Entre Amor E Mortes

capítulo cento e quarenta: Dentes de leão.

" dente de leão contra o vento você vai, você precisa fazer minha garota saber,dente de leão contra o vento você vai, você precisa fazer minha garota saber que...
Estou em um campo de dentes de leão, desejando à todos eles que você seja minha.
Eu vejo nosso futuro em seus olhos, eu fico completo quando você está feliz."

Eu estava jogado na grama em frente à minha casa, caído ali.
uma chuva havia começado, mas eu me vi sem forças pra me levantar e sair dali.
Eu apenas chorava.
As lágrimas caíram de meus olhos, e eu comecei a pensar em tudo oque aconteceu.
Desde que vi aquele homem pela primeira vez, senti que algo maligno vinha dele.
Aquele rosto bonito dele não conseguia me enganar.
Seus olhos eram perversos e com toda certeza ele escondia algo.
Pensei em avisar Claire, mas notei a felicidade e o brilho em seus olhos, cada vez que ela falava dele ou que o via.
Ela estava perdidamente apaixonada por ele.
Mas, hoje. Todas as minhas intenções se confirmaram como corretas.
Ele me convidou pra tomar algo em sua casa e disse que queria me conhecer melhor, e eu, ingênuo que sou aceitei.
Pois naquele momento ele não parecia ter o olhar estranho que sempre tinha, ele parecia estar falando a verdade.
Entrei no carro dele já que minha bicicleta estava no concerto, e fomos conversando no caminho.
Ele não falava muito, mas sempre respondia as minhas perguntas aparentando ser gentil e atencioso.
Mas, eu estava enganado.
Naquele momento eu havia caído nas garras do próprio diabo.
Ele morava longe da cidade, e adentrou numa trilha na floresta onde era sua casa, uma casa enorme e sofisticada.
Desci do carro dele, e entramos subindo as escadas.
Me sentei em seu sofá extenso e muito macio, e ele me fez uma limonada.
Rafael me entregou o copo aparentando não ter malignidade alguma, e eu tomei.
No começo estava bom, mas logo uma tontura terrível me invadiu, e seu sorriso sarcástico apareceu.
Perguntei oque ele havia colocado ali, e ele me disse que eram drogas e sedativos.
Meu Deus!! Droga!! Porquê eu tive que ter aceitado aquilo??
Depois, só me lembro de ter apagado de vez, e acordar em uma sala estranha, que cheirava à decomposição e sangue seco, e me vi todo machucado e cheio de cortes nos braços.
Quando pude enxergar melhor, ainda sentindo uma tontura terrível, vi Claire em minha frente, e me desesperei.
Ela estava amarrada em uma poltrona, com... Bom, apenas uma lingerie.
Ela chorava e tentava se soltar à todo custo, gritava meu nome e quase se enforcou pra tentar me alcançar.
Uma dor terrível no peito me invadiu, e tudo que eu poderia fazer naquele momento era pedir pra ela não fazer nada, ou o maníaco do namorado dela poderia ver.
Eu estava tão preocupado naquele momento, será que ela sabia que ele era assim?
Meu Deus... proteja ela porfavor...
Era tudo oque eu poderia fazer pra ajudá-la naquele momento, já que eu também não conseguia me soltar.
E então para nossa ruína, ele apareceu.
Nos mandou ficar calados e a obedecê-lo, ou iria nos matar.
Chorei ainda mais, não.... ela não!!
Minha clarinha  não pode se machucar!!
Fizemos tudo oque ele mandou, porém, ainda assim a perversidade dele quis nos castigar.
Ele aparentava estar com muita, muita raiva.
Pensei por um tempo, droga... será que ele havia visto quando beijei Claire?
Lágrimas caíram dos meus olhos quando imaginei que eu era o motivo de tudo isso.
Mas... Eu tinha que me declarar! Eu precisava contar pra ela e tirar esse peso terrível do meu peito!
Sei que foi errado beijá-lá, mas eu precisava daquilo para continuar vivo.
Porém agora, eu realmente não sei se vou continuar.
Machucado, torturado e com a mentalidade acabada, eu estava caído em frente à minha casa, sem forças pra me levantar.
Pois Rafael havia atirado em minha perna, e cortado meus braços até eu ficar tonto de tanto perder sangue.
Porém isso não foi o pior que ele fez comigo, a pior tortura foi quando ele... fez sexo com ela na minha frente.
Sim. Ele fez isso.
Ele tomou meu anjo doce e iluminado de mim, me deixando sem chão, a possuindo na minha frente.
Mas, eu via nos olhos dela que ela não queria aquilo, porém ele disse que iria me matar e ela cedeu, pra me proteger.
Eu nunca chorei tanto na minha vida, me sentindo um lixo, culpado, já que ele deve ter visto quando eu a beijei, e agora está descontando toda a sua raiva nela!
Aquilo me doía, ver ela ali vulnerável sem poder se defender enquanto ele a usava, mas eu tinha a consciência de que a culpa daquilo tudo era minha.
Eu apertava os olhos com força, tentando não ver aquilo, a minha doce princesinha sendo tomada à força por esse crápula, eu tentava visualizar mentalmente eu e ela felizes, e finalmente juntos.
Uma coisa que eu sabia que nunca iria acontecer... eu acho.
Mas, minhas tentativas de ignorar oque ele estava fazendo eram falhas, já que eu podia ouvir os barulhos da poltrona, os gemidos graves dele e vários tapas sendo desferidos nela.
Com os olhos fechados eu chorei, tudo que eu queria era tira-la dali e pedir perdão, já que eu sabia que a culpa era minha... mas eu sequer podia me mexer.
Claire porfavor... me perdoe, minha doce anjinha. Me perdoe...
Eu sussurrava naquele momento mentalmente, ainda com os olhos fechados ignorando ver aquela cena que me traria dor pra sempre.
Então ele acabou, sim. O objetivo dele era me trazer dor toda vez que eu me lembrasse daquela cena, depois ele disse algumas coisas pra Claire, que não pude ouvir, e veio até mim.
Ele ameaçou me matar de novo, mas iria me sediar antes. Porém minha doce princesa protestou contra ele e me salvou da morte mais uma vez.
Porém, eu estava péssimo com aquilo,  já que a culpa de tudo isso era minha, eu a beijei, eu devo sofrer!
Mas não, ela se prontificou para pagar pelo MEU erro, e aquilo acabava comigo.
Lágrimas caíram de meus olhos novamente, e eu chorava tanto que sentia os mesmos pesarem, talvez, Rafael esteja certo em ter me torturado, já que eu tive a descarada atitude de beijar claire, mesmo sabendo que ela tem um namorado.
Porém, como eu disse. O beijo dela era importante para que eu continuasse vivo.
Naquele hora eu não pude me controlar, eu a amava verdadeiramente e queria cuidar dela até o fim da minha vida.
Mas... Eu paguei o preço por amá-la.
E me saiu caro, já que agora nunca mais esquecerei daquela cena...
E também me sentirei culpado pra sempre, já que quem errou fui eu, e ela que pagou metade do preço.
Eu... droga, sou um lixo. Um inútil! Eu não pude proteger a garota que eu tanto amo!
Deitado na grama verde e molhada da água da chuva, olhando para o céu nublado e escuro daquele fim de tarde, eu chorava como uma criança, desejando que tudo isso passasse, e que um dia eu fosse feliz pra sempre com ela.
Olhei para o lado, e vi os dentes de leão que ficavam na frente da porta da minha casa, o vento que vinha junto com a chuva fria, fazia suas pétalas minúsculas e brancas voarem.
E então eu me lembrei de uma pequena parte da minha infância, mas que significava muito pra mim.