capítulo cento e sessenta e quatro: nas alturas

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Estávamos andando juntos, depois de sair da clínica veterinária onde havíamos deixado meredith

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Estávamos andando juntos, depois de sair da clínica veterinária onde havíamos deixado meredith.
Nossas mãos estavam juntas e aquilo amenizava um pouco o leve frio que sentíamos.
Andávamos de mãos dadas, pelas ruas frias e cinzentas de Nova Jersey, até o parque clementon.
Famoso por uma roda gigante enorme e brilhante, perto do mar.
Eu nunca sequer havia ido em um parque de diversão, mas como eu estava sem idéia de um bom lugar pra levar minha Claire, deixei com que ela escolhesse.
Logo, vimos lindas luzes que brilhavam mais e mais, e notamos que havíamos acabado de chegar ao parque.
Claire estava visivelmente animada e isso não era difícil de notar.
- Uau! Aqui é tão lindo!
Disse ela, enquanto atravessávamos a rua até a entrada do parque, que tinha um enorme arco decorado com uma placa bonita ao topo, com as escritas: Bem-vindo(a) ao clementon Park.
Os letreiros eram grossos e cursivos com vários espirais e bem coloridos.
Dando a verdadeira imagem de um parque de diversão.
Logo quando entramos, o cheiro de pipoca feita na hora tomou minhas narinas, um cheiro leve e salgado.
O parque estava lotado, mas mesmo assim não havia muito barulho ali, nada insuportável.
Claire olhava tudo com as luzes do parque refletindo em seus olhos escuros, ela estava feliz e animada.
Já que também nunca veio á um parque.
- Quer um algodão doce, meu bem?
Perguntei, a olhando enquanto via minha linda garota andar delicadamente ao meu lado.
Ela aparentava amar doces.
Oque é normal, já que ela também é doce.
E não só no modo de agir.
Um sorriso safado escapou de meus lábios, mas discretamente. E eu segurei a mão macia dela enquanto a via se virar pra mim.
- Oh... eu adoraria! Faz muito tempo que não como um.
ela sorriu e eu assenti.
- Perfeito, vamos lá.
Caminhamos de mãos dadas até uma pequena banca de algodão doce, observando as lindas luzes reluzentes do parque e logo Claire ficou admirando a grande variedade de algodões doces.
Suas muitas cores em tons pastéis, diferentes formatos...
- Boa noite!
Uma moça gentil nos cumprimentou, claramente a atendente.
- Boa noite.
Meu cumprimento se juntou com o de Claire em uníssono.
- Um algodão doce, porfavor. Qual você quer meu bem?
Perguntei para Claire, que pegara o cardápio em cima do pequeno balcão de madeira, da banca em tom rosa.
- Eu quero esse aqui, é tão lindo!
Ela apontou para a imagem ilustrativa de um algodão doce em formato de flor com tons pastéis em rosa, amarelo e azul.
A moça assentiu, confirmando o pedido e começou então a preparar o algodão doce.
-Ei...
A voz doce de Claire me chamou enquanto ela esperava com paciência
e sua mão fofa e macia tocou meu braço abaixo dos cotovelos.
- Diga, docinho.
Sussurrei baixo enquanto olhava pra ela, tão linda.
Com um vestido vermelho curto e colado ao seu corpo, valorizando cada curva do mesmo, mangas longas e justas que iam até os pulsos, salto alto preto.
E seus lindos cabelos longos presos em um alto e lindo rabo de cavalo.
Sua franja longe dos olhos realçava seu olhar escuro e penetrante...
Dessa vez eu acertei na hora de jogar a isca, e peguei sem dúvidas o " melhor peixe".
Pensei enquanto via ela levantar o olhar para mim.
- Uhm, eu queria muito ir na roda gigante...
Ela disse, baixinho.
Eu não ligava pra essas coisas, mas se ela quer ir, iremos.
Aliás, ela merece ser recompensada.
- Nós já vamos meu bem, temos que esperar o seu algodão doce.
Respondi enquanto laçava vagarosamente meu braço por sua cintura, a aproximando de mim.
- Mas temos que estar na fila para comprar os ingressos... seria mais rápido se você estivesse lá enquanto espero a moça terminar.
Disse ela olhando pra mim, mas logo desviou o olhar para o outro lado.
A olhei, pensando na ideia dela.
-M-mas se não quiser tudo bem! É-é só que seria melhor...
Ela disse em um tom mais alto, talvez preocupada pensando se caso eu ficasse irritado com ela.
Mas a ideia não é ruim, eu poderia adiantar as coisas.
E a roda gigante não é longe da banca de doces.
De qualquer forma, Claire não sairá do meu campo de visão.
- Não, meu bem... a idéia é boa, eu vou lá e já volto pra pagar seu doce, ok?
Falei enquanto acariciava suas bochechas fofas e discretamente, beijando devagar seu rosto.
- Tudo bem.
Ela assentiu e eu fui até a roda gigante , lentamente me afastando dela.
Havia uma fila de mais ou menos cinco pessoas, e eu fui para o fim da mesma.
A cada passo que eu dava para mais perto daquela enorme roda, menor eu ficava perto dela.
Era imensa e brilhava muito.
Às vezes eu olhava para a minha garota que estava distante, mas ela estava apenas parada no mesmo lugar, olhando em sua volta.
Ótimo, nada pra me preocupar.
Logo, a minha vez chegou e eu me aproximei da bilheteria.
- Boa noite, quero dois ingressos para a roda gigante.
Falei para o homem atrás de um pequeno balcão, que vestia um uniforme com o nome do parque.
- Boa noite! Senhor, nós não vendemos ingressos para brinquedos exclusivos, os ingressos são para ir em todos.
Porra! Todos?
Eu não gosto dessas coisas, realmente não faz meu tipo e nem na roda gigante eu queria ir.
Mas... Caralho.
Claire queria ir, e ela merece ser mimada dessa vez.
Suspirei fundo e assenti.
- Uh... pode ser... quanto é?
Ele então colocou dois ingressos em cima do balcão.
- vinte e cinco cada, você tem um total de usufruir uma vez de cada brinquedo.
Disse ele, e eu assenti pegando minha carteira do bolso.
Peguei uma cédula de cinquenta e entreguei à ele.
- Muito obrigado! Divirta-se.
Disse ele e eu assenti, guardando minha carteira no bolso.
Mas, senti uma mão macia e quente tocar meu abdômen por cima da camisa.
Me virei pra ver um pouco confuso já que Claire estava longe, mas a vi sorrindo docemente pra mim.
- Te assustei! Ehehe. Olha só o que eu trouxe pra você!
Rindo docemente, ela esticou sua mão para perto de mim, segurando um algodão doce em formato de coração, em tom rosa enquanto sua outra mão segurava o de formato floral.
- Caralho, você me assustou mesmo, Pensei que estivesse lá ainda.
Falei sem entender o quanto ela foi rápida.
- Eu sei... mas olhe só: é meu coração pra você.
Disse ela em tom fofo e apaixonado, aproximando ainda mais de mim o algodão doce.
Porra... Eu não gosto muito de doces, como cacete vou comer isso?
Que ainda por cima é puro açúcar...
- Meu bem... não precisava disso, porque você não me esperou pra pagar pra você?
Falei, já que ela havia sido muito rápida.
- Oh, não precisa. Eu também tenho dinheiro. Além disso... eu nunca paguei nada pra você.
Ela disse enquanto me olhava.
É, nisso ela tem razão.
- Não precisa pagar pra mim, eu tenho dinheiro suficiente pra isso.
Falei com um sorriso meio seco e ela fixou seu olhar em mim.
- Eu também tenho e mesmo assim você paga coisas pra mim, porque não posso fazer o mesmo? Anda, pega!
Minha pequena e agora irritada garota, me obrigou a pegar o algodão doce que ela havia me dado de presente.
Uh... oque eu vou fazer com essa porra?
Olhei para o puro açúcar de forma fofa e colorida em um palito na minha mão, e para Claire que aguardava ansiosa minha mordida.
Bom, não vou morrer se experimentar.
Então me aproximei do doce que mais parecia uma nuvem de tamanho mediano e morri a mesma.
Não precisei mastigar muito já que rapidamente o açúcar se dissolveu em minha boca, e bem... Eu podia sentir um leve gosto de morango, mas bem leve.
Oque mais podia ser sentido era o gosto do açúcar.
Não estava nem tão ruim, nem tão bom.
Era balanceado, digamos.
- Gostou?
Perguntou ela com um sorriso lindo em seu rosto corado e macio.
- Não é a melhor coisa que já comi, porém também não é insuportável, mas obrigado meu bem.
Falei enquanto mordia mais uma vez aquela nuvem de açúcar, mesmo com meu paladar não familiarizado com aquilo.
Claire então se aproximou de mim e me abraçou apertado, como a garota carinhosa que é.
- Fico feliz por você ter aceitado.
Ela disse enquanto levantava pra mim o olhar.
Dei um sorriso seco e acariciei o cabelo dela, beijando sua testa em seguida.
- Qual brinquedo agora?
Perguntei mantendo meu contato com os olhos dela.
- Vamos pra roda gigante!
Ela disse em tom de animação e me puxou pela mão, indo até o brinquedo.
- Boa noite, ingressos porfavor.
Claire então entregou ao homem os dois ingressos que ela havia comprado.
- Ok, podem entrar na cabine.
Disse ele, parando a roda gigante girando uma alavanca grande.
- Obrigada!
Claire agradeceu e me puxou pra uma das pequenas cabines da roda, entramos e nos sentamos.
Então, o homem trancou a grade da cabine e nos orientou a usar um cinto para ficarmos seguros, e o colocamos claro.
Depois, ele ligou a roda novamente.
E subimos lentamente ao céu estrelado e frio de nova Jersey.
Olhei para Claire, seus cabelos delicadamente balançavam com o vento, e as estrelas do céu refletiam em seus lindos olhos.
Ela carregava em seu rosto uma expressão surpresa e animada.
- Você está linda essa noite, docinho.
Sussurrei enquanto segurava sua mão macia e fofa, entrelaçando nossos dedos um no outro, admirando juntos aquela vista incrível de estar no alto da cidade.
A brisa fria batia em nossos rostos levemente, e então ela olhou pra mim com um sorriso doce.
- Muito obrigada.... v-você também está.
Claire então me olhou nos olhos, e pude ver que seu olhar era totalmente apaixonado.
Ela estava amando alguém, pela primeira vez.
E esse alguém era eu.
Dei risada daquilo mentalmente, só quero ver como será seu olhar quando eu dizer a ela que tudo que tivemos foi apenas um passatempo, que eu só tirei proveito dela, nada mais.
Seu olhar será de decepção, tristeza, sua iris perderá o brilho e ficará opaca e escura.
Esse momento será o mais prazeroso que já tive.
Pensei enquanto mordia mais uma vez o algodão doce, sentindo a roda começar a girar vagarosamente.
- A vista aqui é incrível.
Disse ela enquanto se encostava sob meu ombro, seu rosto fofo e corado tocando o tecido da minha camisa preta.
- Podemos ver a cidade toda daqui.
Respondi enquanto levava uma mão até a coxa dela, acariciando a mesma dos joelhos até um pouco mais acima, e ela tentava esconder a timidez comendo seu algodão doce.
Claire comia de maneira diferente, tirando da nuvem cor de rosa pequenos tufos e levando até os lábios, sentindo o açúcar derreter em sua língua, se desmanchando de forma apetitosa e enchendo seu paladar.
- Você parece gostar muito de doces.
Falei, enquanto apreciava a vista com ela ao meu lado, que assentiu com um sorriso alegre.
- Sim, eu amo. Porém eu era privada de comer esse tipo de coisa, pra manter a aparência, de acordo com meu pai e minha madrasta... eu não podia engordar sequer um quilo.
Ela disse, com o sorriso lindo embora de seu rosto aos poucos.
Porra... a vida dela parecia terrível.
Não me arrependo de ter matado os pais dela.
Matei e mataria novamente se pudesse.
- Seu pai e aquela sua madrasta eram muito cruéis, ainda bem que eu fodi com a vida deles.
Falei enquanto comia oque restou do meu algodão doce.
Claire então assentiu, e se aproximou de meu rosto, beijando o mesmo.
- Obrigada por ter me livrado daquele pesadelo.
Disse ela se encostando em meu ombro novamente, a brisa batia suavemente em nossos rostos e a lua iluminava nossos olhares ali, enquanto éramos abençoados pela linda vista da cidade iluminada de Nova Jersey.
Sim, meu bem.
Eu te "Livrei".
Para que as mãos que fossem te machucar fossem apenas as minhas.
- Uhm, por nada.
Dei uma risada leve e imperceptível, rindo da maneira apaixonada com a qual ela me agradeceu.
Como se eu fosse o príncipe encantado que a salvara de monstros horríveis.
Ela é mesmo inocente...
- E quanto a-a sua família? Se me permite perguntar, é que queria saber sobre eles...
Família?
Há muito tempo não falo sobre isso...
Bom, acho que não há problema.
Falar pra ela da minha vida pode a deixar ainda mais confortável comigo, com isso ela não esconderá mais nada de mim.
Será um jogo interessante.
De qualquer forma, no fim meus segredos morrerão junto com ela.
- Por incrível que pareça, eu tinha uma família saudável. Falando de pai e mãe...  eles me amavam e cuidavam de mim com todo amor que uma criança poderia receber, minha mãe tinha os cabelos pretos e olhos azuis, e meu pai tinha cabelo castanho e olhos escuros.
Respondi sua pergunta enquanto ela me olhava curiosa.
-Agora sei de quem você herdou esses olhos tão lindos.
Disse ela com um sorriso.
Dei uma leve risada e me virei para ela, segurando em sua nuca.
- Os seus são os mais belos que já vi.
Falei em um sussurro próximo à seus lábios.
- não são nada comparados aos seus... minhas iris são tão... mortas e sem cor...
Disse ela, virando o rosto pra baixo em um tom desapontado.
- a falta de cor nos seus olhos é um labirinto pra mim, eu me perco toda vez que olho pra você
Sussurro mais uma vez, segurando com força sua nuca a aproximando de mim para um beijo.
Meus dedos estavam entre os Cabelos dela e naquele momento, mesmo no movimento da roda, tudo parecia parar.
Meus lábios tomavam os dela em um beijo envolvente e quente de desejo.
Mas logo parei, mordendo seu lábio inferior levemente.
- Sabe...
Ela disse baixinho, olhando pra mim.
- Oque ?
Perguntei entrelaçando meu dedo em seus longos cabelos loiros.
- Eu nunca me imaginei apaixonada por um assassino... ainda mais um assassino em série...
Ela disse, com uma risada leve e quase  imperceptível, meio que zombando de si mesma.
Se bem que ela tinha razão.
Quem imaginaria isso dela?
- Ainda mais uma suicida... ironia, não?
Ela então assentiu e riu, dessa vez mais perceptível.
- Muita... mas bom, fico feliz que ao menos pais normais você teve...
Disse ela se encostando no banco onde estávamos.
É, foi a única coisa que me trouxe paz naquela época.
Ter pais que cumpriam com seus papéis.
- Pelo menos isso eu tive, mas na verdade eles só cumpriram com seus deveres. Como eu te disse meses atrás: Se os dois decidem que vão trepar irresponsávelmente, tem que ao menos arcar com as consequências depois.
Ela então assentiu, mas um pouco nervosa.
-E-É...
Logo, notei pelo olhar dela que minha fala não só serviu para seus pais, mas sim pra nós.
- Sobre nós, eu assumo essa responsabilidade sem problema algum, meu bem. Não se preocupe.
Falei, levando uma mão até seu rosto, acariciando suas bochechas.
Mas ela então se afastou e me olhou com preocupação.
- M-MAS EU NÃO POSSO SER MÃE!! e-eu não posso...
Ela disse, em tom de choro e medo.
Então me encostei em seu ouvido e com uma risada leve e grave, sussurrei.
- Deveria ter pensando nisso antes de ter implorado pra eu gozar dentro de você.
Ela então assentiu com lágrimas nos olhos.
- E-Eu sei que errei! Mas você também não usou nenhum método! Nem mesmo a... c-camisinha...
Porra, nisso ela não estava errada.
- Uh, tá bom. Mas não vai adiantar nada usar agora, já deu oque tinha que dar...
Me encostei no banco e a puxei contra meu peito.
- M-Mas isso não pode acontecer! Não temos uma mente estável pra cuidar de uma criança!
Disse ela, levantando o rosto para mim.
Mas a encostei sob meu peito e acariciei seus longos cabelos.
- eu sei, docinho. Mas não se precipite, talvez você nem esteja grávida.
Claire então respirou fundo e assentiu.
- Eu... eu e-espero...
Disse ela em tom baixo enquanto o vento secava suas lágrimas.
Então, a roda gigante desceu e parou, indicando que nosso momento ali havia chegado ao fim.
Então beijei sua testa e segurei sua mão.
-Vem, vamos pra outro brinquedo.

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