CAPÍTULO 104 - Porque escolhi a Samara

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E vamos às explicações do Cristiano porque ficou do lado da vagaba-maluca-golpista. Será que ele merece uma terceira chance?

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**Cristiano**

Cheguei no quarto sem rumo.

Como se não bastasse, ela tinha abandonado a aliança sobre a cômoda.

Era inacreditável o que tava acontecendo comigo... Com a gente...

Espremi o anel dentro da mão e chorei feito um desgraçado.

Apesar de merecido, era inaceitável eu ficar sem ela.

Voei na garagem. Lógico que ela não tava mais lá.

Liguei pro celular do Chico. Perguntei se ela tava junto. Discreto, respondeu que sim. Depois, se ela chorava. Outro sim, o que me enterrou mais três palmos pra baixo da terra. E, por último, se ela tava indo pro ap. dela. Mais um sim, o suficiente pra eu pegar o carro e voar até lá.

Eu sei que ela precisa de um tempo, mas eu não posso deixar pra depois.

Fora o medo da Mila fazer alguma merda. E chance tem... Já que eu, pra variar, outra vez pisei na bola com ela.

***

Foi foda ter que ficar do lado da Samara.

A pior decisão da minha vida.

Ela merecia apodrecer numa cadeia imunda e pagar pelo que fez à Camila nas mãos das outras detentas, criminosas de verdade, pra ver se aprendia de uma vez por todas que existe um limite pra tudo na vida. Mesmo que os pais dela nunca tenham ensinado nada desse assunto pra ela.

Meu problema começou, assim que Camila foi prestar seu depoimento pro delegado.

Meu pai me levou pra uma sala, que o delegado emprestou, junto com o Arthur e o advogado da filha dele.

Arthur, sem perder tempo, começou a vomitar uma ladainha infinita no meu ouvido, implorando, chorando... Pedindo piedade pra filha dele.

Sinceramente, caguei e andei pra ele e mantive firme a posição de entregar a Samara pra polícia. Era o que eu deveria que fazer. O correto. Essa maluca tinha que pagar pelo que fez com a minha esposa.

Mas meu problema não era, nem de longe, o Arthur. Muito menos a filha dele...

O Golias de verdade que eu teria de enfrentar, tava de pé, encostado na parede do fundo da sala, braço cruzado, só observando a gente de longe, por cima do óculos.

Eu não tenho medo do meu pai. Nenhum... Nunca tive. Meu medo é da capacidade dele em persuadir qualquer ser-vivo, em qualquer situação a seu favor.

E isso é admirável... Pra não dizer assustador. Algo que nunca vi em qualquer outra pessoa na história do mundo, nem ouvi contar de alguém que tenha visto.

E, pro meu azar e da minha esposa, dr. Alberto, naquele momento, tava do lado do Arthur. E isso, desde o segundo que joguei na cara dele que a Samara tava por trás do sequestro, antes de eu sair de casa e ir atrás da minha esposa, em Itupeva.

Eu segui irredutível debaixo da chuva de implorações do Arthur e do advogado. Mas já sentia o gosto amargo da derrota, só de olhar pra cara do meu pai no canto da sala.

Ele, lógico, assim que o Arthur se deu por vencido, pediu pra ficar a sós comigo.

Ali... Eu vi que perdi.

Dr. Alberto é um ser-humano impressionante. As vezes, acho que nem humano ele é. Nada nem ninguém é capaz de tirá-lo do sério. Muito menos de se contrapor ou divergir em qualquer opinião dele.

Eu acho que sou a pessoa que mais sei lidar com meu pai. Ainda assim, não o suficiente pra me livrar de uma cilada daquela proporção.

Com uma calma ímpar e sem alterar a voz, dr. Alberto relacionou em detalhes tudo que aconteceria à Samara e, por consequência, à família dela, se eu mantivesse a decisão de entregá-la pra polícia.

Ao mesmo tempo que, sem perder a compostura, jogava a responsabilidade da desgraça que tava pra se suceder ao tio Arthur, inteira nas minhas costas.

Lógico, sem deixar de pontuar os desdobramentos do meu ato heróico em querer salvar o dia, pra mim e pra própria Camila.

Eu tava derrotado. Ele sabia.

Não tinha nem a metade do culhão que precisava pra carregar a culpa de destruir a vida daquele que meu pai considera o irmão que ele não tem. Muito menos, de bater de frente com dr. Alberto. Além das retaliações que ele me faria sofrer a partir daquele dia, talvez até o fim da vida dele ou da minha. O que viesse primeiro.

Eu sou capaz de enfrentar meu pai em quase todas as situações. Mas, infelizmente, não naquela.

Sem saída, eu só me calei e deixei ele falar.

Ele me passou em detalhes as instruções do que deveria dizer no meu depoimento, como o perfeito estrategista que é.

Por outro lado, sem que eu precisasse mencionar a palavra "contrapartida", dr. Alberto se deu ao trabalho de listar uma a uma, o que ele tava disposto a oferecer, em troca de eu jogar do lado dele e do Arthur.

E tava tudo lá. Não faltou nada. Era a paz na minha vida. Tudo que eu precisava dele pra ter a vida que eu sonhei com a minha mulher, até o fim dos nossos dias. Não só do lado pessoal, mas do profissional, financeiro e de qualquer outro que eu pudesse nomear.

Impressionante a grandeza dos detalhes e o nível de atenção do dr. Alberto em não deixar absolutamente nada de fora.

Em resumo, era concordar com ele e eu tava no céu. Ou escolher o outro caminho e tornar a minha vida e a da Mila o pior inferno que um ser-humano fosse capaz de enfrentar.

Esse é o dr. Alberto clássico. Em sua mais plena forma. Sem margem pro meio-termo. Tampouco, pra qualquer negociação.

Ironicamente, eu continuava tendo escolha. Meu velho não me negligenciou isso em momento algum.

Mas... Quem escolheria a alternativa dois em sã consciência?

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E aí, meus amores? O que acharam desses capítulos experimentais...? Triste mas a pura realidade num família com um patriarca como dr. Alberto Nunes, né?

Será que existe uma terceira chance pra esse gatinho da Camila? Ou não tem mais volta?

E ela? Como vai se comportar dessa vez? Decidida? Ou ele vai amolecer seu coração e se manter junto a ela até o fim da vida, como prometeu...?

Por favor, digam-me o que acharam, pois estes capítulos extras-experimentais só permanecem na história se vocês gostarem...

Bjs e superobrigada desde já!

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora