CAPÍTULO 42 - Operação de Guerra no Venture

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E ai, meus amores?!

Preparadas??! Porque esse gatinho da Mila vai passar mal bocados ainda. Agora... quero só ver vocês aguentarem vê-lo sofrer... 

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**Camila**

Voltei pra São Paulo domingo à noite.

Por sorte, meu pai conseguiu que o seguro liberasse um carro alugado. Fui dirigindo, mesmo com o braço parcialmente imobilizado, pois precisava do veículo pra retomar minha rotina pirada.

Segunda-feira, minha licença do trabalho expirou.

E lá fui eu, me representar à minha chefe boçal, às nove da manhã daquele começo de semana tenebroso.

Era uma loucura continuar com a jornada dupla do estágio e faculdade, mas, ao menos, eu tinha uma razão genuína pra ocupar a cabeça e afastar os pensamentos traíras que me levavam direto pro meu "finado" gatinho na menor distração.

O dia se arrastou lentamente, assim como as aulas na escola à noite.

E o tempo todo as ligações não paravam.

Era dia, tarde e noite... Recados incontáveis e o sofrimento de não conseguir tocar minha vida em frente com a ausência dele consumindo a alma por dentro.

Na saída da escola, eu dei um jeito e fui embora por uma porta alternativa, evitando a possibilidade de encontrá-lo.

Mas, sinceramente... Nem sabia se aquele desalmado ainda tava indo até lá...

***

Quarta-feira, eu fazia uma reunião de rotina com a Alícia, minha "digníssima" chefe, na mesa dela, quando seu Torres, diretor geral do Banco, convoca uma reunião extraordinária com todos os gerentes e diretores.

Alícia voltou vinte minutos depois com a pior notícia que poderia.

— Amanhã às duas, temos uma visita de investidor.

— Já tava programada?

— Lógico que não, , Camila?! Se tivesse, eu saberia. — superazeda e se sentindo profundamente ofendida, dado que ela se achava a sabe-tudo por dentro de toda e qualquer informação oficial e oficiosa, que percorria o Venture de cima a baixo.

Nem preciso contar que a tal visita de investidor era a perfeita combinação do caos.

Receber um pica-das-galáxias do dia pra noite, a toque de caixa, sem o mínimo de antecedência pra que as áreas conseguissem se preparar era pior que ver o inferno engolir a Terra, ainda mais no estado em que eu me encontrava.

Seu Torres, nosso diretor geral, sem novidades, declarou "Estado de Sítio" no Venture. E lá fomos nós parar tudo o que fazíamos pra preparar a casa pro tal do pica-das-galáxias.

Me disseram ser normal receber três ou quatro dessas por ano. Mas, pra minha "sorte", eu tava no estágio há menos de dois meses e já passava pela segunda visita-hecatombe.

 ...Isso tudo pra completar o fatídico período das trevas que combinava um acidente recém sofrido, um rompimento de namoro do mais traumático e um estado de absoluta fossa que não me abandonava nem quando eu dormia.

Indo direto ao plano de guerra propriamente, pra que visita fosse o sucesso absoluto, tudo o que tínhamos que fazer era:

**sumir com os cacarecos de cima da mesa — deveríamos mostrar organização;

**atualizar os quadros e painéis de gestão à vista das paredes — deveríamos mostrar produtividade;

**deixar o trabalho mais desafiador pra ser feito no momento da visita. Geralmente sua planilha excel mais bonita ou sua apresentação de power point mais pirotécnica — deveríamos mostrar que éramos foda;

**e, por último, a mais importante regra de todas: durante a visita, estagiário que se preze não deve olhar pros lados, se mexer na cadeira, atender o celular e nem respirar se conseguir.

Eu, o Vitor e os "estags" das outras áreas éramos a mosca-do-cocô-do-cavalo-do-bandido na hierarquia do banco. Por isso, em regra, deveríamos ser quase transparentes.

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora