CAPÍTULO 1/Parte II - Insegurança boba!

4.8K 304 8
                                    

Cristiano insistente e perseverante? Desde o primeiro contato já deu pra perceber, né? E vamos saber como ele conduziu esse primeiro encontro.............................................................

**Cristiano**

— O convite pra uma cerveja ainda de pé, Mila.

— Mila? — ela estranhou.

— Tenho certeza que todo mundo te chama de Ca ou Cami. Quero ser diferente... — eu me esforcei além do meu limite, mesmo sem saber se tava no rumo certo pra agradá-la.

A real é que eu senti uma insegurança diante dela como nenhuma outra mulher me fez sentir na vida.

Foi bizarro demais...

bem, eu topo! E gostei do apelido. — ufa...!

Avisei o Cabeça, que ainda fazia companhia pra amiga, que eu ia vazar com a Camila dali. Ela também falou com a Luiza, a tal da amiga que, pra minha sorte, não embaçou*, topando continuar na companhia do Cabeça.

Deixei a Mila sair na frente e fui atravessando o ginásio atrás dela até o portão.

Lá fora, eu me posicionei do lado dela e caminhamos até o bar.

Quando a gente ia pegar a fila do caixa, vi o Bola, meu brother mais chegado, a três do tiozinho do caixa.

Apertei o passo até ele pra pedir as fichas de cerveja.

— Achou uma xoxota, pelo jeito. — o Bola, escroto por natureza, me atravessa com o típico comentário.

— Essa é show, cara! Não fala assim não.

— O galã da Malhação* apaixonadinho, é?!!

— Não enche o saco, gordo do caralho!!!!

Ele só sorriu, daquele jeito...

A gente vive se pegando, mas eu gosto um absurdo desse gordo escroto. Sempre foi meu cúmplice e eu o dele, nas conquistas e nas merdas.

— Vai lá que eu já levo a cerva. — ele me liberou.

Em regra, num evento como esse, a gente vai pra cima da mulherada com a intenção de levar pro abate. E confesso que essa era a intenção, quando me dispus a viajar duzentos quilômetros pra participar daqueles Jogos.

Mas a Mila... Nossa... Ela é outra história... E eu preciso deixar isso claro pro meu brother, já que ele é louco pra hostilizar a mulherada que cai na besteira de fazer "cu-doce*" pra gente.

O Bola comprou as fichas no caixa e já tinha montado um esquema com o tio do bar. Foi direto até a parte de trás do quiosque pegar as cervas*, conseguindo fugir da zona que se formou no balcão, onde metade do ginásio se estapeava por uma latinha de cerveja.

Eu apresentei a Mila pra ele que vazou* ligeiro, deixando o caminho livre pra mim.

Fiquei trocando idéia com ela mais um tanto, até que surgiu uma pergunta que eu não esperava...

— Você machucou o pé?

— Não... É um problema de nascença. — sem detalhes.

Ah... — ela desviou o olhar.

Merda! Não queria que ela se sentisse mal.

Ou será que isso é um problema pra ela??!... Eu sei lá...

Só sei que não dá pra pensar nisso agora, senão, eu vou explodir!!

Uma diferença de tamanho entre as duas pernas... No fêmur... — e continuei, nem tão certo se devia seguir falando daquilo.

Ah...

— Você se importa? — e não aguentei mais... Essa merda já me deixa inseguro por natureza, a Camila me deixa ainda mais inseguro e eu gostei dela pra caralho.

— Claro que não!!

Ufa!! Ainda bem...

Mas é foda pra mim, distinguir a mulher que não liga de verdade, das que fingem não ligar... E, de todas que eu já catei* na vida, nunca tive cem por cento de certeza de que elas realmente não se importavam.

Eu consegui passar mais um tempão com a Mila. Ela pareceu curtir ficar comigo também.

Voltamos pro ginásio pra ver a decisão do futsal entre as nossas escolas*, já que a partida seguia indefinida.

Minha faculdade fez mais dois gols e a dela só um. E lógico que não deixei passar... Atormentei a Camila até não poder mais, e ela nem ligou. Pelo contrário, entrou na brincadeira e me pagou uma cerveja, como se a gente tivesse apostado.

Depois do jogo, sentamos no boteco em frente ao ginásio junto com as amigas dela. Até que a tal da Amanda começou a encher o saco pra assistir a natação, que começava às cinco horas, num clube ali perto.

Cheguei a perguntar se a Mila queria continuar comigo, mas ela pareceu insegura. O sinal do celular não pegava direito na cidade e ela ficou com medo de se desencontrar das amigas.

Eu até entendi. Na real, fiquei meio puto, mas entendi um pouco...

Afinal, eu era um completo estranho pra ela. Não tinha como pedir pra ela abrir mão da companhia das amigas e ela também não deu abertura pra eu me convidar e ir junto.

Só me restou ser paciente e trocar telefone, na esperança de conseguir combinar algo pra noite.

Era o primeiro dia dos Jogos. A festa oficial seria só no dia seguinte.

Mas, de repente, se eu descolasse* algum programa naquela sexta-feira, até poderia convidá-la...

..........................................................

Significado das gírias e expressões do texto

Malhação - seriado vespertino de temática adolescente, transmitido pela Rede Globo.

Fazer cu-doce - expressão, gíria que equivale a fazer charme, frescura, fingir não querer algo, esnobar.

Cervas - abreviação de cervejas.

Vazou - expressão, gíria que equivale a cair fora, sair rápido.

Catar - expressão, gíria sinônimo de ficar, pegar mulher/homem.

Escolas - no contexto deste livro, jeito carinhoso de chamar as instituições universitárias.

Descolar - expressão, gíria, sinônimo de arranjar.

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora