CAPÍTULO 121 - Barzinho com surpresa estragada

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E hoje quem passa apuros é a Camila... Merecido né? Depois desse chove não molha que ela faz com o Kiko. E será que esse é um bom sinal?! E bom pra quem, hein!? 

Isso é o que saberemos...

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**Camila**

Assim que a aula acabou, lá fomos nós!

Era um bar-balada com mesa reservada pra aniversariante e doze convidadas confirmadas. Só mulherada. Imagina a bagunça? Confesso que eu tava animada, apesar dos dias no purgatório que vinha passando.

Atravessamos quinze minutos de fila na porta e logo a hostess nos levou até a mesa. 

Dez minutos passados, tô imersa num papo empolgado, quando olho de soslaio pro balcão e, adivinha?

Ainda levantou a cerveja em brinde pra mim com seu sorrisinho mais petulante.

Fui direto até lá.

Tentou, mas não deixei me beijar na boca quando me cumprimentou.

— Veio mesmo?

— Não disse?

— Vai ficar insistindo...?

— ...Até você topar acertar as contas comigo. — e completou minha frase.

— A festa é só pras meninas. Viu?

— E os urubus rodando em volta? Já contei uns dez só nesse canto aqui. — e aponta pra um grupo duns quatro meninos.

— Que bobagem! Anda enxergando demais...

— Pra proteger o que é meu, visão além do alcance ainda é pouco.

— Virou o Lion do Thundercats* agora?

Rimos a valer.

— Tô apelando pra qualquer coisa.

— Eu não concordo. E tô cada dia mais brava com você.

Ele esticou os lábios, chocho.

— Vamo resolver nossa vida quando?

Eu não tinha a resposta. Não ainda... E ele tinha pressa, óbvio.

— Vem até a mesa comigo? — e o convidei no intuito de me esquivar da intimada.

Mas antes da gente deixar o balcão...

— Cris!!! — chega uma sirigaita metida a modelete, um pau-de-virar-tripa de tão magra, vestido a vácuo colado no corpo, se enroscando nele sem pedir licença — Quanto tempo, Cristiano! Deve fazer uns três anos, não?!

— Oi, Jamile. Tudo bem? — ele parecia fazer mais questão de dar atenção pra esse tipo de "coisa" que antes.

Apoiou a mão na cintura da vara-de-cutucar-estrela e puxou o rosto dela pra um beijinho caprichado, dado que a referida ainda era uns dez centímetros mais alta que ele, por conta do salto.

Ceninha de ciúmes será? Não sei se era a intenção. Só sei que ele tava conseguindo...

Estômago virado do avesso, cruzei o braço e fiquei batendo o pé do lado.

Ele levou uns trinta segundos até me introduzir ao papo, que já tinha passado por Paris, Milão, Tokyo, Nova Iorque, dado que a "fofa" ainda era modelo internacional e das famosas, pelo jeito que se vendia pra ele.

— Essa é a Camila.

Oi?!! E a Camila é o que sua, hein, Cristiano!!!?? Ainda me apresenta pra sirigaita como se eu fosse ninguém.

— Mila... Essa aqui é a Jamile, uma amiga...

— Amiga, Cris?! — a infeliz ainda reprime o risinho cínico dentro da mão.

Comecei a passar mal de verdade. É sério... Nunca pensei que pudesse incomodar tanto.

Ele ficou sem-graça. Talvez não esperava a vagaba sendo tão espontânea.

— A gente podia combinar qualquer coisa dia desses. Fico em São Paulo o mês inteiro. Anota meu telefone...

E não é que o desgraçado anotou mesmo?!

— Eu tô indo lá, Cristiano. — depois dessa, deu pra mim. Juro...

Virei as costas, mas antes de conseguir evaporar no ar...

— Espera, Mila! — ele prende minha mão a sua e me puxa pra perto dele. — Eu vou com você. — e se despediu da "tripa" que, olhar no horizonte, não fez a menor questão de dirigir nem um suspiro pra mim. Como se eu não existisse.

Eu tava transfigurada. Vermelha de raiva. Louca de vontade de voar pro banheiro e chorar de soluçar. Ou encher a cara lavada dele de bordoadas até mudar o tom da pele acobreada pra roxo sombreado.

Do alto dos meus um e sessenta e cinco e salto baixo, me senti uma formiguinha diante dos dois.

Fora o ciúmes, sentimento de posse... O amor... E qualquer coisa mais que se possa extrair duma prova-de-fogo daquela.

Fomos até a mesa das meninas, mudos.

Elas, lógico, o convidaram pra sentar.

Ele, sem-jeito, aceitou a gentileza e se ajeitou do meu lado.

Eu não conseguia nem olhar pra cara do cidadão. Muito menos interagir.

Ele, que de bobo não tem nada, segurou minha mão, atravessou o braço por cima da minha cadeira, ensaiou carinho no meu rosto, cabelo, ofereceu pra pedir uma bebida pra mim.

Até que desistiu e propôs outro caminho.

— Quer ir embora?

— Não sei o que eu quero. Sinceramente. — virei a cara emburrada pro lado, ainda queimando por dentro.

— Vamo indo... Você pensa no caminho. — entendendo perfeitamente o duplo-sentido da minha resposta.

— Tem certeza que sou que você quer dentro do seu carro...? — e o encarei pela primeira vez desde que sentamos na mesa.

— Absoluta. — ainda me deu um daqueles sorrisos desmonta-Camila que faz o cérebro devanear.

— Beleza... Agora me entrega o celular.

— O quê?

— O celular. Agora. Na minha mão. — eu já tava de pé, em frente à mesa, com a palma da mão aberta na cara dele.

Ele se levantou, colocou o aparelho na minha mão, me desafiando com o olhar e rindo escrachado.

Que ódio!!!

— Vai deletar o número da vagabunda, ou prefere ficar sem o brinquedinho?! — ameacei, segurando o celular pela antena sobre o balde de gelo que, aquela altura, já tinha virado um balde d'água.

— Você decide.

— Minha vontade é afogar esta porcaria.

— Vai em frente...

— Não vai nem brigar?

E veio outro sorriso de calar a Camila, em resposta.

— Destrava. — devolvi pra ele digitar a senha, que obedeceu sem questionar.

Andei na agenda, achei o número da infeliz e apertei o botão de implodir!

Se fosse só por mim, jamais deixaria ele me levar pra casa, pela raiva que me fez passar. Mas largar o amor da minha vida pra trás com uma Jamile na área querendo dar pra ele feito cadela no cio. Pera aí, né?! Não há projeto de mulher independente que segure uma onda dessas...

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Significado das gírias e expressões do texto

Thundercats - desenho exibido pela rede Globo nos anos 80, que tinha Lion como o líder do grupo de felinos e Mum-ha como o principal inimigo dos Thundercats

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora