CAPÍTULO 157 - Decisão tomada!

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Mas olhem só que assunto nada a ver esse Cristiano foi tirar da gaveta. Vejam se era hora pra isso... Pelo amor, hein, Cristiano...?! Mente ociosa, cenário ideal pra essas ideias absurdas virem à tona... Será que vai dar certo?

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**Cristiano**

Sábado, começo de março, dois dias antes das aulas da Camila recomeçarem na faculdade, chamei minha mulher pra uma conversa. Pode parecer uma decisão maluca, mas não tinha momento melhor pra isso, que essa fase de transição de carreira em que fui forçado a passar.

— Mas pra quê isso agora, Cristiano?! Que bobagem!!

— É um sonho que eu tenho, linda. Nunca tive coragem. Mas agora que...

— Eu não quero! — amarrou o beicinho e cruzou o braço, feito criança contrariada, como sempre.

— Linda... Quero fazer isso por mim. Mas quero fazer por você também. Pensa a gente saindo da igreja no dia do casamento. Eu te levando comigo, sem me arrastar feito um carro enguiçado; dançando valsa com você, sem ficar parecendo uma mesa sem calço. Do jeito que você merece...

— Pára com essa besteira, Cristiano! Eu não me importo com nada disso! Só quero você comigo. Só isso...

Tentei acalmá-la, mas ela se esquivou de mim, contrariada.

Nenhum dos dois falava, até que...

— Eu te falei que você não podia ficar sem trabalhar! — ela berra, revoltada.

— Não tem nada a ver!

— Como não?! Fica aí pensando na vida o dia inteiro... É justo quando surgem essas minhocas na cabeça.

— Mila... Confia em mim. Vai ser tranquilo.

Sei que não era algo simples. Mas também não era hora de entrar nos detalhes, porque eu precisava convencê-la, já que, do meu lado, a decisão tava tomada.

— O desnível na perna vai desaparecer completamente. Talvez eu continue mancando, mas as dores vão melhorar. E o desgaste deve reduzir também...

— Por que você me pede autorização?! Você já resolveu!

— Você é minha esposa e tem que concordar.

— Será? — e soltou um riso choroso em meio a cara amarrada.

Talvez ela tenha razão...

O assunto morreu por hora, mas ela se emputeceu de vez.

E, quer saber? Nem discuti mais. Ela precisava um tempo pra se acostumar com a ideia. E eu daria esse tempo pra ela.


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**Camila**

Passei três dias de cara virada pra ele. Nem deixei chegar perto.

No começo, ele me provocava, chamava de anjinho bravo, jogava beijo debochado... Até que, no terceiro dia, ele não aguentou mais.

— Linda... Vamo parar com essa greve, vai... — e veio tentar se enroscar em mim. Mas eu escapei!  — O quê você quer? 

— O quê você acha?

— Eu não vou desistir. — e se posiciona.

— Eu também não! — e eu truco!

Ele riu. 

— Mila... A gente é um casal casado. Casais casados tem que ficar juntos... E apoiar...

— Para com essa ladainha, Cristiano! Essa cirurgia é uma besteira! Você já viveu vinte e três anos assim.

— Tá bem, vai... Desisto. Você vem comigo no dr. Rubens. 

— Quem?

— O ortopedista que vai me operar.

— Ficou louco??! Eu quero fazer um boneco de vodu desse homem! E não bater papinho com ele.

Ele levou uns dez segundos pra parar de rir.

— Mila. Me escuta... Dr. Rubens é um médico preparado. Já fez inúmeras cirurgias dessa. Ele vai te explicar o procedimento no detalhe. Você vai ver que não tem nenhum bicho de...

Larguei ele falando sozinho e saí correndo pro quarto.

— Por que você tá fazendo isso, linda? — ele me pegou com a cabeça enfiada no travesseiro, chorando feito criança. — Hein, Mila? Não fica assim, não... Não tem porquê. Eu queria que você fosse no médico comigo, pra ele te tranquilizar também.

— É uma cirurgia, Cristiano!! — eu berrava em meio ao choro. — Pra que se expor e correr risco de vida por causa dessa bobagem?!

— Não é bobagem pra mim... Isso que você não entende. — e saiu da cama, direto pro banheiro.

Foi aí que eu me dei conta do quanto tava sendo egoísta. Eu o acusava de egoísmo, mas, no final, o papelão era meu de não querer enxergar o lado dele em momento algum.

Levantei da cama e fui atrás do meu marido. Cheguei, ele esfregava a cara com força. Nem sei se tinha chorado.

Eu o agarrei por trás, muito apertado.

— Desculpa, gatinho... — deitei a cabeça nas costas dele.

— Lógico que desculpo, linda. — ele se virou pra mim e retribuiu o abraço.

— Promete que vai dar tudo certo?

— Claro que prometo.

— Você não pode prometer.

— Claro que posso! E alguma vez eu já deixei de cumprir?

— Não quero ficar viúva aos vinte anos.

Ele riu triste.

— Não vai, Mila. Eu viveria duzentos anos por você. 

Encostei minha testa na dele e fiquei alisando seu rosto, os olhos fechados. Senti lágrimas escorrerem pela bochecha, conforme tocava sua barba por fazer. Nem sabia se eram minhas ou dele...

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Curtindo? Não esqueçam de me dizer tudo, hein? Obrigada ;-)

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora