Camila passando perrengue no trabalho, além da vida pessoal que já tá um caos... Será que ela se sairá bem nessa visita? Isso é o que vamos descobrir... ;-)
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**Camila**
Era dez pras duas e eu tava prestes a implodir de tensão. Suava frio; as mãos formigavam; não conseguia mais sentir direito os pés...
Minha chefe deu tanta pressão em mim e no Vitor, o outro estagiário do Marketing, por causa dessa visita, que eu chegava a delirar de pavor em pensar se algum mínimo detalhe desse errado.
O roteiro com o tal do pica-das-galáxias já tava traçado no gabarito.
E era sempre assim... Um anônimo. Não sabíamos nada dele. Quem era; o que fazia; qual o nome. Só conhecíamos o tamanho da pica de ouvir falar e a sua origem: diretamente das galáxias.
Como eu sentava de costas pro resto do escritório e meu computador era o primeiro a ser avistado por qualquer um que se aproximasse da nossa baia, eu, a estagiária-café-com-leite, no instante em que o famigerado pica-das-galáxias pusesse o pé ali, só tinha que enterrar a cabeça dentro de uma planilha extremamente pirotécnica e prender a respiração pra parecer mais insignificante que um vaso atrás da porta.
Se não desmaiasse, juro que já ia me considerar no lucro depois dessa.
***
Lá pelas duas e meia começo a escutar vozes... Muitas vozes. Todas masculinas. Parecia um bando de lobos uivando dentro da matilha. A exceção era a voz estridente da minha chefe que, a partir de um certo momento, começou a se sobressair e, até onde eu consegui absorver, ela apresentava nossa área pro tal do investidor, em polvorosa.
Entrei em módulo hipnose e fixei um número dentro da planilha, rezando um terço inteiro pra que aquela maldita visita-tortura finalmente chegasse ao fim. Mas a mulher não parava de falar um segundo sequer, pro meu completo desespero.
E não foi tão difícil deduzir o porquê, já que era a chance que a lambisgóia tinha de se mostrar pro pica-das-galáxias e quem mais estivesse ali, lambendo o chão pra ele passar.
De repente...
— Camila? — uma voz me chama.
Eu tava tão em órbita, que não sabia se era um delírio ou se eu tinha realmente escutado o chamado.
— Mila? — e quando a voz repetiu meu nome...
Não... Isso não é possível... Devo tar muito fora de mim...
— Mila? — e a voz me chamou pela terceira vez, dessa vez sussurrando baixinho em meu ouvido.
Instintivamente, olhei pro lado e, como se não houvesse mais nada de bisonho a me acontecer, aquele desalmado se materializava ali, com seu rosto a milímetros do meu.
— Kiko??? — eu devia estar pálida.
— Oi, linda... — e me surpreendeu com um beijo na têmpora.
Eu não sabia o que fazer.
Parecia um sonho... Não! Um pesadelo! Nem sei definir.
Girei a cadeira e levantei me escorando como podia na mesa.
— Oi, Kiko... — e finalmente o cumprimentei.
— Oi, Mila. — ele atravessou meu ombro com aquele braço sarado, aproximou os lábios do meu rosto e me deu um beijo a milímetros da boca, daquele mesmo jeito que fez, antes de ficarmos a primeira vez.
E tava absolutamente maravilhoso... A camisa com os primeiros botões abertos, expondo a corrente de ouro, mangas dobradas até o meio do antebraço; a calça social perfeita, a mão no bolso, a outra coçando a cabeça do jeito que ele sempre fazia.
Noooossa... Era muito... muito... Nem sei dizer...
Eu sentia vontade de perguntar o que significava aquilo; ele... Ali... Mas não conseguia nem formular a frase.
— Finalmente eu conheci onde você trabalha. — e me lançou um sorriso sutil, daquele jeitinho fofo dele.
Que raiva!!!
— É... — foi tudo que saiu da minha boca.
— Fica tranquila aí, que eu vou voltar pra lá agora.
E quando passei o olho ao redor, havia umas dez pessoas encarando a gente, incluindo aí o seu Torres, presidente do banco, toda a corja de diretores dele e a lambisgóia da minha chefe, com a pior cara de demônio que já a vi fazer.
Meu Deus!
Eu queria me reduzir a nada e me enfiar debaixo da mesa.
Ou melhor! Dentro da lata do lixo.
— Até daqui a pouco, linda. — o Kiko ainda me roubou outro beijinho larápio, me deixando sem chão, e seguiu andando corredor afora, arrastando aquela corja toda atrás dele.
Eu sentei com cuidado pra não perder o resquício que me faltava do equilíbrio e evitei olhar ao redor. Pelo escritório emudecido, já podia fazer ideia que, àquela altura, um elefante cor-de-rosa batendo pratos devia estar chamando menos atenção que eu.
Quando caí em mim e comecei a processar o que tinha acontecido... De verdade... Me custou a acreditar que ele tinha feito aquilo.
Eu senti vontade de me atirar pela janela; gritar; atirar minhas coisas nele... Tipo um surto alucinado.
A gente tava no meu trabalho, caramba!! Será que nem isso ele respeitava??!
Senti uma pontada de vontade de chorar quase irreprimível, mas me controlei. Continuei olhando pra planilha e nem preciso dizer que não consegui mais me concentrar em qualquer coisa depois do episódio.
***
Quando fazia uns dez minutos que o pesadelo havia passado, o telefone da minha mesa tocou.
Era da Sala Dois, a principal sala de reuniões do banco.
— Camila. — eu atendi dizendo meu nome.
— Camila. É o Michel. Você pode dar uma chegada aqui na Dois...?
Eu congelei antes de ter condições mínimas de responder.
— Claro...
Ai-Meu-Pai! O que é que ele quer comigo? Ou eles? Sei lá... Só sei que o Michel é o principal gerente de vendas do banco, junto com o Diego, e eu não podia me recusar a atender o pedido dele. Ou será que podia?
O percurso entre a minha mesa e a tal sala de reunião foi o mais angustiante da minha vida.
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(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...
Roman d'amourEm meio a um ginásio lotado e duas torcidas adversárias em guerra, surge uma visão inebriante atrás do gol. Algo inexplicável, que mexe com todos os sentidos... Impossível de definir ou... descrever. Sem pensar duas vezes, Cristiano abandona os co...