Ah! E tava demorando mesmo pro Bola dar o troco... Vejam só o que ele aprontou pra Samara...
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**Bola**
— E aí, Samara!
— Fala, Juliano...
— Cê tá bem?
— Eu tô ótima! Aliás, muito melhor que você, diga-se de passagem. — essa mina passou na fila da escrotisse umas cinquenta vezes. — Você andou engordando mais, não?!
— Não vim aqui pra falar de mim, Samara. Só vim te avisar que tô de olho em você e, se fizer qualquer coisa contra a Camila, eu não vou ser mais adorável e simpático como tô sendo agora.
— Deixa de ser ridículo, Bola!! Só o que me faltava você tomar as dores dessa roceira metida a virgem!
— Bom... Não diga que não avisei...
— Se você não sabe, Juliano... fique sabendo em primeira mão que eu sou prometida do Cris! Tá me entendendo??!! PRO-ME-TI-DA!! — e pronunciou sílaba por sílaba.
Agora a vagabunda saiu de órbita de vez...
— É só estalar os dedos que esse casamento de mentirinha evapora no ar, junto com o castelinho de areia dessa roceira! — e continua com a sua "viagem-de-ácido".
Eu desisti do bate-boca e parei meus olhos na vagabunda. Nem sei quem tava mais louco ali... Se eu, depois das doses intermináveis do whisky vinte anos que tio Alberto pôs na roda, ou a Samara, com seu ataque de primeira dama corna da sociedade aristocrática.
— Você não tá acreditando em mim, né? — e me lança seu olhar de superioridade, as duas mãos na cintura, o nariz empinado. Eu diria, a caricatura perfeita de vilã dessas novelas de quinta categoria que passam por aí...
— Pois não dou uma semana pra você ouvir falar desse assunto, Juliano! UMA-SEMANA...
Eu lancei meu melhor olhar de "tô realmente muito interessado em saber...", o que deixou a rameira mais puta da vida.
— Tio Alberto deve isso pro meu pai!! — e cuspia fogo pelas ventas. — Pro meu pai!!! E meu pai tá pronto pra ir lá cobrar a dívida, já que seu amiguinho, pelo jeito, não vai fazer a parte dele.
Respirei fundo, abanei a cabeça e lancei meu olhar digno de pena pra infeliz.
— Já terminou?
— Vai se foder, seu gordo idiota! — e atirou a taça de champagne na minha direção. Sorte que, com sua "excelente" mira, nem meio passo pro lado e eu tava fora da rota da taça de cristal cheia de grife da dona Valentina, que obviamente se estatelou no chão.
— Isso ai é Veuve Clicquot*, ignorante! Eu no seu lugar tratava de se comportar bonitinho. Da família falida que você vem, sabe quando vai ter outra chance de molhar o bico numa bebida dessa?
— Ai!!! — e o demônio dá um berro de raiva e sai socando sua "perna-de-pau" pelo meio da festa.
— Uma ótima noite pra você também, gata borralheira... — eu berro na altura ideal pra ela ouvir.
Virei as costas e saí fora pro lado oposto.
Mas... como você deve imaginar, minhas providencias não tinham nem começado...
Juntei os quatro moleques que tavam tocando um puteiro medonho ali na festa, correndo de um lado pro outro... Azucrinando todo mundo...
Dois deles eram irmãos do segundo casamento do pai do Baiacu. Os outros eu não conhecia, mas fechava a "Equipe do Bola" com chave de ouro.
Rodei pela casa, arrastando os moleques atrás de mim, pra achar a arma que eu tinha em mente pro momento mais especial da noite.
E lá estavam elas... Inúmeras bolinhas de vidro pouco menores que bolinhas de gude, dando sopa dentro dos vasos de flor da dona Valentina.
Com um bom xaveco, convenci eles a partirem pro ataque.
No momento que nosso alvo passeava com sua prepotência pelo meio da sala, os moleques surgiram na surdina espalhando as bolinhas de vidro pelo chão.
A vagabunda caiu feito um pato, literalmente.
O tombo que ela tomou foi tão feio, que o vestido veio parar na cabeça e a mão ficou parecendo um pão-de-ló de tão inchada.
Ajudaram a infeliz levantar do chão, puseram no sofá, deram uma bolsa de gelo pra ela... Quando cogitaram levar pro pronto-socorro, a mina virou um lobisomem do avesso de pensar na possibilidade de cair fora da boca-livre. O que é bem a cara dela...
Os moleques tomaram uma puta bronca. Ficaram de castigo. E lá fui eu levar cigarros... Ops! Doces surrupiados da mesa do parabéns do tio Alberto pra eles na "prisão". Afinal, tinha minha culpa no cartório...
Fiquei lá, trocando uma ideia com eles, elogiando a performance impecável na "missão derruba vagabunda". Depois, voltei pra festa atrás dos pais dos garotos pra negociar a alforria deles. Mais um tanto de lábia e eles tavam livres de novo.
Terceira parte da missão era puxar o ponto-e-vírgula de lado pra esclarecer o papo bizarro da tal da promessa e passar-lhe um bom sermão.
Dei a letra pro Cabeça, que distraiu o anjinho por minutos, até eu terminar a minha "missa".
Iniciei a conversa de homem pra homem com uma senhora bronca no seu Cristiano, por ter largado a mulher sozinha naquele território "minado", cheio de vagabunda pra querer ferrar a Camila.
Aliás, seu Cristiano Nunes é outro inocente. Igual a mulher dele...
Indiscutível que esses dois nasceram um pro outro, inclusive nesse quesito...
Bronca dada, agora vamo pro que interessa!
— Que porra é essa de você ser prometido pra vagabunda da Samara?
— Como é que é?
— Quando eu fui tirar satisfação com ela do lance com a Camila, a vagabunda me jogou essa na cara.
Meu brother ficou branco feito cera, o que me deixou bem preocupado.
— Ponto-e-vírgula... Se você tiver zuando a Camila outra vez, te juro que mando apagar você e faço parecer acidente.
— Não tem porra nenhuma de promessa, Juliano! — vermelho feito um pimentão, esmagando o copo na mão. Acho que nunca vi o Cristiano sair do corpo naquele grau.
— Então, pode começar a se explicar...
Ele matou o resto do whisky num gole, puxou o ar com vontade... e se desembestou a dar suas satisfações.
Falou, falou... Se explicou... Jurou de pé junto mil vezes que dizia a verdade...
Bem... Confesso que não me dei por convencido. Mas, se tudo que ele disse é verdade e se ele cumprir o que prometeu pra mim... tô sossegado por hora.
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Significado das gírias e expressões do texto
Veuve Clicquot* — Champagne francês de excelente qualidade e preço elevado.
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(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...
RomanceEm meio a um ginásio lotado e duas torcidas adversárias em guerra, surge uma visão inebriante atrás do gol. Algo inexplicável, que mexe com todos os sentidos... Impossível de definir ou... descrever. Sem pensar duas vezes, Cristiano abandona os co...