E agora... com vocês... a ultra-poderosissíma socialite paulistana Dona Valentina... Mais conhecida por aqui como mãe do KIKO.
Vejam só como é esse mulher de pertinho e a relação dela com o filho...
Deliciem-se com a Mila e do Kiko...
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**Cristiano**
Já que, por regra, a desgraça adora companhia, pra completar minha passagem pelo purgatório com honras ao mérito, no fim de semana logo depois do acidente da Camila era o aniversário da minha mãe.
Seria impossível eu dar o cano.
Sou filho único. Minha mãe faz questão absoluta desses momentos especiais do calendário letivo, além de eu estar mais ausente que filho que mora fora do país na vida dela, nos últimos meses.
Minha vontade era ter ido com a minha linda e os sogros, até São José. Mas não rolou...
E lá fui eu dar um pulo na casa dos meus velhos, sábado à noite, "arrastando um bode*" do tamanho de um trem atrás de mim.
Cheguei, troquei uma ideia com os brothers, que deram uma passada por lá também, já que nossos pais são amigos, mas, sem clima algum pra festas, me recolhi num canto com um copo de cerveja.
Sozinho... De cara amarrada... Era o prato cheio pra dona Valentina "colar na minha bota".
Quando me dei conta, ela tava perto demais pra eu escapar.
— Você está tão tristinho hoje, filho... Que houve? — e se aproximou, alisando meu rosto. Típico gesto da dona Valentina.
— Nada, mãe.
— Mamãe fica aborrecida de ver você assim. Podia me dar um sorriso de presente de aniversário, não? O que acha?— e não pude não rir do jeito que ela me manipulava.
— Bem melhor assim... — já se enroscando em mim. — Onde está sua namorada? Achei que fosse trazer para eu conhecê-la, de presente de aniversário.
— Outro presente? — e zombei com ela, dando um gole na cerva.
A real é que não tava nem um pouco a fim de falar da Camila pra minha mãe.
— Hoje seria o dia ideal para apresentá-la à sua família. Esperava por ela aqui... — insistente, ignorando minha "podada".
— A Camila sofreu um acidente, mãe. — tive que contar, senão, ela não ia dar sossego.
— Que horror, filho! Por que não me disse antes? Quando foi?!
— Quinta-feira.
— Meu Deus! Ela está bem? A gente poderia ter adiado a festa.
— Não se preocupa. A Camila tá bem dentro do possível. Foi com os pais pra São José. Segunda-feira tá de volta...
— Que tristeza, meu amor. Agora mamãe entende esse olhar murxinho. — e apertou os braços um pouco mais contra a minha cintura. — Mas ainda quero conhecê-la, hein? Não vou desistir, enquanto você não me apresentar.
— Pode deixar, dona Valentina... Assim que ela melhorar, eu trago aqui.
— Vou cobrar mesmo... E não quero mais que me chame desse jeito. Você sabe que sua mãe se aborrece. — se referindo ao "dona Valentina".
Ela sempre odiou que eu a tratasse pelo nome, já que eu fazia isso só pra provocá-la, quando a gente brigava ou ela me proibia de alguma coisa, nos tempos que ainda vivíamos sob o mesmo teto.
— Tá certo... — e retribuí o abraço que ela me dava sem economias.
Não era dia de discutir...
— E está tudo bem entre vocês?
— Tudo.
— Você gosta dela?
— Demais.
— E ela merece esse meu menino lindo aqui? — espalhando outros vários beijos melados de batom no meu rosto. Já devia tar todo "carimbado".
— Mais do que eu mereço ela... — devolvi, com uma sinceridade de tirar qualquer mãe do sério.
— Não fale assim, Cristiano!!! Você é um menino de ouro. Não se desvalorize desse jeito.
— Quando você conhecer a Camila, vai entender do que eu tô falando.
— Não concordo! Vocês podem se merecer igualmente. Mas ela te merecer mais... Não concordo mesmo! — e me deu mais uns dez beijos-carimbo. Minha cara devia tar inteira cor-de-rosa já...
Eu devolvi um sorriso conformado sem dizer mais nada. Não adiantava discutir com a dona Valentina. Ela sempre tem razão...
Em qualquer situação, ela é a dona absoluta e incontestável da verdade.
Meu pai observava a gente de canto de olho o tempo inteiro.
Ele tava no meu pé feito urubu na carniça pra eu dar mais atenção à dona Valentina.
E eu, de saco cheio dele...
Mas, em relação a isso, não podia negar... Ele tinha certa razão.
Não passei nem perto dos "top cem" filhos mais naturados do mundo, nos últimos seis meses. Talvez nem dos "top mil". Mas eu sabia que esse período de reclusão tava pra acabar. De uma forma ou de outra, eu teria que por um fim àquele plano.
Por sorte, minha mãe foi atrás do meu pai logo depois que saiu de perto de mim, o que me poupou de escutar outro sermão do meu velho, já que ela devia ter passado a ficha do acidente da Mila pra ele.
Esperei o famigerado "parabéns pra você", que não chegava nunca, pra sair na foto da família — minha mãe sempre fez questão dessa baboseira — e joguei a bomba ninja, zarpando da festa à francesa antes mesmo de começarem a servir o bolo.
Não tinha o menor clima pra continuar ali.
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Significado das gírias do texto
"arrastando um bode*" - expressão sinônima de "completamente sem ânimo".
"colar na minha bota" - expressão sinônima de "chegar junto"e também pode ser sinônima de "pegar no meu pé".
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(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...
RomanceEm meio a um ginásio lotado e duas torcidas adversárias em guerra, surge uma visão inebriante atrás do gol. Algo inexplicável, que mexe com todos os sentidos... Impossível de definir ou... descrever. Sem pensar duas vezes, Cristiano abandona os co...