Capítulo Cinquenta e quatro: Protegê-los.

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Eu estava ao lado de Ethan, ali naquela linda e fria floresta, além de tão iluminada pelo luar dourado.
Já havíamos conversado sobre a vida, sobre suas belezas e dores, tristezas e alegrias...
Ele me ensinou a fazer carinho nos peixinhos sem machucá-los, corremos  com os pés na areia, descalços, e tocamos na água azul e linda.
Ethan me mostrou como é bom sentir o aroma doce e fresco das flores da floresta... e naquela noite, naquele momento, eu me senti feliz e realizada.
Aliás, todo tempo que passo com Ethan me deixa com o coração vibrante e colorido.
Eu sorria verdadeiramente com ele ao meu lado, sentindo a plenitude de uma vida simples e feliz.
Agora, nós estávamos correndo com os pés na areia, voltando à época da escola infantil.
- Espera, Claire! Você é muito rápida!
Disse ele, se cansando rapidamente enquanto eu corria tão rápido quanto uma raposa para perto dele.
- te peguei!!
Gritei e o empurrei contra a areia brilhante iluminada pelo luar.
Ele havia caído, e começou a rir.
Dei risada também, e me abaixei pra ajudá-lo a se levantar.
Estendi a mão pra ele, mas Ethan me puxou e me fez cair também.
- quem venceu agora em clarinha?
Ele falou em tom de brincadeira, e começamos a rir como se não houvesse amanhã.
- Ah, Ethan! eu venci!
Falei, negando com oque ele havia dito enquanto dava gargalhadas, me sentindo a garota mais feliz do mundo.
Paramos um pouco, ficamos deitados na areia observando o luar, respirando fundo, A luz iluminava nossos rostos e as ondas do mar tocavam nossos pés.
Ethan então, se virou pra mim, com as mãos sob o peito, um sorriso radiante e doce no rosto, seu olhar Era mais brilhante que a lua.
- Claire, eu preciso te Dizer uma coisa...
Ele começou, pude ver que estava um pouco nervoso e ansioso.
Fiquei curiosa, e também um pouco ansiosa, não sabia oque ele iria dizer.
- Pode falar, Ethan.
Falei, dando um leve sorriso pra ele se sentir confortável pra me contar oque quer que fosse.
Ele então engoliu em seco e respirou fundo, enchendo os pulmões e segurou minha mão suja de areia.
- Oque eu quero dizer é que eu estou...
Algo o interrompeu enquanto terminava a fala, era meu celular tocando.
O peguei, e vi o despertador marcar meia noite em ponto.
Rapidamente gelei das mãos aos pés, meu Deus! Ele... o Rafael deve estar me esperando!
Não...
Uma lágrima caiu de meus olhos, porque? Porque meus únicos momentos de felicidade São interrompidos?
Será que jamais terei paz?
Tudo oque eu queria era ficar ali com Ethan até o amanhecer, sendo feliz e me sentindo bem comigo mesma.
Mas como eu sempre digo, nunca feliz de uma vez por todas.
É como se o universo ansiasse meu suicídio.
Tudo de bom que tenho me é arrancado.
Mas não, se eu não for agora aquele psicopata vai me procurar!
E se ele souber de Ethan...
Não! Eu não quero que meu melhor amigo sofra por minha causa! Ainda mais nas mãos dele...
Me levantei rapidamente da areia, sem deixar Ethan terminar.
- Oh Céus ! Ethan... eu preciso ir. Me perdoe, me perdoe!
Falei, com lágrimas nos olhos enquanto via sua expressão ficar triste e confusa, e comecei a correr pela floresta, querendo sair de lá o mais rápido possível!
Eu não sei oque ele fará comigo, mas sei que não fará coisa boa.
Rafael Blacktide me queria pronta exatamente à  meia noite !
Já eram meia noite e três, e eu corria como uma louca pela floresta.
- CLAIRE!! PORFAVOR! NÃO ME DEIXA!
Ouvi a voz doce e confusa de Ethan me chamar, enquanto ele corria atrás de mim.
- Eu não posso, não posso Ethan!
Falei enquanto apertava os olhos sentindo as lágrimas correr por meu rosto frio e branco como neve.
Me virei pra trás, e vi que Ethan havia tropeçado e caído na parte essa do mar.
Senti mais lágrimas caírem, ele havia caído e se molhado na água por minha culpa!
- PORFAVOR ME DESCULPE!!
Gritei sentindo minha voz falhar, triste e completamente destruída, vendo quem eu mais amava se sentindo mal por minha causa, enquanto saia de vez da floresta e começando a pisar em asfalto puro, segurando meu vestido rodado e celular, eu estava em pedaços...
Correndo como uma louca pela estrada, sob a luz do luar.
Porque eu não podia ser como uma garota normal?
Feliz, com meu melhor amigo do meu lado, com um pai e mãe que realmente me amassem...
Tudo isso que eu enfrentava todos os dias, machucava.
Fisicamente e psicologicamente.
Eu me sentia uma fracassada, uma inútil que só sabia se cortar quando algo dava errado, sem encarar os problemas por medo.
Eu queria tanto acabar de vez com isso tudo, sentir o prazer de não poder mais ter que lidar com problema algum, eu queria apenas ser posta em um extenso caixão de madeira, com um lindo vestido branco, que em breve seria devorado junto ao meu corpo por larvas e bactérias, e permanecer ali até minha carne, pele e ossos serem decompostos...
Distraída e imersa em meus pensamentos, fechei um pouco os olhos pra chorar enquanto corria pra casa, e logo senti algo bater em meus pés e eu caí com toda força no chão.
Algo gelado entrou em contato com meu corpo e minhas roupas, abri os olhos, e logo vi que eu havia caído em uma poça de água da chuva.
Me machuquei um pouco, senti meus joelhos se arranharem nos pedregulhos minúsculos do asfalto, e Logo vi parado em minha frente enquanto estava no chão.
Sapatos pretos, tão pretos que até ficavam iluminados na luz do luar.
Ah céus, não, não, não!
- Boa noite, gatinha borralheira, pra quê tanta pressa?
Disse uma voz grave e sádica, que eu poderia reconhecer em qualquer lugar.
Estremeci, e olhei pra cima, ainda assustada e com os olhos cheios de lágrimas.
E então o vi.
Usando um suéter preto e duas correntes brilhantes no pescoço, uma calça social preta com um cinto entre, e seus cabelos pretos bagunçados agora estavam penteados pra trás, destacando ainda mais aqueles olhos azuis tão perversos.
Seus braços estavam cruzados sob o peito, e ele me olhava com furor.
- R-Rafael! Desculpa porfavor! E-eu...
Me levantei imediatamente, e antes que eu pudesse terminar de falar ele me pegou pelos cabelos com força, me colocando de costas pra ele, encostada em seu opala preto.
- Escuta aqui putinha, eu não gosto de garotinhas desobedientes, isso me deixa puto.
Ele falou com aquela voz grave e ameaçadora, enquanto se encostava em mim por trás, segurando meus cabelos loiros fortemente, me fazendo sentir dor.
Ele então se aproximou ainda mais e falou em meu ouvido, com aquela voz tão demoníaca e autoritária.
- Mas logo você vai me obedecer, loirinha safada.
Ele falou e desceu suas mãos por meu corpo.
Me senti arrepiar quando ele tocou em minha cintura.
- Estava no mar é?
Ele perguntou, vendo a areia que estava em seus dedos após passar a mão em meu vestido azul, sujo de areia e molhado devido à eu ter caído na poça de água.
Mordi os lábios, tentando inventar alguma desculpa, qualquer coisa.
Eu sei que é perigoso mentir pra um psicopata como ele, mas eu queria proteger Ethan de qualquer jeito!
- S-Sim... fui andar um pouco pela margem.
Falei, Enquanto mesmo de costas podia sentir seu olhar maligno e desconfiado sobre mim.
E então, ele me soltou.
- Vou te dar cinco minutos pra se arrumar, Claire, cinco.
Me virei pra olhá-lo, o homem tão alto e maligno que ele era, me olhando daquele jeito tão perverso.
- T-Tudo bem, cinco... eu volto já...
Falei, me sentindo um pouco nervosa e trêmula.
Ele então arqueou a sobrancelha, me olhando nos olhos.
-Tem alguém aí na sua casa?
Ele perguntou, enquanto olhava pra frente da minha casa grande e sem luz alguma acesa.
Neguei com a cabeça.
- Ótimo, então vou entrar com você.
Ele falou, e eu, sem ter oque fazer apenas Assenti e andamos até a porta da frente pra entrar...
Eu sabia que se fosse contra alguma de suas vontades, ele iria descontar seu ódio em Ethan e em meus pais.
Eu sei que sou uma suicida inútil, que chora como uma bebê, se lamenta por tudo, e não é capaz de se proteger.
Mas, pelo menos protegerei quem eu amo.
Sim, amo meus pais, apesar de tudo que me fazem mas eu os amo, eles cuidam de mim, me dão uma casa pra morar e roupas pra vestir... eu só os amo.
E também Ethan, que sempre se esforça e faz o melhor pra me mostrar que a vida é bela.
Nunca deixarei nada acontecer à eles.

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