CAPÍTULO 33 - Sequelas de um rompimento traumático

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E finalmente, voltamos à Camila para saber como ela está reagindo... 

Nem preciso dizer que fundo do poço é pouco para o que ela se sente. Mas... Tudo há de se ajeitar... De uma forma ou de outra... :-/

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**Camila**

No dia seguinte, acordei medonha. Um mal estar... além da cabeça e do braço que doíam um absurdo, já que não tinha comido nada, nem tomado os remédios que precisava.

Era difícil colocar o pé no chão e seguir em frente depois de tudo.

Pra não dizer, impossível...

Meu celular vibrava sem parar sobre criado-mudo. Quando acessei a caixa-postal... Seis recados em sequência...!

Ai que ódio!!

Como eu pude acreditar naquilo tudo...? E ter caído feito um pato na conversa daquele mentiroso desalmado...?

Eu me senti a mais tola, ingênua e despreparada dentre todos os seres do universo.

O Kiko foi tão perfeito pra mim que, às vezes, até duvidava se era real. Se ele era real...

Eu sempre tive medo de me apaixonar e não ser correspondida. Ou pior, de gostar da pessoa errada. Já vi tanta amiga minha sofrer por amor. Por gostar de alguém e não ter a contrapartida, ser traída, maltratada ou simplesmente ignorada.

Quando conheci meu gatinho, desde o primeiro dia que a gente ficou, ele nunca me deu razões pra ter essa insegurança. A gente construiu junto a nossa relação, os sentimentos mútuos, a confiança, o companheirismo, o que me ajudou a superar a angústia inexplicável. Esse medo de gostar de alguém que eu sofria até então.

É claro que o nó no estômago de tar mergulhando num precipício escuro nunca me abandonou. Mas isso parece ser uma regra quando se ama alguém a valer. E o Kiko valia o risco desse mergulho. Aliás, ele valia qualquer risco.

Mesmo que ele nunca tenha me dado razão, eu não entendia porque uma ponta da agonia incontrolável ainda vivia dentro de mim.

Agora, pro meu desespero, tudo mais do que claro. Todos os monstros que me assombraram a vida inteira tinham emergido das trevas e agora corriam atrás de mim.

Além do rompimento traumático e repentino com a pessoa que amo mais que a minha vida, foi constrangedor eu me dar conta que passei seis meses dentro de uma peça de teatro, sendo enganada por ele e, provavelmente, pelos amigos dele. Eu sou literalmente a idiota que fez o papel de bobo-da-corte. E me senti a coisa mais medonha que o mundo fosse capaz de expelir.

Pior que cocô... Pior que tudo... Mais insignificante que o nada.

Por outro lado, foi até bom eu tomar esse tombo medonho, pra deixar de ser boba e parar de acreditar em tudo que dizem.

Eu também fiz minha parte por merecer esse castigo...

***

Depois de chorar litros, finalmente tomei coragem, saí da cama e rastejei até o banheiro. Em seguida, fui arrumar algo pra comer. Apesar da fome inexistir, eu precisava ter alguma coisa no estômago pra que os remédios não fizessem um buraco lá, quando descessem goela abaixo.

Assim que terminei, me afundei no sofá e voltei a repensar em tudo, como um filme que passava diante dos olhos.

Chorei... e chorei... sem conseguir me controlar...

Eu fui enganada, iludida, feita de trouxa... Ao mesmo tempo que, o que eu sinto pelo MEU Kiko, por mais que eu saiba que ele não existe, é forte demais pra conseguir superar da noite pro dia.

Por fim... A recuperação do acidente, daqui pra frente, seria o menor dos meus problemas.

Sem condições e sem coragem pra levantar do sofá e respirar, eu precisava da minha amiga ali, comigo.

Liguei pra Luiza, expliquei rapidamente o que aconteceu.

Ela, como não poderia deixar de ser, disse que só ia terminar as pendências do trabalho e já corria pra cá. Sorte que, ao contrário de mim, ela tem uma chefe superbacana que quebra "árvores inteiras" pra ela, quando ela precisa.

***

— Como você , minha amiga? Quase tive um treco quando me ligou no sábado, contando do acidente.

— Disso, até que bem. O pior foi o Kiko... — e nem terminei a frase, já me pondo a chorar.

— Mas o que houve com vocês?

— Você não vai acreditar, Lu.

E comecei a contar o que tinha se passado, por cima.

— Meu Deus! Mas quem é ele afinal?

— Não sei mais nada. E nem quero saber... O que eu sei é que ele não é nada daquilo que passou seis meses me fazendo acreditar que era.

— Mas fala o que ele disse.

E contei as informações que aquele desalmado-mentiroso tinha dividido comigo.

— Vou ligar pra Rebeca! — e a Luiza me surge com essa, do nada! 

Pra quê??!!

Pra pedir o telefone de uma daquelas amigas dela que estudam na JK.

— Eu não quero saber de nada, Lu! Não quero ter contato mais. Pra mim, dane-se ele, quem ele é, a vida dele... Não importa mais... — eu despejava aquele monte de palavras, querendo acreditar que conseguia enganar alguém.

Que pretensão... Eu falar e uma vaca mugir era a mesma coisa pra teimosa da Luiza... Ainda mais, naquela situação...

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora