Eu estava abraçada á ele, sentindo o calor do seu corpo e o conforto de seu toque.
Li a mensagem da escola, eu não queria ir... odiava me socializar.
Mas ele disse que eu tenho que ir, que assim não irão me ligar á morte de arielle.
E, se meu blacktide ordena, eu apenas o obedeço.
- Então, já são quase onze da manhã... que tal almoçarmos em um restaurante?
Disse ele, acariciando meu cabelo com sua mão grande e quente.
Almoçar com ele... seria perfeito.
E claro que aceitei.
Assenti que sim e entrelacei meus dedos nos dele.
- C-claro! Seria... incrível.
Falei, sorrindo como uma boba apaixonada, e eu era.
- Perfeito, mas antes... vem comigo.
Disse ele com um sorriso seco, mudando sua expressão para uma um pouco séria.
Céus... Eu já sabia oque iria acontecer.
Afinal, ele disse que iria me punir, certo?
Mas eu não posso resistir, eu sou dele.
E afinal de contas, eu que errei.
O acusando e culpando, quando na verdade ele me disse que só se via atraído por mim.
Disse Que eu era perfeita, submissa...
Que eu era a única que o entendia, e o fazia sentir prazer de verdade...
E ele não se referiu ao sexo, apenas.
Eu o desapontei, então mereço uma punição.
Faça oque quiser comigo, meu blacktide.
Sussurrei mentalmente pra mim mesma, enquanto via ele se levantar e estender sua mão pra mim.
O olhei, ele era tão... apaixonante.
Seus olhos azuis perversos que me deixavam trêmula, o toque tão quente e firme de suas mãos grandes... e seu sorriso...
Me levantei do sofá e o segui, pronta para minha punição, apenas aguardando oque viria, sem saída alguma.
Subimos as escadas de mãos dadas, e ele então me levou novamente até aquela porta...
Desgastada e medonha, diferente das dos outros cômodos da casa extensa e elegante dele.
Ele então abriu a porta, e o cheiro fúnebre da morte tomou conta de meu nariz, se unindo a poeira e ao sangue seco.
Aquela, era a sala de tortura de Rafael Blacktide.
Onde um dia eu estive, e então fizemos um acordo.
Porém eu me apaixonei por esse completo psicopata.
- V-Você... vai me machucar?
Perguntei nervosa e sentindo um arrepio na espinha.
Mas ele então, surpreendentemente negou.
- Não, só quero te mostrar uma coisa.
Disse ele, e então o segui.
Ele abriu uma outra porta no fundo de sua sala de tortura, e entramos ali.
Era abafado e apertado, um pequeno espaço.
Onde havia apenas uma mesa de aço e uma câmara fria.
Ele então abriu a segunda porta, uma fumaça gelada tomou conta do lugar, e arrepiei de frio.
- Vem.
Me chamou ele, e então eu me aproximei.
Olhei aquilo, enquanto paralisava de medo e terror! Haviam vários corpos decepados ali, porém...
Ali também havia um corpo por inteiro, vestido e segurando uma rosa morta e congelada.
Era um homem... e sob sua pele havia uma fina camada de gelo.
- Esse é meu melhor amigo, que eu te disse ontem... lembra? Eu tenho o nome dele tatuado.
Rafael disse apontando para a tatuagem em seu braço onde estava escrito "Caio Harper ".
MEU DEUS!!
agora, entendi oque ele havia dito ontem sobre não ter suportado a morte do amigo... ele guardou seu corpo em uma câmara fria???
Isso era... terrivelmente doentio.
Mas de alguma forma, parecia que eu já esperava por isso.
Rafael Blacktide era tão psicopata, tão fora de si... que não me surpreendi tanto, por mais doentio que isso fosse.
Tirei forças pra fazer perguntas a ele, e então o olhei um pouco atônita.
- P-porque você...
Antes que eu pudesse terminar oque ia dizer, ele continuou.
- Lembra Que eu te disse que não estava pronto pra morte do meu melhor amigo? Então.
Sim, ele realmente havia dito isso ontem, quando estávamos na piscina.
Mas eu não imaginei que significasse isso...
Era tão doentio.
-Eu não aceitei perdê-lo, ele era o meu melhor amigo, era como um irmão, ele me salvou da morte e me mostrava oque realmente significava doçura e felicidade, mesmo depois de ter sofrido tanto, ele sempre foi otimista, quando eu estava com ele, era um dos poucos momentos em que eu não pensava em matar.
Disse ele, sério, estava triste mas não chorava.
A frieza já havia tomado todo seu coração.
Ele parecia tão feliz ao lado de seu amigo...
Quando ele estava vivo, trazia luz e cor ao mundo cinza e escuro de Rafael.
A amizade dele, parecia ser importante.
Parecia ser o único modo que fazia ele esquecer que era um psicopata.
Mas... por mais que Rafael o amasse como um irmão, aquilo... aquilo era errado.
Manter o corpo dele em uma câmara fria, ele não poderia ficar ali pra sempre...
Caio Harper, ele precisava descansar...
Mas como eu diria isso à Rafael? Que estava inconsolável e via como única solução manter o corpo do amigo no frio, para que ele não partisse?
Talvez ele me castigaria, ou bem... ainda pior.
-E-Entendo como foi horrível pra você, perder a única pessoa que estava ali, sempre que precisou...
Falei, me aproximando de Rafael, e segurando sua mão.
Ele estava sério, estava triste, mas não chorava.
Ele então assentiu concordando com oque eu havia dito, e então respirei fundo, era a hora de falar o certo a se fazer.
-E-eu... posso te dar um conselho?
Falei, Gaguejando e estremecendo, com medo que ele me castigue ao ouvir oque irei falar... Mas era preciso.
Esse garoto... eu não o conheço, mas sei que sua alma deve estar sofrendo ali, sendo forçada a não partir.
Rafael então assentiu.
- diga.
Respirei fundo, e o olhei nos olhos, segurando sua mão.
- E-eu sei o quanto deve doer... Mas quando morremos, precisamos partir. Precisamos descansar, a vida por si só já é um tormento enorme, a morte É a única forma que temos de sentir paz, e ele... precisa sentir isso, a alma dele precisa.
Falei, já esperando oque estava por vir.
Rafael então me olhou nos olhos e arqueou uma sobrancelha.
- Oque você quer dizer com isso?
Ele perguntou sem entender, e eu soltei sua mão delicadamente, e fui até o corpo de caio, na Câmara fria.
Toquei seu rosto fúnebre e frio, sentindo a camada de gelo sob sua pele.
Eu não o conhecia, mas ele era importante para meu blacktide, ele fez feliz o homem que amo hoje, então eu prezarei por ele, para que descanse em paz.
- E-Eu não o conheço... Mas devemos dar um enterro digno á ele, e deixá-lo partir. Ele precisa...
Falei, o olhando nos olhos, era um momento triste e delicado para Rafael.
- enterrá-lo?
Naquele momento, levantei o rosto pra olhar em seus olhos.
Rafael Blacktide não era mais o mesmo que eu conhecia, cruel e perverso.
seu olhar, sua feição agora era como de uma criança triste, que estava prestes à perder oque mais ama.
Ele estava triste, era visível...
E depois de tanto tempo... acreditando que nunca iria vê-lo de uma forma frágil.
Ele chorou...
Suas lágrimas caíram, parecia que seu mundo estava desabando.
Eu não pude ficar ali, sem fazer nada.
Eu corri e o abracei forte, eu pude sentir sua dor, sua tristeza, seu luto...
- Não chore... e-ele vai ficar bem quando descansar... infelizmente eu não tive a chance de conhecê-lo, mas sei que ele era um garoto doce e gentil, e sei que ele te amava muito também.
Falei enquanto olhava em seus olhos, o abraçando.
Ele então, levou uma mão até seu rosto e enxugou suas lágrimas, suspirou fundo e me respondeu com uma voz rouca e visivelmente triste.
- Não tô chorando porra, Não tô...
Disse ele, e então eu levei uma mão até suas bochechas, ficando na ponta dos pés e o acariciei.
- Você está sim... N-Não precisa ser forte o tempo todo, sabia disso? Chorar... às vezes pode fazer bem.
Falei o abraçando forte mais uma vez.
- Nós estávamos abraçados, quando atiraram nas costas dele... já matei o desgraçado que fez isso, mas não consigo trazer meu amigo de volta, E era isso que eu mais queria.
Disse ele, me abraçando também.
Seus braços quentes me envolveram, e eu me senti confortável, aquela era uma das poucas vezes que ele me tratava com carinho.
O amigo dele, Caio. Morreu tão tragicamente, eu consigo imaginar a dor que é perder quem mais se ama.
E sentir também, já que presenciei minha mãe morrer na minha frente.
E ela... era tudo pra mim.
Depois que minha mãe partiu, eu fui torturada por meu pai e por minha madrasta, meus dias eram um inferno.
- Nunca pensei que fosse te dizer isso, mas você tem razão, Claire. eu preciso deixar ele partir, ele não pode ficar aqui sofrendo por minha causa.
Disse ele, ainda com o luto dominante em seu peito.
Era uma dor que não tinha fim.
Assenti, concordando com ele.
- I-Isso é o correto a se fazer... sei que você vai conseguir.
Falei com um meio sorriso, enquanto segurava a mão dele.
Entrelaçando nossos dedos.
- Caralho... Ele deve me odiar por ter feito isso com o corpo dele.
Disse ele, olhando para o cadáver congelado de seu melhor amigo, na Câmara fria aberta.
- Ele provavelmente entende você, entende seus motivos, mas ele também precisa partir... e você deve deixá-lo ir.
Falei o olhando também.
- Essa vai ser a coisa mais difícil que vou fazer em anos, nem quando fui torturado senti tanta dor...Mas ele precisa disso._
Ilustrações bônus
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Entre Amor E Mortes
HorrorCÓPIA E PLÁGIO É CRIME!!! DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS! Uma garota com tendências suicidas cruza o caminho de um Assassino em série. Oque pode dar errado? TUDO. Rafael foi diágnosticado com psicopatia aos treze anos de idade, e entendeu o motiv...