dois machos. Mas, com eles, fiquei tranquilo.

À noite, saímos todos os dias. Até que, sexta-feira, tomamos um vôo pra Las Vegas, no fim da tarde, e aí a balada de gente grande começou a valer.

Ficamos hospedados no The Venetian, um hotel top de lá, mas isso era só um detalhe. Porque dormir literalmente era pros fracos.

Passamos dia e noite na farra, entre poolpartys, shows-pega-turista, clubs, afters, vinte e quatro horas no ar.

Até no inferninho a gente foi parar. Lógico, inferninho ao estilo Las Vegas, próprio pra turistas, inclusive do sexo feminino. Nunca que levaria minha esposa num antro de verdade. Aliás, ela quase mijou nas calças de ver o Bola na ativa, no meio das "primas" se acabando de se esfregar nas dançarinas, colocando dinheiro na calcinha delas, pagando pra elas se esfregarem no Cabeça, que é bem mais na dele.

Foi um fim de semana épico, intenso, memorável. De quebrar tudo, literalmente, até não sobrar mais uma célula sã no corpo, bem em linha com o ápice da nossa forma, nos primeiros anos da faculdade. Mas sem a pegação desenfreada, é lógico...

Voltamos pra San Diego domingo à noite.

Segunda-feira, o que restou do Cristiano foi trabalhar, enquanto os três dormiram praticamente o dia inteiro.

Terça-feira, fizemos uma despedida dos caras em San Diego, só pra não perder o hábito, e eles pegaram o avião de volta pro Brasil na quarta-feira, meio da tarde.

Fiquei meio deprimido quando eles foram embora. Na rotina, a gente esquece um pouco dos amigos. Mas quando encontra, depois é foda pra caralho superar a saudade e a falta de convivência.

***

No trabalho, o clima continuava esquisito. Eu cobrava uma posição do meu superior direto sobre meu futuro na Automatique, mas ele seguia desconversando.

"Estamos vendo".

"Logo mais, eu vou ter uma posição mais clara..."

Até que a segunda semana de agosto chegou. Meu contrato vencia em exatos vinte dias. Não dava mais pra segurar a onda, sem saber o que seria do meu futuro dali em diante.

Falei grosso com meu chefe, até arrancar dele a promessa que do dia seguinte não passava.

***

Era terça-feira. 

Logo que cheguei, a secretária do CEO pediu pra eu me apresentar em duas horas na sala dele.

Caramba! O Jeff! Por que o Jeff ia querer falar comigo!? Um Gerente Junior em começo de carreira na empresa que ele preside...?

Bem... Nem preciso contar que fiquei tenso pra caramba. As mãos suavam, os olhos não enxergavam com a nitidez habitual, fora que quase devolvi o café-da-manhã umas três vezes, nessa uma hora que me separava da reunião com o CEO, pra tratar exatamente do meu futuro ali. O assunto que vinha me tirando o sono a quase dois meses.

Passei uma água na cara, abotoei o casaco e lá fui, direto pro quinto andar.

Cheguei dez minutos antes do horário marcado. Jeff abriu a porta da sala pra mim exatamente às onze horas e zero minutos, a mão estendida e um sorriso receptivo no rosto, o que tirou cinquenta por cento do peso das minhas costas. Afinal, um CEO não sorriria daquela forma pra um funcionário, se não tivesse notícia boa pra dar. Certo?

Isso é o que saberemos em alguns minutos...

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora