CAPÍTULO 102 - Surpresa ruim e decepção

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E tava na cara que algo não cheirava bem... Dêem só uma olhada no que aconteceu...

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**Camila**

Quando saímos da delegacia, em direção ao carro do meu sogro, olho pra trás e vejo a sem-noção caminhando tranquilamente, de braço dado com seu Arthur, pro carro dele.

— Ela não ficou presa?! — arregalo os olhos pro meu marido, sem conseguir respirar.

— Eu te conto em casa.

— Como assim, Kiko???! Que papo é esse...? — e finquei o pé na calçada, indignada.

Dr. Alberto seguiu pro carro, deixando a gente pra trás.

— A Samara é ré primária, Mila. Tem endereço fixo. Ela pode responder em liberdade.

— Não acredito... — nesse momento, juro... Perdi de vez a esperança na raça humana.

Não contente, ainda tive que aguentar o sorrisinho sarcástico que ela deixou no ar, especialmente pra mim, antes de entrar no carro do papai e seguir pra sua casa, livre, leve e solta... Dá pra acreditar???!!

***

Dr. Alberto foi na frente com o motorista, deixando o banco de trás pra nós dois.

O Kiko tentou fazer uma aproximação, mas tirei a mão dele da minha perna bruscamente.

— Linda... Não fica desse jeito.

— Como não?! Essa menina é louca, Cristiano! E ainda por cima tá solta... Ela vai vir atrás de mim de novo e querer me fazer mal...

— Nada disso vai acontecer, Mila. Eu te juro pela minha vida! A gente vai reforçar sua segurança.

— Eu não quero segurança andando atrás de mim o dia inteiro! — e bradei com um ódio mortal dele, do pai dele, da doida, do pai dela. De tudo... Ai que raiva!!

— Depois a gente fala disso... — alisou meu rosto, que tava coberto de lágrimas e virado pro lado da rodovia, já que eu o evitava a qualquer preço.

Mas o Kiko tinha razão. Com essa louca livre, não me restava alternativa, a não ser aceitar as "sombras" atrás de mim dia e noite.

— E por que ela me sequestrou?

— Justo por você tar sem segurança, linda. — insistindo no carinho na cabeça e lateral do rosto.

— E o que ela queria de mim, afinal?

— Dinheiro.

— Dinheiro?!! — me assustei!

Eu tava crente que a intenção dela era me dar um susto e me fazer desistir do Kiko. Ou pior... Dar um sumiço em mim e deixar o caminho livre pra ela de uma vez.

Honestamente, a última coisa que imaginei de um sequestro a mando da Samara era dinheiro.

— Eles chegaram a pedir resgate?

— Sim.

— De qual valor?

O Kiko engoliu seco. Parecia com medo de contar. Mas eu esperava a resposta, decidida, olhando firme pra ele. Ignorei o todo poderoso dr. Alberto dentro do carro e o motorista dele. Meu marido me devia explicações. E não dava pra chegar em casa.

— Hein, Kiko?!

— Trinta milhões.

— O quê?!!! Isso é uma fortuna!

Meu Deus! Que mundo é esse?! Nem se meus pais vivessem três vidas, conseguiriam juntar a metade desse dinheiro.

Como se não bastasse as surpresas reveladas até momento, o Kiko começou a abrir outros vários detalhes que tavam por trás do meu sequestro.

Contou que seu Arthur passava por dificuldades financeiras. Que a Samara queria ir embora do país, mas o pai não tinha condições de sustentar os luxos dela no exterior. Que foi a primeira vez que os outros dois bandidos se envolveram com um sequestro. Mas que eles ficariam presos por não serem réus primários, já que tinham passagem pela polícia por tráfico de droga.

Minha cabeça ardia de dor e o estômago comprimia a cada "novidade" que o Kiko botava pra fora.

— Por que você tá me dizendo isso? — eu sei que exigi explicações, mas não imaginava que seriam tão podres e absurdas quanto a realidade.

— Linda... Você precisava saber que o sequestro não tem ligação com você diretamente. Poderia ter sido eu. Ou meu pai... Minha mãe... Mas você era a mais vulnerável...

Eu não acredito! Juro...

— E ela sabia que eu faria qualquer coisa pra ter você de volta... — quando disse isso, ainda beijou minha mão numa tranquilidade, o que virou meu estômago do avesso ainda mais.

Eu suava frio de nervoso, de ódio, de angústia em ter que engolir a seco aquele absurdo.

— Senhor, pára o carro, por favor! — eu berro com o motorista.

— Que isso, Camila? — o Kiko se assusta.

— Eu tô passando mal!

O motorista jogou o carro contra o acostamento. Desci voando e mal deu tempo de afastar a perna. Vomitei as tripas. O lanche inteiro. Tudo que havia no estômago.

O Kiko já tinha me alcançado e segurava meu cabelo pra trás.

Assim que terminei, ergui a cabeça e tudo girou. O Kiko me segurou no ar, prestes a me estatelar no canteiro. Eu logo retomei os sentidos.

— Você tá bem?

— Não... — e comecei a chorar, dentro dos braços dele.

Chorei de convulsionar. Sem conseguir parar...

— Calma, linda... Fica calma... Já passou... — ele tentava me consolar. — Eu prometo que nada mais vai te acontecer... Nunca... — e limpava meu rosto, a boca, com um lenço de pano que nem sei de onde ele tirou.

Dr. Alberto tinha descido do carro e oferecido ajuda, que o Kiko recusou. Ele ficou de longe, só nos observando.

Assim que me acalmei minimamente, ocupamos nossos lugares e o motorista tocou em frente.

Encostei no peito do meu marido pra tentar relaxar e esquecer as últimas vinte e quatro horas.

— Bento, vá direto para o Sírio. — meu sogro passa a ordem pro motorista.

— Se for por mim, não precisa, dr. Alberto. — a voz ainda embrumada.

— Pode tocar pro hospital, Bento! — meu marido interfere, decidido. — Você tá passando mal, Mila. Vamo até lá pra gente ficar tranquilo. Não custa nada.

— Eu tô bem já... — ainda tento argumentar.

— Não vou discutir.

Com o Cristiano determinado, nem se quisesse muito, eu tirava uma ideia fixa da cabeça dele.

***

No hospital... um interrogatório infinito, exames desnecessários e, por fim, um calmante, um curativo pro corte no braço e recomendação repouso.

Já em casa, tomei um banho e caí direto na cama, sem forças nem pra um lanche, apesar da fome.

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora