Meu amores... hoje serão cinco capítulos, já que os próximos ainda estão em revisão. Mas, se preparem que essa história vai pegar fogo a partir de agora...
E vamos deixar de conversinha e ir logo pro foco de incendio... ;-)
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**Cristiano**
Meu pai e tio Arthur, pai da Samara, começaram a vida juntos, como sócios de uma antiga distribuidora de papéis, assim que se formaram na faculdade. Esse business* durou o tanto que tinha que durar e, quando não tava mais dando tanto lucro, eles venderam pra um concorrente maior, conseguindo até uma boa grana. Nesse momento, cada um seguiu seu caminho.
Meu pai trabalhou por bons anos em empresas multinacionais, até chegar a vice presidente na última que passou, antes de montar a Performer. Saiu da Youth cheio da grana, prêmios, títulos e, principalmente, lotado de cartões-de-visita dos contatos quentes que fez ao longo da carreira.
Tomou dinheiro emprestado dos colegas endinheirados que ele conheceu na Youth e fundou a Performer, que cresceu... cresceu... virando um monstro de compra e venda de participações em empresas de médio e grande porte.
Enquanto a carreira do meu pai só ia pra cima, a do tio Arthur andava de lado, dando umas embicadas pra baixo de vez em quando.
A Muray, empresa de autopeças que ele fundou oito anos atrás, só patinou até fechar as portas no último dia vinte e cinco de outubro.
Meu pai tinha colocado uma boa grana lá por conta e risco dele. Desde que comecei a estagiar na Performer, em março do ano passado, fiz análise em cima de análise provando que o investimento era uma furada e que aquela merda não tinha futuro. Mas ele resolveu ir em frente mesmo assim.
Nem preciso contar que a decisão do dr. Alberto foi puramente emocional, sem uma gota da racionalidade e imparcialidade que nos valemos em qualquer avaliação de investimentos. Tanto é que, à exceção da Muray, a Performer nunca deu uma bola-fora sequer. Isso desde o dia que foi fundada.
Quando a maluca da Samara soube do meu noivado, começou a dar pressão no pai, até fazer tio Arthur ressuscitar o assunto da promessa e vir cobrar uma posição do meu velho.
Rendido ao xaveco furado da tal da promessa e com aquele discursinho barato de político de quinta-categoria, dr. Alberto colou em mim argumentando que tinha uma dívida com o Arthur. E que a responsabilidade era minha por "ajudá-lo" a cumprir a palavra dele.
Fiquei fora do ar uns dez segundos, quando ele me jogou essa bomba no colo.
Respirei fundo... Retomei a razão... O assunto não podia morrer ali.
E lá fui, vomitar uma infinidade de verdades na cara do meu velho.
— A gente tá em que século, hein? Só pra eu me situar... Pimenta no rabo dos outros é refresco mesmo!
— Não fale assim comigo, moleque!
— Na boa, dr. Alberto... O quê eu tenho com isso? A promessa é sua. Vai lá e cumpre você.
— Isso não é possível.
— Você conheceu a Camila direito, pai?
— Qual a relevância?
— Você viu o que eu fiz por ela?!
— E...??!
— Eu tô casado com a Camila, pai. CA-SA-DO. Fui claro? E se você tocar nesse assunto outra vez, eu pego a minha mulher e sumo daqui.
— Vai se manter como?
— Não tenho medo de trabalho.
— Quero ver...
— Pode saber que o meu problema não vai ser nem um milésimo do seu, quando tiver que se explicar pra minha mãe porque eu sumi da vida dela e pus neto no mundo, sem que vocês soubessem a cara que tem. Fica a dica...
Meu pai arregalou os olhos. Pela primeira vez na vida, parece que eu consegui desarmá-lo. Será que isso mesmo? Até eu tava surpreso com o feito histórico.
— E nós dois aqui sabemos que o que tá por trás desse conluio com tio Arthur não tem nada a ver com a tal da promessa, né? Ele criou a filha dele pra ser patricinha profissional... Aquela doida não tem valor algum, princípio algum, não sabe produzir nada, faz uma faculdade meia-boca só pra constar e, agora que eles tão quebrados, tio Arthur não sabe o que fazer com a filha. Tô errado???!
Silêncio absoluto...
— Tô, pai?!! Tô errado??! Diz aí...
Nunca tinha visto meu velho se acuar daquele jeito.
Pesei a mão... Eu sei... Mas a conversa precisava desse teor...
— Numa boa, dr. Alberto... Se você quer enfiar dinheiro no rabo do Arthur, faz o que você quiser. Mas não me mete nessa junto. Só faltava eu ter que passar a vida aturando uma pessoa que eu não suporto e que não tem nada a ver comigo, só porque você prometeu que ia cuidar da família dele.
Ele não disse um "a", mas, pela cara, eu sabia que não tinha errado uma vírgula no raciocínio.
— Eu não quero mais falar desse assunto, saber o que aconteceu, saber da vida dessa garota, do pai dela... Nada! É isso ou eu caio fora de tudo. Aí, quem sabe a Samara assuma o meu lugar como sua sucessora, aqui na Performer... Garanto que vai ser "o sucesso"...
Virei as costas e saí, sem querer escutar a réplica. Se é que ia ter...
Nem fiquei mais ali na empresa. Tava indignado e perturbado com o papo de doido do meu velho. Justo ele, que sempre foi a referência da razão acima de qualquer coisa pra mim...
Voei pra casa pedir colo pro meu anjinho-da-guarda. Precisava dela cuidando de mim.
Acho que foi a primeira vez que discuti com meu pai naqueles termos.
Ainda bem que era sexta-feira e eu não ia ter que olhar pra cara dele dia seguinte.
Sugeri a Mila que a gente fosse pra São José, passar o fim de semana com a família dela, pra não dar a mínima chance ao dr. Alberto de me procurar. Ou pior, colocar minha mãe entre a gente pra ficar correndo atrás de mim.
Recebi algumas ligações no fim de semana. Atendi uma delas, seco, só pra contar onde tava. Nem dei trela pra conversa esticar.
***
Segunda-feira, assim que meu velho botou o pé no escritório, me chamou na sala dele.
— Você pode jantar com a gente hoje? — como sempre, impassível, como se nada tivesse acontecido.
— Algum motivo?
— Sua mãe que deu a ideia. Faz tempo que não aparece em casa.
Não disse que ele ia jogar a responsabilidade no colo da dona Valentina?
— Tenho aula.
— Depois.
— Tudo bem. Umas dez e meia, gente tá lá. — assim dava tempo de passar pegar minha linda na faculdade.
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(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...
RomanceEm meio a um ginásio lotado e duas torcidas adversárias em guerra, surge uma visão inebriante atrás do gol. Algo inexplicável, que mexe com todos os sentidos... Impossível de definir ou... descrever. Sem pensar duas vezes, Cristiano abandona os co...