Esse pai do Cristiano não facilita mesmo. Mas... Já passou da hora de escutar uns desaforos... Vamos ver o que rolou nesse encontro bombástico...
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**Cristiano**
Apesar de não conseguir muito resultado, eu não perdi a esperança dela voltar pra mim.
Cabulei o trabalho outra vez na segunda-feira. Nos últimos dias, vinha investindo parte do tempo ocioso, descarregando a energia acumulada pela raiva e a falta de sexo nas aulas de Muay Thai. Pelo menos, mantinha a saúde em dia, já que o resto tava uma merda...
A casa continuava vazia. Não via sentido mais naquele ap. sem a minha mulher lá...
Ela é a rainha do meu lar, a dona da minha vida e da minha alma. Difícil reconhecer e dar valor quando se tem todo dia. Mas, fica dois, cinco, sete dias longe pra ver o que acontece...
***
À tarde, resolvi aparecer no escritório. Desleixado. A camisa surrada, a barba por fazer... Mas foda-se! É o que tem pra hoje... Pegar ou largar...
Já fazia dias que não dava o ar da graça por lá. Fora que ainda devia uns relatórios pra Controladoria.
No meio da tarde, liguei pra ela quando ela voltava com o Chico pra São Paulo.
Pra variar... só se esquivando e ocupando o tempo livre com baladas...
Tava foda engolir essas escapadas da Camila. Mas com que direito eu podia exigir qualquer coisa? A merda que desabou em cima da gente veio inteira do meu lado.
***
No final do dia, participei de uma reunião com clientes a pedido do dr. Alberto.
Assim que os caras foram embora, sem surpresas, ele me pegou de jeito na sala.
— Que está havendo?
— Problemas...
— Não quer falar?
— Não.
— Não posso ajudar.
— E nem conseguiria.
— E ela?
— Escapando.
— Ainda?
— Talvez nunca volte.
— Por qual razão?
Revirei os olhos, puto. Acho que dava pra dispensar explicações.
— E desde quando isso é problema?
— Você sabe qual o problema, pai!
— Pelo amor de Deus, Cristiano!
— Você preferiu proteger aquela vagabunda a ficar do meu lado e da minha esposa!
— Sem sentimentalismo. Você não é disso.
— Você entende perfeitamente qual é o ponto, dr. Alberto, porque você não é burro!
Ele me encarou por cima dos óculos, me repudiando com o olhar.
— Se num caso sério como esse, você não ficou do lado dela, pai, quando a Camila vai poder contar com você?
Cercado, ele não respondeu.
— Por que escolheu ficar contra a gente?
— Eu não fiquei contra vocês. E você sabe as razões, Cristiano.
— Não, pai! Eu não sei. Pra mim você preferiu livrar a cara de uma bandida, que defender a sua nora!
— E o que a Camila tinha a perder?
— Ela passou a noite nas mãos dos seqüestradores sem saber o que ia acontecer...
— Eu entendo. E depois?
— A Samara devia pagar pelo que fez. Só assim essa doida tinha alguma chance de aprender que o mundo não tá à disposição dela.
— A Samara está perdida, Cristiano. As dificuldades que Arthur vem passando não são poucas.
— E você ainda queria me juntar com essa maluca. Isso foi, no mínimo, bizarro.
— Isso foi antes do sequestro.
— E desde quando o sequestro mudou o que a Samara é?!
— Para os pais, um filho nunca é caso perdido... O dia que você tiver os seus, talvez entenda o que quero dizer.
— Talvez a Camila nunca me perdoe por fazer parte dessa tramóia.
— Isso só depende de você. Se quiser tê-la de verdade... — e deixou a frase no ar.
— Disse tudo, dr. Alberto! De verdade. E não forçada a ficar comigo.
— É possível influenciar a opinião dela. Você sabe disso...
— As vezes tenho vergonha de ser seu filho.
Ele não replicou a provocação.
— Você subestimou a Camila, pai. Achou que, porque ela gosta de mim, podia engolir qualquer história que ia ficar tudo bem.
Outra vez o silêncio. Mas, tava com um semblante pensativo.
— Esse foi seu principal erro, dr. Alberto. Subestimar a minha mulher.
Nada... Não ressoava.
— Ainda que eu consiga que ela volte pra mim, talvez a Camila nunca te perdoe.
— Talvez não. — finalmente um sinal de vida...
— E você ponderou essa hipótese antes de escolher a Samara?
Ele se calou outra vez, pensando na resposta.
— Eu assumi o risco, Cristiano. O estrago para mim, em relação a minha nora, é muito menor do que seria para o Arthur em relação a filha dele. — eu não concordava. Mas não deixava de ser uma boa resposta.
— Bom... Talvez hoje você tenha razão. Mas, daqui uns anos, quando os netos tiverem por aí... — e larguei a ideia no ar.
Eu sei que esse assunto é o único capaz de tirar o sono do meu pai. Afinal, todo carrasco de coração de pedra tem seu ponto fraco. O dele é a família. A continuação da espécie. Sangue do seu sangue. O poderoso e inabalável clã dos Nunes.
— Ainda tenho um bom tempo até lá. — desconversou. Mas tava incomodado.
— Acha que consegue reverter?
— Devo ao menos tentar.
— Não conte comigo.
— E por quê?
— Porque você merece pastar na mão da Camila, pai! Como eu tô pastando agora! Só pra sentir o gosto e ver se, da próxima vez, não a subestima do jeito que fez.
Ele expirou um não-sorriso forçado. A cara indigesta de quando a conversa não desce bem.
— Vou pra casa. — e dei as costas pra ele.
Mas, antes de sair...
— Talvez seja melhor para você nem retomar essa relação. Está te fazendo mal.
— Se você cogitar qualquer contra a minha mulher depois do que fez, dr. Alberto, eu juro pelo que você pensar que nunca mais vai ver a minha cara na sua frente. Não apareço nem pra jogar a última pá de cal em cima do seu caixão! — e soquei a porta atrás de mim com uma raiva beirando a insanidade. Queria que tivesse partido no meio.
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(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...
RomanceEm meio a um ginásio lotado e duas torcidas adversárias em guerra, surge uma visão inebriante atrás do gol. Algo inexplicável, que mexe com todos os sentidos... Impossível de definir ou... descrever. Sem pensar duas vezes, Cristiano abandona os co...