capítulo cento e oitenta e oito: Ligação privada.

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- Nossa, o cheiro aqui está muito bom! Oque será que tem hoje?Ethan exclamou enquanto andávamos juntos em meio aos montes de alunos, em direção à cozinha da escola, que já estava servindo os alunos, nos preparando para a última aula

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- Nossa, o cheiro aqui está muito bom! Oque será que tem hoje?
Ethan exclamou enquanto andávamos juntos em meio aos montes de alunos, em direção à cozinha da escola, que já estava servindo os alunos, nos preparando para a última aula.
Já que hoje estudaremos apenas até as  9h.
- Está mesmo muito cheiroso, pelo cheiro parece ser macarronada.
Falei enquanto pegava uma bandeja junto com Ethan, e nos juntamos à fila, esperando nossa vez no buffet da escola.
- Se for mesmo macarronada, eu espero que eles sirvam um suco bem gelado junto. Ia ser uma combinação incrível.
Ele disse e me olhou, dando um sorriso e uma curta risada.
Neguei com a cabeça, discordando.
- Suco gelado as 8 da manhã? Quem é que consegue? Ainda mais em uma cidade tão fria como nova Jersey... e macarrão é bom, ótimo na verdade! Mas de manhã se torna uma refeição muito pesada.
Ele então deu risada e se aproximou do buffet da escola em mais um passo.
- Só concordo com você na parte do macarrão. Mas sabe, hoje é um dia especial, onde metade dos alunos vão se salvar de reprovar fazendo apenas tarefas físicas, todos nós precisamos de muita energia pra gastar.
Dei de ombros, me aproximando um passo também, atrás de Ethan.
- Sim, você tem razão nessa parte. mas não sei, ainda acho que deveria ser servido algo mais leve... algo como um chá de ervas doces e salada, nada melhor que uma bebida quentinha pra começar o dia.
Ele então assentiu, e deu último passo na fila, e então eu o segui, já era a nossa vez de comer.
Pegamos talheres e nos dirigimos ao buffet.
- Chá é bom, mas eu ainda acho que a bebida gelada é melhor já que ela nos desperta e nos acorda, nos deixando com mais energia.
Ele disse e olhou todo o buffet.
- Olha só, não é que você estava certa? É mesmo macarronada.
Ele lembrou do palpite que eu havia dado e começou logo a se servir.
- Eu sempre acerto a maioria dos meus palpites. Ehehe.
Eu e ele compartilhamos de uma risada leve e não muito alta, e enquanto ele se servia com macarrão, eu fui até a parte dos mini-lanches, e optei por um sanduíche de queijo com salada.
Peguei também uma maçã e logo fomos juntos para a parte das bebidas.
- Ah não.
Uma decepção e um biquinho de tristeza eram visíveis em seu rosto, enquanto ele olhava o freezer de bebidas da escola.
-O que é?
Me aproximei pra tentar entender o porquê dele ter ficado triste do nada.
- É chá gelado. Seria tão bom se fosse suco.
Ele então pegou apenas uma garrafa de água, com um ar ainda triste.
- Bobinho, você pode comprar suco na cantina de pagos da escola.
Ele então se virou pra me olhar e arqueou uma sobrancelha.
- Mas eu não tenho como pagar por isso, e tudo naquela cantina é bem caro... Mas fique tranquila, já peguei uma garrafa de água.
Ele disse, com um sorriso doce e fofo, disfarçando uma pequena decepção,  mas seu olhar era como o de uma criança triste por não poder comer um doce.
então vendo aquilo, eu dei uma leve risada, o olhando.
- É claro que você pode pagar, você está com o meu cartão, se lembra?
Falei, apontando para o seu bolso.
Ethan estava usando a camisa de basquete da escola, shorts de tecido fino próprios para jogar confortávelmente, e all star branco.
Sim, por isso ele estava vestido dessa maneira.
ele iria guiar a escola no processo de recuperar as notas com algumas atividades físicas extras.
Mas... depois do que ele passou, acho que ele precisa descansar e repor as forças até ficar cem porcento bem.
E é claro, comer muito.
- E-Eu não pretendo usá-lo, de verdade. e eu... uhm, queria que você entendesse, meu anjo.
Disse ele novamente tentando me devolver o mesmo, levando sua mão até o bolso de seu short e o pegando para me devolver.
Mas, quando ele esticou sua mão para mim, eu a segurei carinhosamente entre as minhas, e o olhei.
- Eu entendo e sei que você pode achar isso um pouco vergonhoso... m-mas Também tente me entender, Ethan... Você é meu melhor amigo, você me faz tão bem e cuida tanto de mim... Me salvou de tantas coisas ruins, e até de mim mesma várias e várias vezes... porque é que eu não poderia fazer o mesmo por você? Porquê eu tenho que ficar vendo você sofrer, de braços cruzados?
Eu disse tudo oque precisava dizer ali, naquela hora.
Quantas vezes Ethan me ajudou?
Bom, eu não tinha nem mesmo como contar.
Ele é meu melhor amigo, e eu o amo tanto...
Então é claro que irei ajudá-lo também!
Ele então me olhou com uma expressão triste, mas de compreensão, e assentiu.
- T-Tudo bem, você está certa e eu também entendo você, minha princesa. Eu só... não queria te sobrecarregar...
Disse ele, desviando um olhar envergonhado, abaixando a cabeça.
- Eu também nunca quis te sobrecarregar, mas nós somos amigos... somos o apoio um do outro...
Dei um sorriso leve e o olhei nos olhos, me inclinando para abraçá-lo.
- Eu... te amo, Ethan. Você é como um irmão pra mim.
Eu disse enquanto o abraçava com minha cabeça encostada sob seu peito, ouvindo seu coração bater aceleradamente enquanto ele me abraçava de volta com suas mãos, seu toque era gentil, amoroso, era o meu escape da realidade.
Da minha triste realidade.
- Eu também... também te amo... te amo muito, minha princesa. Obrigado por se importar tanto comigo.
Ele acariciou meus cabelos levemente, e deu um beijo suave e doce em minha cabeça.
Eu havia esquecido o quão era bom ficar assim com ele.
Ethan era a minha verdadeira família.
E agora, única.
Abraçá-lo recarregava minhas energias, me renovava para qualquer coisa que fosse.
Mas... droga.
Rafael não gostaria muito de ver isso.
E a vida de Ethan já está nas mãos dele!
Deus... que droga!
Eu deveria me afastar! Eu disse á ele que não deveríamos nem mesmo nos falar mais.
Porém, eu não consigo.
Eu o amo tanto.
Ele é tudo pra mim!
- Eu sempre irei me importar com você, bobinho.
Falei, enquanto eu sentia meus olhos lacrimejarem.
Fazia tanto tempo que não ficávamos assim...
Juntos, deixando de lado os problemas...
Eu estava tão verdadeiramente feliz com ele.
Toda vez que ficávamos juntos, toda a tristeza e preocupação desapareciam.
- V-Você está chorando? Eu fiz algo errado? Eu...
Imediatamente e como esperado, Ethan se preocupou.
- N-não! Você não fez nada... é só que eu estou muito feliz, de... ficar assim com você, você sabe... almoçando juntos e esquecendo os problemas por um momento.
Eu falei, voltando a minha atenção para a minha bandeja, o que ele também fez, mas com um sorriso verdadeiro e radiante.
- Eu também estou muito feliz, meu anjo. Sua companhia pra mim é um presente dos céus.
Ele disse com uma risada doce e fofa.
- Bom, já que estamos felizes hoje... que tal se comprarmos algo pra beber juntos e comemorar?
Falei com um sorriso animado, e ele assentiu, meio envergonhado, mas concordou.
- Eu adoraria. Oque você pretende comprar?
Ele perguntou, olhando para o freezer grande e cheio de opções à nossa frente.
- Eu não gosto muito de bebidas geladas pela manhã, então eu compro um cappuccino pra mim e um suco bem gelado pra você, e tomamos juntos, que tal?
Dei a minha ideia, e ele então aceitou com um sorriso.
- Ótima idéia.
Com isso, então logo nos dirigimos até o freezer de refrigerantes e sucos, onde logo ao lado também havia uma máquina de café.
Li rapidamente os botões, cada um deles era um tipo de derivado de café diferente, havia ali desde café expresso clássico, até um capuccino vanilla com muito chocolate e chantilly.
E bem, eu amava doces. Mas por agora decidi optar por algo mais leve, como o cappuccino dark.
Ele era composto por leite, café, baunilha e chocolate 60%.
Quentinho e saboroso, tudo oque eu precisava nesta manhã.
Selecionei o mesmo e então aproximei o meu cartão, que rapidamente foi reconhecido pelo sistema da máquina e aprovou o meu pagamento.
Um barulho leve se iniciou, e a máquina começou a preparar minha bebida.
Enquanto esperava, cruzei os braços e puxei as mangas da minha blusa de frio para que elas cobrissem minhas mãos.
Minha pele está tão gelada, que droga de uniforme...
Eu só queria estar usando calças e tênis bem confortáveis agora...
Dei um suspiro fundo de decepção ao pensar em como foi péssima a escolha do diretor, sobre colocar saia como o padrão do uniforme de tenis das garotas.
- Aqui está o melhor de todos, suco de maracujá.
Uma voz doce e animada me tirou dos meus pensamentos, interrompendo enquanto eu insultava a escola e suas péssimas decisões mentalmente.
Era Ethan.
Ele parecia estar tão feliz agora...
Bem, ele estava passando fome.
E é claro que eu não iria deixá-lo assim.
Meu doce liam... eu nunca o deixaria sozinho nessa situação!
A única coisa que me amedronta um pouco é se caso Rafael souber que estamos juntos aqui na escola...
Ele pode matar meu amigo! E eu tenho tanto medo disso...
É o meu MAIOR medo. Pra falar a verdade.
- A-Ah, sim. Suco de maracujá é muito bom mesmo.
Sorri enquanto olhava para ele, tão feliz por poder tomar um simples suco...
Ethan era um anjo, um anjo de coração tão puro, um coração inalcançável de tão limpo...
Ele era tudo pra mim.
Até mesmo quando fui rude com ele, ele foi gentil comigo.
- Você está bem? Parecia estar... hum...pensando em algo.
Ele disse, se aproximando de mim, me olhando com um olhar preocupado.
O olhei de relance e encarei a máquina de café.
- Só estou com vontade de tomar logo esse café, deve estar delicioso.
Mudei de assunto, me abaixando pra pegar meu café na máquina, que havia sinalizado que o mesmo já estava pronto.
Um calor leve tomou meus dedos, estava bem quente e o cheiro era maravilhoso.
- Parece mesmo estar muito bom.
Ele sorriu pra mim enquanto olhava para os lados, parecendo procurar por algo no refeitório da escola.
- Oque houve?
Perguntei, tentando entender.
- Parece que as mesas estão todas lotadas.... droga.
Ele xingou baixo, quando viu que não havia nenhuma mesa livre.
- Ah, não se preocupe com isso. Podemos almoçar na sala mesmo... Oque acha?
Dei a ideia de lancharmos na sala de aula, e logo ele concordou.
- É uma boa ideia, vamos lá então.
Juntos, pegamos nossa comida e fomos diretamente até a sala. No segundo andar, subindo as escadas.
Entramos na mesma, que já se encontrava aberta e colocamos nossa comida em uma das mesas desocupadas do fundo.
- Longe de todo barulho do refeitório, lanchar aqui vai ser muito agradável.
Ele disse com um sorriso direcionado á mim.
Sorri de volta e o olhei também, oque fez nossos olhares se encontrarem.
e envergonhada com aquele contato visual direto, abaixei a cabeça enquanto sentia minhas bochechas ficarem quentes.
- Sim, muito... que tal juntarmos nossas mesas?
Falei enquanto via que daria o espaço perfeito para nossas bandejas.
- Perfeito, pode deixar que eu coloco a minha ao lado da sua.
Ele disse e arrastou sua mesa e cadeira ao lado da minha, se sentando bem ao meu lado.
Estávamos em um ótimo lugar na sala, bem perto de uma das grandes janelas, onde tínhamos uma vista ótima da cidade coberta por nuvens cinzas e chuva.
Manhãs frias eram minhas favoritas, ainda mais com uma boa comida matinal na escola, e ao lado
de Ethan...
Faz tanto tempo que não ficamos assim... juntos.
- Parece que alguém está pensando demais...
Sua voz doce e sua risada fofa me tirou de meus pensamentos, e quando me virei pra olhá-lo, vi que ele havia começado a comer seu macarrão, e tomou um gole de seu suco.
- Talvez, na verdade... estou pensando em quanto tempo fazia que não ficávamos assim, lanchando juntos e conversando, como te disse antes.
Dei um sorriso, me lembrando da última vez que ficamos juntos.
Estávamos almoçando no refeitório e bem naquele dia arielle e as outras me machucaram na frente dele, depois, ele ficou do meu lado durante todo o tempo, até mesmo dormiu ao meu lado para me tranquilizar...
já faz tanto tempo...
- É mesmo, estou feliz que estamos juntos de novo, mas na verdade... isso é muito perigoso... v-você sabe...
Ele abaixou a cabeça gaguejando um pouco, e mexeu em seus cabelos cacheados, tentando disfarçar a preocupação que estava o assolando.
Sim, ele estava certo.
Eu penso nisso o tempo todo...
Eu quero ficar perto de Ethan, ele é meu melhor amigo, mas isso... É arriscado e pode colocar sua vida em risco.
Não deveríamos estar juntos, porque se Rafael descobrir...
- e-eu sei, eu estava pensando sobre isso mais cedo... a única coisa que me conforta um pouco é que ele não vai vir aqui e não pode nos ver, mas não deixo de sentir medo...
Suspirei fundo, sentindo um aperto em meu peito, só de imaginar Rafael entrando na escola e me vendo ao lado de meu melhor amigo.
Como aquele dia em que ele entrou e eu estava na enfermaria...
Mas naquele dia a aula já tinha acabado e a escola estava aberta, hoje a escola está trancada pois ainda estamos em aula... não é perigoso... eu... acho.
- Bom, a chave da sala está aqui, se quiser podemos trancar a porta e abrir só para os professores e alunos, se isso te fizer se sentir mais segura...
Bom, isso não impediria Rafael, eu tenho certeza, mas é melhor do que nada.
- Acho uma ótima ideia, pode deixar que eu mesma tranco.
Me levantei da minha cadeira e fui até a porta da sala, que não estava longe, e virei a chave, a trancando.
Voltei para minha mesa e me sentei novamente.
- Acho que está melhor agora.
Ele sorriu, tomando mais um pouco do suco, mas depois ficou sério e corou, envergonhado.
- N-não é oque você está pensando! Eu não sou nenhum pervertido! E-eu digo que é melhor assim por conta da segurança... e-entende?
Ele se desculpou de forma embaralhada, achando que havia soado de forma desrespeitosa, ou com segundas intenções.
Dei risada do quanto ele ficava fofo agindo dessa maneira, tão doce...
Me pedindo mil perdões por algo que nem fez...
Ele então viu que eu estava rindo, e abaixou a cabeça, ficando ainda mais vermelho.
- Eu sou um fracassado... me desculpe.
Neguei com a cabeça e levantei uma mão para acariciar seus cabelos cacheados e lindos.
- É claro que não é, não se preocupe, eu entendi oque quis dizer.
Acariciei devagar seus cabelos para que minhas unhas não o machucassem, seus cachos eram lindos e o cabelo dele estava um pouco maior, quase cobrindo os olhos.
Pude ver ele se arrepiar um pouco, mas ele disfarçou com uma risada.
- Eu acho que vou dormir.
Ele me olhou com um sorriso tímido, inquieto, estava arrepiado por inteiro.
Então, parei de acariciar seus cabelos.
- sendo assim eu vou parar, não quero que você caia de cara no prato de macarrão.
Dei risada imaginando a cena, e me inclinei para tomar meu cappuccino.
O gosto doce e quente invadiu minha boca, uma bebida perfeita para uma manhã fria, tão bom...
Melhor do que isso, somente um chá de ervas.
- Lembrei de uma vez em que dormi em sala e depois Adília chegou, ela me acordou aos gritos, batendo na mesa, nunca acordei tão assustado.
Ele deu risada e continuou a comer.
- não consigo imaginar o quão ruim deve ter sido, ela é muito cruel.
Tomei um gole grande do meu cappuccino e ele assentiu.
- É, não entendo o porquê não colocaram outra coordenadora, ou coordenador.
Ele disse, se encostando em sua cadeira, tomando seu suco de maracujá.
- Seria muito bom se o professor Flint ou se a professora Giulia tivessem esse cargo, tenho certeza que seriam incríveis.
Sorri pensando em como seria um deles coordenando a escola.
Seria maravilhoso.
- Com toda certeza.
Tomamos nosso café da manhã conversando, como fazíamos antes, falando sobre várias coisas e fazendo piadas naquele intervalo curto de apenas trinta minutos.
Os melhores trinta minutos da minha vida.
Depois, lembrando que meus airpods estavam cem por cento carregados, ouvimos musica juntos, cantando em uníssono algumas partes das nossas músicas favoritas enquanto curtíamos
Nossas bebidas naquela manhã maravilhosa.
Estava tudo tão bom...
- Eu adoro essa música do Lil peep, Falling down acho até que se encaixa no momento que estamos tendo.
Disse ele, enquanto olhávamos para a janela, ouvindo a música pelos fones.
- Com certeza, já que estamos literalmente vendo a chuva cair juntos...
Respondi me encostando em minha cadeira de forma confortável.
- É...
Que momento doce e agradável...
Eu estava tão feliz ali, com ele.
Ethan sempre fazia isso, transformava os dias mais tristes em dias alegres e felizes.
Eu até mesmo esqueci por um tempo do que aconteceu ontem...
Mas... algo interrompeu nosso momento.
Meu celular tocou, pausando a música.
Era um número privado me ligando.
Eu e Ethan encaramos o celular, sem saber o que fazer.
Quem era? Eu nunca recebi ligações assim antes.
- Você vai atender?
Ethan perguntou, e eu disse que sim.
Bom, se eu não atender não saberei quem é.
- Tenho que atender ou não saberei quem está me ligando... eu v-volto num instante.
Me levantei da mesa e fui para um canto da sala, desconectei os airpods desativando o bluetooth e coloquei o celular próximo à meu ouvido, atendendo a chamada.
- Q-Quem é?
Perguntei com a voz um pouco falha, nervosa por não saber quem estava do outro lado.
Um breve silêncio se fez, mas logo...
Uma voz grave e reconhecível pode ser ouvida, me arrepiando dos pés a cabeça.
- Sou eu, meu bem.
Era... Rafael...
Minhas mãos estavam trêmulas e eu suei frio, engolindo em seco.
Como ele havia pego meu número?
Porque me ligar de um número privado?
- uhm... Liguei pra avisar que não vou poder te buscar na escola hoje porque estou um pouco ocupado. Mas o dinheiro para o táxi já está na sua conta, não demore.
Minha conta?
Como ele sabe da minha conta bancária?
Droga, Claire! Ele é um assassino em série, isso não é nada em comparação de tudo que ele fez e fará...
Ele é capaz de qualquer coisa.
- T-Tudo bem...
Foi tudo que eu consegui falar, devido ao nervosismo e medo.
Então pra piorar, ele deu uma curta risada grave e firme que me deixou ainda mais trêmula do outro lado da linha.
- Ótimo, docinho. Boa aula tá? E lembre-se que eu te amo.
De novo essa maldita frase?
Droga...
Senti meu rosto esquentar e minhas pernas ficarem fracas, isso acontecia toda vez que ele dizia isso.
Eu... eu o amo também, mesmo sabendo que ele está mentindo pra  mim e que me maltrata tanto.
E isso é o inferno...
Sentir amor e ser correspondida com dor.
Mas eu o respondi.
- E-Eu te amo... também...
Suspirei fundo, sabendo que naquele relacionamento, eu era a única que amava.
- Estou esperando você, meu bem. Beijos.
Ele disse, uma última vez e desligou a chamada.
- C-Claire?
A voz doce de Ethan me chamou, mas não o respondi, não naquele momento.
Senti um aperto no peito e um frio na espinha quando ele me ligou, minha pele ficou gelada, e eu senti algo terrível...
Era como se uma tragédia estivesse prestes a acontecer.
Eu não sei o que é... não sei como...
Mas eu tinha total certeza disso.

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