..**Camila**
Quando acordamos, no sábado...
— Você vai sozinha pra São José? — parecendo preocupado.
— Claro.
— Sempre vai sozinha?
— Às vezes, de carona, às vezes levo uma amiga, mas na maioria, sozinha. Por quê?
— É perigoso você pegar estrada sem companhia. E se acontece alguma coisa?
— Chamo um guincho. — na maior tranquilidade...
— Linda. Não é tão simples assim.
— Como não??! Eu tenho um celular. A estrada tem socorro 24 horas.
— Ainda vou pensar em algo, mas não quero você dirigindo por aí sem companhia.
— Gatinho, tô acostumada. De verdade. A pista é ótima e são só cem quilômetros.
— Tudo bem, mulher independente. Mas tenta arrumar pelo menos uma amiga.
— Pode deixar... — concordei pra não ficar dando trela praquela neurose.
Nunca vi tanto preciosismo desnecessário...
Depois de uma hora, saímos juntos do ap. Cada um pro seu destino.
***
— Mãe?
— Oi, lindinha.
— Tenho uma coisa pra contar... — falei baixinho, enquanto tomávamos o cafezinho que ela passou pra gente, no balcão da cozinha.
— Diga, meu amor.
— Tô namorando.
— Ai!!! Não acredito, filha!!! Que alegria!!! — e o grito escandaloso da dona Lúcia ecoou pelos quatro cantos da casa.
— Shiuuuu!! Não queria que meu pai soubesse ainda.
— Por que não, lindinha?
— Ai, mãe... É meu primeiro namorado. Nem sei se o papai tá preparado.
— Tem razão. Deixa que falo com ele com calma.
— Depois que eu voltar pra São Paulo.
— Combinado. Depois que você voltar... Mas, me conta quem é ele.
— Ai, mãe... Tô apaixonada. É o homem mais fofo que já conheci na minha vida. — e fiquei lá, dando a ficha completa do meu gatinho pra dona Lúcia.
Ela, me conhecendo como ninguém mais, logo sacou que eu tô totalmente na dele. Sem volta...
— Meu amor, quero marcar um horário na doutora Elba pra você.
— Que isso, mãe???!!!
— Agora que está namorando sério, é melhor fazer os exames e já começar com algum contraceptivo.
Fiquei vermelha na hora. Não consegui disfarçar o desconforto de falar sobre esse assunto, mesmo que fosse com a minha mãe.
— Ai, mãe...
— Filha minha, não tem nada de mais. É natural que isso aconteça entre vocês. Se é que já não aconteceu... Não é mesmo?
Estágio dois do rosto pimentão! E aquele nó no estômago me embrulhando por dentro... Ai que coisa sem-jeito pra conversar com a mãe...
— Quando você vem pra cá de novo?
— Acho que daqui duas semanas.
— Ótimo! Eu vou tentar um horário com a doutora Elba, segunda-feira. E veja se consegue trazer o Kiko, hein?! Quero muito conhecê-lo.
— Vamos por partes, mãezinha. Primeiro o papai. Depois a ginecologista. Na seqüência, o Kiko. É muita emoção pra mim, tudo de uma vez.
— Está certa, meu amor... Vamos devagar. — e deu um sorriso lindo de mãe, me enchendo de beijinhos.
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**Cristiano**
Quando a Mila foi embora pra cidade dela, me dei conta do quanto não faz mais sentido minha vida sem ela. É assustador o que tá acontecendo, mas não tenho como lutar contra.
Minha vida é dela agora. Irrevogável... Irreversível...
Depois de conhecê-la a valer, mesmo que por pouco tempo, não tenho dúvidas que ela é tudo o que eu quero. E muito mais que esperava...
O fato de eu ter tido outras garotas, seja de rolo ou namorando, só me deu a certeza que não existe nada como a Camila.
Minha preocupação agora é ela...
Eu fui o primeiro homem dela; o primeiro namorado e vou fazer tudo que tiver ao meu alcance pra ser o último.
Mas... Será que o sentimento dela é recíproco? Mesmo sem ter com que me comparar...?
Sei lá...
Confesso que essa insegurança me tira o sono, literalmente.
Por mais idiota que seja...
Tô aqui, nesse sábado, deitado na cama, pensando em todas essas merdas.
Se não fosse tarde, ia buscar a minha linda lá em São José.
— Oi, meu anjo.
— Oi, gatinho.
— Já tava dormindo?
— Ainda não. O que houve? — preocupada.
— Nada... Liguei só pra escutar sua voz.
— Jura?
— Tô com saudades.
— Eu também... Mas fica tranquilo que segunda-feira eu tô aí.
— Não consegue vir amanhã? — silêncio do outro lado da linha.
— Vou falar com a minha mãe.
— Hum...
— Explicar que tenho um gatinho lindo e carente, se sentindo abandonado em São Paulo.
— O que não deixa de ser verdade.
Ela riu.
— Tô morrendo de saudade também, Kiko. — e percebi sinceridade, o que me acalmou.
— Eu também. Volta pra cá logo.
— Combinado. Eu te digo amanhã, assim que falar com a minha mãe.
— Beleza. Fico aguardando... Ansioso.
— Não precisa... Eu ligo logo.
— Tá bem. Durma com os anjos... E sonha comigo.
— Você também.
— Não dá!
— Oi?!
— Meu anjo não tá aqui. Vou ter que dormir abandonado mesmo.
— Ai, ai, ai, que gatinho carente, não...? Veja se posso com isso...
— Te amo, Mila.
— Te amo também, Kiko.
— Boa noite. Beijo.
— Pra você também. Beijo.
E finalmente consegui dormir sossegado.
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(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...
RomanceEm meio a um ginásio lotado e duas torcidas adversárias em guerra, surge uma visão inebriante atrás do gol. Algo inexplicável, que mexe com todos os sentidos... Impossível de definir ou... descrever. Sem pensar duas vezes, Cristiano abandona os co...