Esse dr. Alberto é cheio de surpresas mesmo... Dá pra entender esse comportamento dele depois de toda a besteira que fez com o filho? Acho que não, né...?
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**Cristiano**
Terça-feira, fui trabalhar cedo.
Dr. Alberto entrou na minha sala sem bater, perto das dez da manhã. Parecia tranquilo. Desarmado... Outro em relação ao dia anterior.
Ajeitou-se na cadeira em frente a minha e puxou conversas aleatórias sobre a Performer, me passando relatório da última semana que fiquei ausente, até chegar no ponto que queria...
— E como você está?
— Uma merda. Pensa você o que é acordar e não ter minha mãe do lado.
Sem reação...
— Pensou?!
— Não.
— Então pensa.
— Sua mãe nunca foi de sair de casa.
— Mas ela também não teve o sogro que a minha mulher tem.
Ele expirou um riso forçado. Esse era o jeito do dr. Alberto matar um assunto que desagrada.
— Sua mãe ligou para a Camila hoje. Conversaram um tempo. — estranho dr. Alberto me prestando contas... — Ela perguntou quando vocês reatariam. Sua esposa falou que não estava preparada ainda, mas que não guardava mágoa.
Eu já sorria idiota.
— Ela vai voltar para você, filho. Tenho certeza. — meu pai, sentimental? — E por bem... — bom... Nem tão sentimental assim.
— Nem brinca com isso, dr. Alberto. É por bem ou por bem. Não dá pra forçar a barra com ela. Não com a Camila.
Ele esticou a boca. A cara indefinida... Cartão de visita oficial dele.
— Vão se ver hoje?
— Provavelmente.
— E já conversaram...?
— Não o suficiente.
— Hum... — e coçou o queixo.
— Deveria ser o próximo passo.
— O duro é conseguir...
— E o que te impede?
— Minha mulher é fechada, insegura. Geralmente foge de problema... Imatura, pai. Como qualquer uma na idade dela.
— Difícil...
— Nem fala.
— Acertar as contas é único meio de vocês se entenderem.
— Eu sei.
— Surpreendente essa paciência. Nunca foi seu forte.
— Até nisso minha esposa ajudou, dr. Alberto.
Ele me sorriu solidário. Meu velho tava irreconhecível como pai e, menos ainda, no papel conselheiro amoroso. De qualquer jeito, era muito esquisito. Sei lá...
O que sei é que ele nunca dá ponto sem nó. Não entendi nada do papo sem pé nem cabeça que rolou ali. Ainda mais depois do episódio do dia anterior.
— Dá para encarar o Ulisses hoje? — Ulisses é um cliente importante.
— Que horas?
— Cinco.
— Qual assunto?
— Revisão da carteira e governança da Rotunda.
— Beleza.
Ele se levantou da cadeira.
— Mais alguma coisa?
— Traz sua mulher para casa.
— Se depender de mim, em meio minuto. — e até ri da simplicidade do dr. Alberto. Como se fosse fácil...
Apesar das razões desconhecidas, era engraçada essa troca de figurinhas... Nunca me imaginei tomando conselhos do meu velho. Justo ele que não "desperdiça" tempo com nada. Tava realmente irreconhecível. E eu perdido, tentando entender o que ele ganha com isso.
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(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...
RomanceEm meio a um ginásio lotado e duas torcidas adversárias em guerra, surge uma visão inebriante atrás do gol. Algo inexplicável, que mexe com todos os sentidos... Impossível de definir ou... descrever. Sem pensar duas vezes, Cristiano abandona os co...