capítulo cento e vinte e dois: Partida.

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O dia estava frio e cinzento, escuro e sem brilho algum, era um clima pesado e fúnebre

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O dia estava frio e cinzento, escuro e sem brilho algum, era um clima pesado e fúnebre.
Toda aquela Frieza, combinava com a minha alma, com os meus sentimentos.
Depois de muito tempo, eu me senti triste.
Achei que deveria contar à Claire sobre Caio já que ela estava pouco se fodendo pelo fato de eu ser um assassino, disse à ela que tatuei o nome dele no meu braço,  que ele era meu melhor amigo...
Ela então, me olhou nos olhos e disse que queria me dar um conselho.
Bom, eu aceitei. Que porra eu ia falar?
E Claire então me disse que Caio precisava descansar, que a missão dele aqui já havia terminado, e que quando uma pessoa morre, sua alma precisa prosseguir para a paz, longe daqui.
Isso claro, significava enterrá-lo.
Pensei por um tempo, e  surpreendentemente, concordei com ela.
Observei a expressão de caio, e seu rosto parecia triste, incomodado...
E então logo aceitei o conselho dela.
Porra. Sim, ela estava certa.
E eu queria o melhor pra ele, já que Caio havia me ajudado muito em vida.
E então, Mesmo com uma dor terrível no peito, aceitei enterrá-lo.
Aceitei deixar minha doentia consideração por ele, ao ponto de mantê-lo após a morte em uma câmara fria, porque eu não queria que ele partisse.
Mas eu só estava ferindo sua alma, interrompendo ele de sentir paz e de descansar finalmente.
Nunca me culpe por ser cruel, por ser o diabo em pessoa, por ser um assassino.
Eu adorava machucar, aquilo me dava prazer, ver a dor, ouvir gritos, sentir o cheiro do sangue...
Mas ser cruel, com uma pessoa que tanto me ajudou, era o pior que eu já fiz.
Então... Claire estava certa, e abriu meus olhos.
Concordei em deixar Caio partir depois de anos mantendo seu corpo ali naquela Câmara  fria, liguei pra uma funerária e pedi um caixão e algumas rosas, eu não poderia enterrá-lo no cemitério, pois iria atrair muita atenção pra mim.
E eu iria me foder,claro.
Então decidi que iria enterrar seu corpo perto do mar, no meio da floresta.
Já que ele era apaixonado pela natureza e amava flores.
Depois que o caixão e as flores chegaram, eu paguei a funerária enquanto Claire tirava o corpo dele da câmara fria, e preparamos tudo, ela me ajudou.
Deitamos ele no caixão confortavelmente e colocamos em volta de seu corpo frio as rosas vermelhas.
Claire ficou sentada na grama verde escura olhando o mar coberto por neblina ao lado de caio, enquanto eu cavava uma cova para o caixão.
Eu estava fora de mim, já que o Rafael Blacktide que eu via todos os dias no espelho não chorava.
E hoje, eu havia chorado. Eu estava triste.
Coloquei o caixão na cova devagar, com Claire me ajudando, e então, finalmente meu amigo iria descansar.
Aquilo doía em mim, mas sei que para a alma dele era um alívio.
Claire se levantou e veio até mim, me abraçando.
- Ele deve estar muito feliz agora.
Disse ela, enquanto o vento frio batia em nossos rostos, e além de nossas vozes, ouvíamos as ondas leves do mar e algumas folhas caindo.
- Eu espero, e também espero que ele não esteja me odiando...
Falei, já imaginando o quanto de raiva sua alma deve estar sentindo, já que eu havia mantido seu corpo em um congelador.
Claire então se soltou do abraço, e me olhou.
- Não pense isso, eu... b-bom... não o conheço, claro. Mas sei que ele deve te entender, deve ter te acompanhado e visto a dor que você sentiu...
Disse ela, tentando me tranquilizar.
Talvez ela tenha razão, Caio sempre foi gentil e atencioso, sempre me entendeu, mesmo quando viu que eu era um maníaco psicopata.
Então, era verdade.
- É, Você tá certa...
Levei uma mão até seu lindo rosto, o acariciando enquanto olhava em seus olhos.
- Agradeço por estar comigo agora.
Falei dando um sorriso meio triste, e beijando suas bochechas.
Claire corou e sorriu docemente.
- Sempre estarei com você... em todos os momentos.
Disse ela e eu então me afastei, pegando a pá.
Agora, Caio iria em paz.
Com a tampa do caixão já fechada, o enterrei e coloquei uma lapide que eu tinha pedido também, em cima.
Claire se abaixou e colocou algumas rosas perto da lapide, sussurrando baixinho.
- Eu n-não conheço você... Mas saiba que eu adoraria, descanse em paz.
Disse ela,
Depois que já estava tudo pronto, decidi que iria dormir um pouco.
Aquilo foi repentino pra porra e eu não estava bem.
Eu queria poder abrir minha Câmara fria e poder encontrar Caio lá novamente, mas como Claire havia dito, por mais que minha intenção fosse boa, aquilo era errado.
E então eu o deixei ir.
- Não tô me sentindo bem... vamos lá pra dentro dormir um pouco?
Eu disse sem expressão.
Ela então assentiu.
- Sim. v-você precisa dormir...
Ela aceitou, e então segurei em sua mão e entramos na minha casa, deixando o ar frio de lá de fora, e a neblina, o dia estava cinzento, era um dia triste para um homem triste.
Eu geralmente não sentia porra nenhuma, mas hoje em específico...
Parecia que meu mundo estava caindo.
Afinal, era meu melhor amigo que estava morto.
Entramos e subimos as escadas, logo vimos Meredith andando pela sala.
- olha! Ela acordou!
Disse Claire com um ar de alegria e logo correu pra abraçar a gatinha.
- Olá! Fofinha! Eu sou sua mamãe.
A gatinha então miou como se estivesse concordando, naquele momento eu me vi ali, era como se fosse eu e meu predador.
Ele me deixava feliz, mesmo que eu estivesse num dia péssimo.
Sorri meio seco, vendo aquela cena tão doce e ingênua.
Claire a acariciava e Meredith ronronava como se já a conhecesse antes.
- Vamos?
Chamei Claire para o quarto, e ela então colocou Meredith no chão.
- S-Sim.
Subimos as escadas, e logo ouvimos miados atrás de nós.
Assim que chegamos na porta do quarto, Meredith passou entre as pernas de Claire e olhava sem parar pra ela, como se estivesse pedindo algo.
- E-Ela quer dormir com a gente...
Disse ela, segurando a gatinha a tirando do chão.
- Acho que notei isso.
Falei abrindo a porta, e entrando no quarto.
-Ela pode d-dormir com a gente?
Perguntou Claire, e eu então então assenti, me deitando na cama.
- Claro, trás ela.
As duas entraram, e como a minha cama era grande e extensa, Meredith poderia dormir tranquila ali.
Claire então a colocou na cama, a cobrindo com um dos meus edredons que estavam ali, e então se deitou ao meu lado, com sua coxa sob meu abdômen e suas bochechas em meu peito, ouvindo meu coração bater.
A acariciei, passando minha mão por todo seu corpo, até as coxas. E então rapidamente ela pegou no sono, me abraçando e sentindo meu calor.
Eu demorei um pouco pra dormir, já que só pensava no meu melhor amigo, pensava que poderia abrir a Câmara fria e ele estaria lá novamente, enfim, na porra toda.
Mas, dormi também. Naquela manhã fria, ao lado de Claire.


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