capítulo cento e noventa e dois: Band-aids.

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Ligo

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Ligo... e nada.
- droga, ela não atende.
Digo com um tom de preocupação e uma certa tristeza na voz, voltando ao whatsapp e vendo se ela estava online.
Mas não estava.
Será que ela chegou bem em casa?
Eu espero que sim... Deus, às vezes me odeio tanto por não ter um carro... assim eu poderia levar minha doce princesa em casa em segurança.
Já que por enquanto só tenho a minha bicicleta pra me locomover...
Eu estava no vestiário da escola, depois do jogo de basquete que eu consegui executar junto com os outros alunos firme e forte, graças à minha pequena, que me deu algo pra comer, eu estava tão agradecido... aquela garota realmente era um anjo.
Sem ela esse jogo de basquete não seria possível.
Me sentei no banco do vestiário, e mandei uma mensagem pra ela.
_

Ethan: Meu anjo??? Você chegou bem em casa ???

Ethan: você não me avisou, nem nada😥

Ethan: porfavor, me responda assim que puder😣

Ethan: não posso ficar sem notícias suas😓

_

- Que merda... responde, por favor...
Coloquei o celular ao meu lado no banco, e suspirei fundo pra manter a calma, já que eu estava pensando no pior cenário possível naquele momento.
Bem... Claire sofre de uma depressão muito profunda, ela se mutila, então eu preciso sempre ficar de olho nela e protegê-la.
Eu... eu não quero acordar com a noticia de que ela se matou...
Eu não quero!! Droga!!
- olha só se não é o queridinho da escola, jogou bem nesse segundo tempo em!
Uma voz reconhecível me chamou, era um colega da minha sala.
- ah.... obrigado...
O respondi, mas a minha mente só estava em Claire naquele momento.
- Que nada, mas deixa eu te falar, a gente vai pra um barzinho bacana depois da escola pra comemorar o jogo de hoje, seria essencial você estar lá, irmão, já que você é o líder.
Ele me convidou, mas eu não tinha cabeça pra aquilo, não mesmo.
Eu precisava saber como a minha princesa estava, e se ela estiver bem, talvez eu fosse nessa tal comemoração.
- foi mal, mas agora eu tô um pouco ocupado.
O respondi e ele deu risada.
- Entendi, você vai atrás da suicida né?
Ele riu ainda mais, uma risada de zombaria cruel e sem humanidade, naquele momento, eu já não estava mais respondendo por mim.
Estava preocupado com Claire, já imaginando que havia acontecido o pior, então me levantei rapidamente do banco do vestiário e tomado por raiva e preocupação, segurei com força a camiseta do idiota e o puxei, quase o levantando do chão.
- presta muita atenção, seu desgraçado. Eu juro que não sou de brigar, mas se você abrir mais uma vez a merda da sua boca pra falar dela, você sai daqui sem seus dentes!!
Falei em tom ameaçador para aquele palhaço.
Era isso que ele merecia se disferisse palavras ruins sobre a minha doce garota de novo.
Já não basta o quanto estou preocupado...
Ele então se soltou e levantou os braços.
- Calma aí, parceiro. Não quis ofender não.
Ele então se afastou de mim e me olhou com um deboche no olhar.
- Some daqui!!! Ou eu te quebro!!!
Eu gritei em tom de ameaça novamente, e ele deu risada, saindo do vestiário.
- Que droga...
Passei a não pelo meu cabelo cacheado, e pensei um pouco.
Eu... tenho que ir o mais rápido possível na casa dela.
Ou algo ruim pode acontecer.
Mas antes, preciso deixar as notas dela sob cuidados de algum professor.
Preciso ser rápido.
Então, me levantei rapido e nem tirei meu uniforme de basquete, sai rapidamente do vestiario e fui até a sala dos nosso professores pra encontrar o tão querido, Flint.
O professor mais gentil que já tivemos.
Então, bati na porta e rapidamente a abriram.
Era Adília.
- Do que você precisa?
Ela me olhou com aquela cara de sempre.
- Preciso falar com o professor Flint.
Ela então negou com a cabeça.
- ele está ocupado agora, volta outra hora, garoto.
Ela então começou a fechar a porta, mas eu ouvi uma voz reconhecível no fundo, lá dentro da sala.
- Que ocupado oque, Adília? Deixa o rapaz vir. Pode entrar sim meu filho.
Ele disse lá do fundo, e Adília não teve outra opção a não ser não fechar a porta.
Então eu a olhei.
- Com licença.
Falei baixo, e passei por ela.
O professor Flint e a professora Jiullia estavam tomando café e corrigindo algumas provas.
- Professor, professora, desculpe atrapalhar vocês, mas como sabem, o jogo de hoje estava valendo nota em todas as matérias e eu consegui acrescentar na de todos os alunos, só não consegui acrescentar na de Claire, vocês podem fazer isso por mim e me mandar uma mensagem depois?
Perguntei, pegando uma cópia do último boletim dela e deixando na mesa deles, que olharam o mesmo.
- Nota extra? Eu nem sabia que ela iria precisar disso, ela é uma ótima aluna e está com boas notas.
A professora Jiullia disse tomando um gole do seu café.
- eu concordo, ela é uma menina muito querida e estudiosa.
O professor Flint continuou, e pegou o boletim dela, analisando suas notas.
- É mesmo, mas o único problema dela é em educação física... Ela é muito introvertida e não participa das atividades, e quando participa os outros alunos zoam com ela, e eu não acho certo ela fazer o terceiro ano todo de novo só por conta disso.
Expliquei aos dois, que logo entenderam e assentiram.
- Correto, filho. Nós ajudaremos com certeza. É só isso que precisa?
Ele perguntou, colocando o boletim dela junto com suas pendências e me olhou.
- Sim senhor, somente... muito obrigado, agradeço muito vocês.
Os dois então sorriram gentilmente.
- Por nada, só cumprimos nosso dever aqui.
A professora Jiullia completou, e eu assenti.
- Vocês são ótimos professores, mas enfim... já deu meu horário, tenho que ir, obrigado!
Me despedi deles e sai pela porta da sala, a fechando logo em seguida.
Preciso correr e me certificar de como minha princesa está.
Eu espero muito que ela esteja bem...
Passei em minha sala e peguei minha mochila, e corri para o portão de saída da escola, em direção a minha bicicleta.
Já no estacionamento da escola, eu a peguei e sai dali o mais rápido possível, pedalando rápido pelas ruas de concreto frio e céu cinzento, ansioso pra ver como ela estava.
O vento frio batia levemente em meu rosto, e eu só pensava em como ela estava nesse momento.
Deus, porfavor, não deixe ela morrer...
Rezei mentalmente, mudando para a outra rua, já não tão longe da casa dela, e pedalei ainda mais rápido.
Minha respiração estava pesada, meu corpo começou a se cansar, já que eu nunca pedalei tão rápido assim, ainda mais depois de um jogo cansativo, mas tudo que eu queria era chegar logo para vê-la.
Virei mais uma rua, e pude ver o bairro nobre em que se localizava a casa dela.
Graças a Deus, graças a Deus, estou perto.
Suspirei fundo e corri ainda mais com minha velha bicicleta quando vi a casa dela bem mais à frente.
O ar frio que respirei rápido demais tomou meu peito me causando uma pequena agonia, mas eu não parei.
Não, eu não podia parar!
E se ela estivesse precisando de mim?
Eu preciso ajudar a minha pequena... o meu doce e puro anjo...
E então depois de um tempo eu Finalmente cheguei à frente de sua casa, e rapidamente desci da bicicleta sem nem mesmo pará-la corretamente, e corri para a porta da frente.
Tentei abri -la e consegui, já que estava entre aberta, e logo subi as escadas rapidamente, correndo em direção ao seu quarto.
- Claire!! E-Eu...
Abri a porta sem bater, já que eu estava muito preocupado e querendo saber como ela estava, e então eu olhei para o chão de seu quarto...
Não...
Não...
Não pode ser...
Claire estava no chão... ensanguentada...
NÃO!!
- MERDA, MERDA, CLAIRE!!!
comecei a sacudi-lá em desespero, sentindo meu coração quase explodir de desespero ao ver quem eu tanto amo dessa maneira.
Minhas mãos tremiam e eu suava frio, parecia que eu iria desmaiar de tanto desespero.
- CLAIRE!!!!
Gritei seu nome ainda a sacudindo sem parar no chão, e comecei a chorar incessantemente.
Eu... a perdi?
Eu... não, não!
- A-ah.. e-ethan?
E em meio a tanto medo,Tudo oque eu mais queria que acontecesse, felizmente aconteceu, e eu ouvi sua doce voz chamando meu nome, ao mesmo tempo que ela se levantava aos poucos.
Então meu coração finalmente descansou em paz, mas mesmo assim eu continuei chorando, pensando que havia a perdido pra sempre.
- GRAÇAS A DEUS!!! VOCÊ ESTÁ VIVA!!
Me aproximei dela e a puxei para um abraço forte e beijei sua testa várias vezes, ainda trêmulo e chorando muito.
Mas ela estava... fria. Não me abraçou de volta, e ficou um tempo encarando a parede ao invés de mim.
- Eu não me machuquei... Ethan...
Ela disse ainda sem me olhar.
Ela... não se machucou? Isso é...ótimo!
Mas... se ela não se cortou...
- Q-que bom! M-mas... e esse... sangue?
Perguntei, agora me afastando dela pra olhá-la melhor, e vi sua camiseta e saia manchados de sangue.
Bem como sangue embaixo de suas unhas, e respingos em seu... rosto.
Que droga havia acontecido?
Ela então deixou de olhar para o nada e olhou em meus olhos.
Suas iris estavam assustadoramente foscas e sem brilho algum, um olhar tão vazio... tão frio, tão gelado, que arrepiava cada pequeno pelo de meu corpo.
- Esse sangue não é meu...
Ela disse, ainda me olhando sem nenhuma expressão.
Naquele momento engoli em seco e senti um suor frio escorrer de minha testa.
Não... era dela? De quem... de quem era então?
- eu não estou te entendendo...
Eu me afastei um pouco dela, olhando ao redor de seu quarto pra tentar entender oque ela estava dizendo, e oque estava acontecendo.
Ou quem ela supostamente havia ferido.
- Se eu não me machuquei, eu provavelmente machuquei outra pessoa, Isso não é óbvio?
Ela me olhou com a mesma expressão fria.
Será que ela... encontrou liz e Laurie em algum lugar e isso acabou em briga?
Ou... talvez tenha sido uma briga com seus pais...
- Alguém... te machucou de novo e você revidou?
Perguntei a olhando, e ela assentiu que sim.
- Sim...e-eu tentei não machucá-lo!!!
Mas aquilo... Eu... esperava que ele fizesse tudo de ruim... Mas...
Ela então, inesperadamente começou a chorar, e agora sua expressão havia mudado para decepção e seus olhos estavam marejados.
"Esperava tudo de ruim"...?
Droga...
- meu Deus... oque fizeram com você meu anjo? Me diga... p-porfavor...
então me aproximei dela mais uma vez e a abracei novamente, encostando sua cabeça em meu peito.
- F-Foi ele, Ethan... ele... droga,me esforcei tanto por ele... Eu até deixei ele fazer tudo oque quisesse comigo...
Ele...?
Então ela estava falando daquele desgraçado do Rafael...
Mas que droga ele havia feito?
Porque ele a maltrata tanto?
- Claire... Não me diga que ele machucou você de novo....
Falei em tom sério e rígido, a abraçando ainda mais para acalmá-la, mas com meu sangue quente de raiva daquele desgraçado.
De verdade, eu não me importava em vê-la com outra pessoa que não fosse eu, muito pelo contrário, eu quero ver minha doce garota feliz.
Eu quero que ela esteja com alguém que a ame e proteja, como ela merece ser protegida e bem cuidada.
Mas, está acontecendo exatamente o contrário.
Ela está com um maníaco que só a maltrata, abusa dela e a tortura das piores maneiras possíveis!
Droga, isso me deixa maluco de preocupação.
Sei que ela mesma escolheu esse caminho e eu não posso obrigar ela a sair disso se ela não quer, mas me dói. Me dói muito.
A Dependência emocional é uma droga.
E eu sei bem como é.
Lutar incansávelmente pelo amor de alguém que não tá nem aí...
É algo difícil de sair...
- Ele... fez isso sim, só que... foi mil vezes pior do que eu imaginava...
Ela então começou a chorar, e segurou forte o tecido macio da minha camiseta de basquete.
Oque caramba pode ser pior do que aquela vez em que ele abusou dela??
Eu... Não consigo nem imaginar.
- E-Eu... só queria ser boa pra ele... e eu tentei!! F-fiz de tudo!! E... mesmo assim, ele... e-ele... Droga!!!
Ela chorou ainda mais e se afastou de mim, levando as mãos ao rosto e chorando como uma criança.
A decepção em seus olhos era muito perceptível, e eu estava muito preocupado com ela, com oque mais aquele infeliz poderia ter feito à uma garota tão gentil e tão inocente como ela.
- antes de tudo eu preciso que me diga, porfavor... oque aquele merda fez com você?
Ela então levantou devagar o olhar pra mim, seus olhos inchados de tanto chorar e suas mãos trêmulas, e negou com a cabeça
- não... melhor não... eu... não acho uma boa ideia te contar agora... não todos os detalhes disso...
Ela então se afastou de mim e ficou de cabeça baixa.
- Mas resumidamente... nós terminamos.
Ela disse em um tom baixo, quase inaudível.
Logo uma paz enorme tomou meu coração, uma pequena esperança de que Claire agora poderia ter uma vida melhor e mais feliz surgiu em meu peito.
De que ela poderia encontrar alguém que de fato, a tratasse como ela merece.
Que fosse carinhoso, que realmente a amasse...
- isso... isso é bom.
Eu falei baixo, quase inaudível.
Ela então me olhou de forma fria, sem entender oque eu quis dizer com aquilo.
- b-bom?
Ela perguntou em um tom baixo, ainda me olhando, com seus olhos inchados e molhados confusos.
Então assenti com a cabeça e acariciei seu rosto, enxugando suas lágrimas com meus dedos.
- Sabe... não é novidade pra você, mas eu... e-eu te amo muito... e eu te amo tanto que meu maior desejo é te ver feliz, se não comigo... que pelo menos seja com alguém que te ame, que te trate como você merece ser tratada... com muito amor, carinho... e que... n-nunca te machuque...
Involuntariamente uma lágrima caiu de meus olhos, mas eu imediatamente a limpei e dei um sorriso.
- E-Ethan...
Ela sussurrou meu nome em um tom baixo e me abraçou forte, com suas mãos macias e fofas em volta de mim.
- Eu jurei pra mim mesmo que algum dia estaria no seu casamento, meu anjo... seja te esperando no altar, ou torcendo pela sua felicidade no meio dos convidados... na verdade, tudo que eu quero é apenas ver você feliz. E se você estiver sorrindo, eu também estarei.
Falei toda a verdade segurando o choro, enquanto ela estava em meus braços. Nossos corpos estavam colados e aquela sensação era muito confortante pra nós dois.
- E-Ethan... e-espero que algum dia você possa me perdoar... por m-machucar seu coração...
Ela começou a chorar novamente, e me abraçou ainda mais firme, suas lágrimas molhavam minha camiseta, e ela parecia se culpar por não gostar de mim, do mesmo modo que gosto dela.
- Não se preocupe com isso... nós não mandamos no coração, não é?
Dei uma leve risada triste, e ela assentiu.
- M-mas se quiser... pode me ajudar com alguns band-aids...
Eu disse com mais um sorriso triste e ela me olhou confusa mais uma vez.
- Oque seriam esses... band-aids?
Ela perguntou, e eu me preparei pra dizer e mostrar à ela.
Um arrepio me dominou, mas segui mesmo assim.
- Seus... b-beijos.
Então, eu a puxei carinhosamente contra mim e aproximei lentamente meu rosto do dela, vendo sua expressão mudar para uma triste surpresa.
Nós respiravamos o ar um do outro, e nossos lábios estavam muito, muito perto.
Aqueles lábios... tão doces... eram como o próprio paraíso.
E tudo que eu queria era sentir aquele gosto maravilhoso... pelo menos mais uma vez.
Sei que pode ser uma droga em que vou me viciar... Mas... Eu preciso...
É como se eu necessitasse do beijo dela pra continuar vivo.
Isso me machuca tanto, mas me faz tão bem... que merda...
Estávamos em silêncio naquele momento, eu acariciava suas bochechas macias e fofas com meus dedos devagar, enquanto me aproximava mais dela.
Nossos narizes se tocaram, e então...
Aquele gosto doce me dominou.
Nossos lábios já estavam juntos, se fundindo na mais perfeita sincronia.
E ela... não lutou contra, não se afastou, apenas ficou ali... comigo.
E nós Estávamos no chão do quarto dela, sentindo a brisa do vento frio que vinha da janela em nossos rostos,
Enquanto nossas línguas dançavam juntas, e eu sentia mais uma vez oque eu sempre sentia quando estava com ela.
Sentia que estava no paraíso, uma mistura de felicidade e tristeza.
De uma vez só.
Como uma faca apunhalando meu peito.
E eu... gosto de ser esfaqueado.

 gosto de ser esfaqueado

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