CAPÍTULO 88 - Aniversário do dr. Alberto Nunes

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Atenção! este capítulo quem narra é o Bola... E, só pra variar, tá bem a cara dele... ;-)

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**Bola**

Parei por segundos pra admirar meu brother e a mulher no meio da festa. Não é porque tinha dedo meu, não... Mas esse casal-vinte é motivo de orgulho pro papai aqui.

O ponto-e-vírgula ficava enroscado no anjinho o tempo inteiro, conversando, rindo, dando uns amassos de vez em quando. Mas não se desgrudavam um segundo. Quem vê esses dois pela primeira vez, certeza que acham que eles moram e países diferentes.

— Parece que seu amigo embarcou nessa sem volta, Juliano. — eu olho pro lado e ali está tio Alberto, com seu copo de whisky e o dedo apontado pro mesmo lugar que o meu nariz.

De fato, o ponto-e-virgula tava se superando no quesito homem encolerado a ponto de surpreender o próprio pai.

— Com certeza, tio.

— Que ela fez com ele, hein?

— Se eu não pegasse bem com a Camila, eu diria que foi macumba. Mas acho que não fez nada além de nascer.

Ele sorriu esquisito pra mim. Nunca tinha visto esse velho do meu brother sorrir, o que já considerei uma grande evolução.

— Vale ouro essa aí, tio. Pode ficar tranquilo...

— Eu sei. — ele estica a boca, parecendo um segundo sorriso.

Dona Valentina já tinha se aproximado da gente e agora se enfiava debaixo do sovaco do tio Alberto.

Se chamo a mãe do meu brother desse jeito é por culpa dele, que sempre se referiu à mãe como dona Valentina. Ou melhor: a toda poderosa dona Valentina — único ser-vivo capaz de mandar no temido pica-das-galáxias dr. Alberto Nunes.

— Que lindo nosso menino, não? — e aponta sua taça de champanhe pro ponto-e-virgula e o anjinho. — ...Não dá para imaginar que um dia o veria assim... com essa carinha de menino apaixonado. Olha só, Beto... 

E tio Alberto emite outro daquele sorriso dúbio, que você não sabe se é uma manifestação de alegria ou um peido preso que ele tá tentando se livrar a noite inteira e não consegue.

— É uma menina de ouro a Camila. E combina tanto com o nosso menino... — dona Valentina continuava divagando, com seus cílios postiços e seu juízo já um tanto diluído nas dez ou doze taças de champanhe que devia ter consumido àquela altura do campeonato.

— E você, Juliano? Já encontrou a sua cara-metade?

— Ainda na busca, tia. — é só o que me faltava esse ponto-e-virgula abrir precedente pros tiozinho ficar aporrinhando a gente com essa história de compromisso e o escambal.

— Um dia você vai achar alguém de quem goste também e que te mereça.

— Deus te ouça, tia. — e foi o que me passou pela cabeça pra fazer o assunto morrer.

— O que você acha da Camila? 

— Eu?

Ela balança a cabeça, me lançando outro sorriso alcoólico.

— Não poderia esperar uma "cunhada" melhor que ela, tia.

— Eu concordo, Juliano. E eu, uma nora. Um brinde! — dona Valentina se empolga, levantando sua taça de cristal cheia de frescura, importada da cochinchina... — Ao meu filho e a minha amada nora!

Encostamos as bocas dos copos. Ótima deixa pra eu sair de perto do todo poderoso casal Nunes e caçar assunto em outro lugar, porque, com esse açúcar todo, mais uns cinco minutos e eu tinha morrido de diabetes.

***

Certa altura da festa... Tava eu, tranquilo num canto, trocando ideia com o Baiacu e o Califa, quando, do nada, passo o olho pelo ambiente e vejo o anjinho andando sozinha lá no fundo. Parecia que tava indo no banheiro.

Não deu dez segundos e a vaca da Samara passa na mesma direção.

Conheço essa mina de outros carnavais... Certeza que a vagabunda tava pra aprontar. E certeza que o alvo dela era Camila.

Larguei os caras falando sozinho, corri atrás das duas e quase não chego a tempo...

— Ups!! Anjinho levantando vôo por aqui??! — segurei a Camila no ar, depois que a Samara colocou o pé na frente pra ela tropeçar. Essas minas com esses saltos bizarros... Certeza que o anjinho ia se esborrachar, se não fosse eu.

Também não perdi a oportunidade de lançar meu olhar mais "meigo" pra vagabunda, que me devolve um sorisinho debochado, erguendo seu copo de champanhe em brinde, especialmente pra gente.

— Nossa, Bola... — o anjinho tava branco. — Valeu muito! Eu ia me espatifar se não fosse você.

Realmente a Camila não tem a menor malícia de lidar com esse universo maligno que a gente vive.

— Posso jurar que tinha um pé na minha frente, Bola.

— Eu aposto um dedo, anjinho, que você não tá errada.

— Que essa menina tem, hein?

— Se você perguntar o que ela não tem, eu passo uma semana aqui te dando a ficha.

— Quem ela pensa que é?! Eu vou lá falar com ela!

— Anjinho... Guarda a sua empolgação de heroína pra tomar conta do seu marido e deixa a vagabunda comigo. Tô acostumado com a Samara desde que a gente tava nas fraldas e ela dava sumiço nos meus brinquedos, enterrando nesse jardim aqui. — e mostrei o tapete de grama na frente da piscina, onde eu tinha o desprazer de passar as tardes na companhia do ponto-e-vírgula e desse projeto de vilã mal acabado. 

— Vocês se conhecem a tudo isso?

— Infelizmente. Meu pai e o dela nunca foram próximos. Mas, por causa do tio Alberto, eles acabaram convivendo e eu, por tabela, com esse demônio do avesso.

— Que ela quer do Kiko?

— Uma conta bancária polpuda pra continuar bancando os programinhas privê que ela frequenta, sem ter que esquentar a cabeça se vai ter comida na mesa.

— O pai dela não tem dinheiro também?

— Tinha.

— E por que não tem mais?

— Faliu. E esqueceu de ensinar a filhinha mimada a pegar no pesado pra garantir o próprio sustento.

— Tem certeza que ela não gosta dele, Bola?

— Não, anjinho. Quem gosta dele é você. A Samara só precisa de uma conta bancária com fundo infinito pra sustentar a vida de madame pra qual ela foi criada desde que saiu da barriga da mãe.  

E finalmente consegui fazer o anjinho tirar o bico da cara.

— Não sei do que ela é capaz, Bola... E isso me dá medo.

— Não encana com ela, Mila. Deixa que da Samara cuido eu. 

— Ihhh... Vê lá o que você vai aprontar, hein?! Tenho mais medo de você que dela.

— Se preocupa, não...

O ponto-e-vírgula por sua vez, também tirando nota zero no quesito tomar conta da mulher, levou um século pra arrastar sua perna até onde eu tava com o anjinho, depois que achou a gente.

— Fica aqui com a sua mulher, que eu vou resolver uma parada. — e intimo meu brother.

— Que aconteceu?

— Depois te dou a ficha.

Larguei o anjinho com o ponto-e-vírgula, que é outro zero-a-esquerda no quesito malandragem, e saí atrás da Samara.

Ele sabe que a Camila é preza fácil pra essas vagabundas. Pra que deixar ela sozinha, ainda mais com a Samara por perto?!

Bom... Esse sermão fica pra depois... Por enquanto, meu foco é outro.

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora