Atenção! este capítulo quem narra é o Bola... E, só pra variar, tá bem a cara dele... ;-)
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**Bola**
Parei por segundos pra admirar meu brother e a mulher no meio da festa. Não é porque tinha dedo meu, não... Mas esse casal-vinte é motivo de orgulho pro papai aqui.
O ponto-e-vírgula ficava enroscado no anjinho o tempo inteiro, conversando, rindo, dando uns amassos de vez em quando. Mas não se desgrudavam um segundo. Quem vê esses dois pela primeira vez, certeza que acham que eles moram e países diferentes.
— Parece que seu amigo embarcou nessa sem volta, Juliano. — eu olho pro lado e ali está tio Alberto, com seu copo de whisky e o dedo apontado pro mesmo lugar que o meu nariz.
De fato, o ponto-e-virgula tava se superando no quesito homem encolerado a ponto de surpreender o próprio pai.
— Com certeza, tio.
— Que ela fez com ele, hein?
— Se eu não pegasse bem com a Camila, eu diria que foi macumba. Mas acho que não fez nada além de nascer.
Ele sorriu esquisito pra mim. Nunca tinha visto esse velho do meu brother sorrir, o que já considerei uma grande evolução.
— Vale ouro essa aí, tio. Pode ficar tranquilo...
— Eu sei. — ele estica a boca, parecendo um segundo sorriso.
Dona Valentina já tinha se aproximado da gente e agora se enfiava debaixo do sovaco do tio Alberto.
Se chamo a mãe do meu brother desse jeito é por culpa dele, que sempre se referiu à mãe como dona Valentina. Ou melhor: a toda poderosa dona Valentina — único ser-vivo capaz de mandar no temido pica-das-galáxias dr. Alberto Nunes.
— Que lindo nosso menino, não? — e aponta sua taça de champanhe pro ponto-e-virgula e o anjinho. — ...Não dá para imaginar que um dia o veria assim... com essa carinha de menino apaixonado. Olha só, Beto...
E tio Alberto emite outro daquele sorriso dúbio, que você não sabe se é uma manifestação de alegria ou um peido preso que ele tá tentando se livrar a noite inteira e não consegue.
— É uma menina de ouro a Camila. E combina tanto com o nosso menino... — dona Valentina continuava divagando, com seus cílios postiços e seu juízo já um tanto diluído nas dez ou doze taças de champanhe que devia ter consumido àquela altura do campeonato.
— E você, Juliano? Já encontrou a sua cara-metade?
— Ainda na busca, tia. — é só o que me faltava esse ponto-e-virgula abrir precedente pros tiozinho ficar aporrinhando a gente com essa história de compromisso e o escambal.
— Um dia você vai achar alguém de quem goste também e que te mereça.
— Deus te ouça, tia. — e foi o que me passou pela cabeça pra fazer o assunto morrer.
— O que você acha da Camila?
— Eu?
Ela balança a cabeça, me lançando outro sorriso alcoólico.
— Não poderia esperar uma "cunhada" melhor que ela, tia.
— Eu concordo, Juliano. E eu, uma nora. Um brinde! — dona Valentina se empolga, levantando sua taça de cristal cheia de frescura, importada da cochinchina... — Ao meu filho e a minha amada nora!
Encostamos as bocas dos copos. Ótima deixa pra eu sair de perto do todo poderoso casal Nunes e caçar assunto em outro lugar, porque, com esse açúcar todo, mais uns cinco minutos e eu tinha morrido de diabetes.
***
Certa altura da festa... Tava eu, tranquilo num canto, trocando ideia com o Baiacu e o Califa, quando, do nada, passo o olho pelo ambiente e vejo o anjinho andando sozinha lá no fundo. Parecia que tava indo no banheiro.
Não deu dez segundos e a vaca da Samara passa na mesma direção.
Conheço essa mina de outros carnavais... Certeza que a vagabunda tava pra aprontar. E certeza que o alvo dela era Camila.
Larguei os caras falando sozinho, corri atrás das duas e quase não chego a tempo...
— Ups!! Anjinho levantando vôo por aqui??! — segurei a Camila no ar, depois que a Samara colocou o pé na frente pra ela tropeçar. Essas minas com esses saltos bizarros... Certeza que o anjinho ia se esborrachar, se não fosse eu.
Também não perdi a oportunidade de lançar meu olhar mais "meigo" pra vagabunda, que me devolve um sorisinho debochado, erguendo seu copo de champanhe em brinde, especialmente pra gente.
— Nossa, Bola... — o anjinho tava branco. — Valeu muito! Eu ia me espatifar se não fosse você.
Realmente a Camila não tem a menor malícia de lidar com esse universo maligno que a gente vive.
— Posso jurar que tinha um pé na minha frente, Bola.
— Eu aposto um dedo, anjinho, que você não tá errada.
— Que essa menina tem, hein?
— Se você perguntar o que ela não tem, eu passo uma semana aqui te dando a ficha.
— Quem ela pensa que é?! Eu vou lá falar com ela!
— Anjinho... Guarda a sua empolgação de heroína pra tomar conta do seu marido e deixa a vagabunda comigo. Tô acostumado com a Samara desde que a gente tava nas fraldas e ela dava sumiço nos meus brinquedos, enterrando nesse jardim aqui. — e mostrei o tapete de grama na frente da piscina, onde eu tinha o desprazer de passar as tardes na companhia do ponto-e-vírgula e desse projeto de vilã mal acabado.
— Vocês se conhecem a tudo isso?
— Infelizmente. Meu pai e o dela nunca foram próximos. Mas, por causa do tio Alberto, eles acabaram convivendo e eu, por tabela, com esse demônio do avesso.
— Que ela quer do Kiko?
— Uma conta bancária polpuda pra continuar bancando os programinhas privê que ela frequenta, sem ter que esquentar a cabeça se vai ter comida na mesa.
— O pai dela não tem dinheiro também?
— Tinha.
— E por que não tem mais?
— Faliu. E esqueceu de ensinar a filhinha mimada a pegar no pesado pra garantir o próprio sustento.
— Tem certeza que ela não gosta dele, Bola?
— Não, anjinho. Quem gosta dele é você. A Samara só precisa de uma conta bancária com fundo infinito pra sustentar a vida de madame pra qual ela foi criada desde que saiu da barriga da mãe.
E finalmente consegui fazer o anjinho tirar o bico da cara.
— Não sei do que ela é capaz, Bola... E isso me dá medo.
— Não encana com ela, Mila. Deixa que da Samara cuido eu.
— Ihhh... Vê lá o que você vai aprontar, hein?! Tenho mais medo de você que dela.
— Se preocupa, não...
O ponto-e-vírgula por sua vez, também tirando nota zero no quesito tomar conta da mulher, levou um século pra arrastar sua perna até onde eu tava com o anjinho, depois que achou a gente.
— Fica aqui com a sua mulher, que eu vou resolver uma parada. — e intimo meu brother.
— Que aconteceu?
— Depois te dou a ficha.
Larguei o anjinho com o ponto-e-vírgula, que é outro zero-a-esquerda no quesito malandragem, e saí atrás da Samara.
Ele sabe que a Camila é preza fácil pra essas vagabundas. Pra que deixar ela sozinha, ainda mais com a Samara por perto?!
Bom... Esse sermão fica pra depois... Por enquanto, meu foco é outro.
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(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...
RomanceEm meio a um ginásio lotado e duas torcidas adversárias em guerra, surge uma visão inebriante atrás do gol. Algo inexplicável, que mexe com todos os sentidos... Impossível de definir ou... descrever. Sem pensar duas vezes, Cristiano abandona os co...