Capítulo cento e noventa e sete: Eu queria voltar pro dia em que nos conhecemos

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Eu havia acabado de entrar no principal hospital da cidade, com Claire nos braços

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Eu havia acabado de entrar no principal hospital da cidade, com Claire nos braços. Estávamos encharcados pela chuva, e, por mais que tentasse, as lágrimas não paravam de cair. Atravessei a recepção, desesperado, implorando por atendimento imediato. O sangue em seus pulsos não cessava, e o pavor me dominava a cada segundo. Sua pele, antes cheia de vida, agora perdia a cor, indo embora junto ao sangue implacável que não parava de fluir.
Parecia um pesadelo. Um dos piores que já vivi.
O frio era intenso. A chuva castigava, e eu tremia com Claire em meus braços. Mas nada disso importava. A dor física do clima gelado era insignificante diante do desespero de segurá-la. Eu precisava juntar forças para cuidar dela. Meu doce anjo...
Eu a apertava contra mim, tentando estancar o sangue com o que tinha ali, que era o meu moletom.
Meu coração clamava por um milagre, por vê-la sobreviver. Tudo o que eu queria era seu sorriso de volta, ver o brilho retornar aos seus olhos escuros. Suas bochechas, antes coradas, agora pálidas, precisavam voltar a ter vida. Mais do que qualquer outra coisa, eu desejava vê-la viva.
- Você vai voltar pra mim...
Sussurrei enquanto chorava, a abraçando forte.
-

Sei que vai sobreviver. Meu anjo não pode voltar pro céu... não agora...
A abracei com mais força, enquanto minha outra mão pressionava o moletom ensopado que envolvia seus pulsos. Mas, ao invés de estancar o sangue, ele continuava a escorrer, manchando o chão branco e frio do hospital.
Não, não posso esperar mais!!
Não dá!
Me levantei, ainda segurando ela nos meus braços, o rosto inchado e ardendo de tanto chorar. Caminhei apressado até a recepcionista do hospital, tentando não desmoronar ali mesmo.
- Escuta, eu preciso de ajuda, não dá pra esperar mais nem um minuto! Ela deve ter cortado uma veia, está sangrando muito!
A mulher atrás do balcão olhou rapidamente para ela, o rosto preocupado. Então assentiu, pegando o telefone.
-Os enfermeiros já estão vindo. Desculpa pela demora, eles estavam organizando a sala. Parece que ela vai precisar de cuidados bem intensos, já que pode mesmo ter cortado uma veia.
Senti meu peito apertar e os olhos queimarem com as lágrimas que eu tentava segurar. O desespero estava crescendo dentro de mim, me sufocando.
- Eles já estão vindo? Vão conseguir salvá-la?
minha voz saiu quase como um sussurro, trêmula de medo. Eu sentia minha respiração falhar, o peito subindo e descendo rápido. O pavor de perder ela era insuportável.
E então a recepcionista suspirou, o olhar dela era pesado, como se já tivesse visto essa cena muitas vezes antes.
Mas sem nunca se acostumar...
- Eles vão fazer tudo o que puderem.
Engoli em seco, sentindo a garganta apertar. As lágrimas finalmente escaparam de novo, misturando-se com a água da chuva que ainda escorria pelo meu rosto.
Me senti desnorteado e extremamente ferido depois do que acabei de ouvir, como se uma faca tivesse atravessado minha pele e findado meu coração.
" Fazer tudo oque puderem?"
Não... Não!! Eu queria garantias!!
Eu... Quero a certeza de que ela vai sair dessa...
Ela precisa sair viva.
Ela não pode morrer.
Claire... ela é meu anjo.
Sem ela... Eu nem sei o que vou fazer.
Droga!
Eu a segurei com força, abraçando-a enquanto me sentava numa das cadeiras da sala de espera. Chorava sem parar, desejando com todas as minhas forças que algo, alguém, algum ser celestial de lá de cima, tivesse piedade dela. Que deixasse ela ficar.
E como se minhas preces fossem ouvidas, logo os enfermeiros chegaram correndo. Eles trouxeram uma maca, o rosto de todos mostrando a urgência da situação. Com cuidado, pegaram ela dos meus braços, agora frios e trêmulos, e a colocaram na maca, levando-a rapidamente para a sala de emergência. Eles estavam lutando para salvá-la.
Eu fiquei ali, sozinho, abraçando meus próprios braços, tentando afastar o frio que agora parecia ter tomado conta do meu corpo. Não sei quanto tempo passou. Cada segundo parecia uma eternidade. O cansaço me abateu com força. Eu mal tinha dormido nos últimos dias... estava esgotado.
Minhas pálpebras pesavam, e antes que eu percebesse, meu corpo cedeu. A exaustão foi mais forte. Encostei a cabeça na parede, ainda com os olhos ardendo de tanto chorar, e acabei caindo no sono.
Então, de repente, me vi de volta àquele dia...

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⏰ Última atualização: Oct 10 ⏰

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