Capítulo trinta e cinco: Torturada

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Eu estava saindo da escola, e tudo bem até então, não ótimo, como deveria

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Eu estava saindo da escola, e tudo bem até então, não ótimo, como deveria. Na verdade, nunca foi. Mas em específico, essa manhã foi bem mais leve que as outras, por mais que eu tivesse sido ameaçada pelas garotas, mas eu não ligava, não naquele momento. Eu havia finalmente feito algo... Bom, algo... Útil.
Eu tinha feito minha sala ganhar naquela partida de basquete, e eu não podia deixar de me sentir, nem que fosse um pouquinho, feliz...
Sei que minha felicidade iria se desmanchar completamente assim que eu chegasse em casa, mas... Eu não me importei naquele momento, e apenas decidi demorar um pouco mais ali na frente da escola, pensando na vitória de hoje, e no quanto eu me diverti também.
Basquete... Algo que eu tinha tanto medo, já que era cheio de pessoas...
Ah... Ethan tinha razão.
Ainda bem que eu me atentei a ouvi-lo.
Ele sempre diz tantas coisas boas e gentis...
Elas, por nem que sejam alguns minutos, mudam meu dia.
Eu ainda sofro e sinto dor, sim, mas... As palavras dele ajudam a dor a ser menos corrosiva.
E dessa vez, não foi diferente.
Eu pensava enquanto olhava para o dia frio lá fora, enquanto levantava minhas mãos geladas por conta da brisa suave e do clima chuvoso, aos cabelos, para soltá-los do rabo de cavalo ao qual estava preso.
Deslizei os dedos, o elástico saindo com rapidez, e me preparei para guardá-lo no pequeno bolso de minha mochila, enquanto saia pra fora da escola em passos lentos, mas... Então, me senti sendo arrastada com força e mãos colocando algo em meu rosto, que mal pude ver oque era, e então, eu caí, e tudo se tornou escuridão.
Até que eu acordei, e uma visão totalmente ruim tomou meus olhos, por completo.
Eu estava em um lugar estranho, uma espécie de sala, ou quarto, eu não sabia dizer.
As paredes em vermelho sangue, um vermelho seco e sem saturação ou vividez, com alguns itens estranhos a mostra, olhei em volta, e pude ver alguns serrotes, facas, serras, machados, e um grande cofre ao canto, trancado.
Onde eu estava? Que lugar era esse?
Olhei ao redor, tentando entender onde eu estava, e então senti uma dor forte me tomar diretamente nos pulsos, minhas mãos estavam amarradas.
Droga...
Então, em um suspiro de susto, eu olhei para frente, e vi ele...
Sim...
Ele.
O assassino, o estranho da sorveteria, alto, com aqueles olhos azuis inclinados e cheios de um sarcasmo que eu não sabia interpretar.
Seu perfume forte e masculino invadia minhas narinas, e aquele homem... Parecia estar pronto pra fazer o pior comigo.
Ele estava sentado a minha frente, me olhando por inteira, com um sorriso de canto.
Meu coração batia forte, a cada vez que ele me olhava.
Seus olhos azuis eram tão perversos e pareciam expressar coisas que até o céu e o inferno desconheciam.
Era como se aqueles olhos fossem me devorar...
Enfim, ele havia acabado de me cortar, afundando aquele canivete pequeno e tão bem amolado em minhas coxas, o sangue escorria como um rio, e a dor era profunda.
infernal e terrível.
Mas eu não conseguia gritar, chorar ou espernear.
Eu só...
Estava acostumada. Acostumada com aquela sensação, e com aquele sangue todo sendo derramado.
Aquilo pra mim, não era nada mais do que familiar.
Doloroso, mas familiar.
Então eu não me importava, por mais que doesse.
Eu só sabia dirigir meu olhar frio e escuro a ele, o olhando diretamente, enquanto via ele me machucar, sem dó, muito menos piedade.
- E então? Não vai dizer nada, putinha?
Ele perguntou, com sarcasmo, enquanto me olhava levantando sua sobrancelha, talvez esperando alguma reação normal vinda de mim.
Algum choro, algum grito.
Mas nada vinha.
E sim, eu já não era normal há muito tempo.
A vontade de morrer está tirando tudo de mim.
Mas naquela hora, eu o olhei com o olhar fechado, já que ele havia me chamado... Daquilo, muitas vezes. E eu preferiria tudo, tudo do que ser comparada a uma prostituta qualquer.
Eu... Era até mesmo virgem! Porquê ele insiste em me ofender dessa maneira??
Estremeci de repúdio e raiva, me chamar daqueles apelidos idiotas, sem sequer saber quem sou...
Estava começando a me tirar do sério.
Abaixei a cabeça e vi a poça de sangue no chão, e minha coxa toda cortada e dolorida.
Respirei fundo, tentando controlar a dor que eu sentia, e respondi sem olhar pra ele.
- P-Pare de me chamar assim, N-não sou nenhuma... Puta...
Perguntei com toda a força que eu tinha, ainda sentindo muita dor, evitando olhá-lo a todo custo.
E óbvio, eu não ligava pra dor, mas eu não podia negar o fato de que ela existia.
Ainda em pé ao meu lado, ele se aproximou de mim e levantou meu olhar pra ele, sua mão grande e forte apertando minhas bochechas com força.
- A partir do momento em que você cruzou a porra do meu caminho, você vai ser oque eu quiser.
Ele disse sarcástico, com aquela grave voz autoritária e ameaçadora que me dava arrepios e medo. Como um trovão cortando o céu frio.
- S-Se você me chamar desse jeito de novo eu... eu... t-te mando pro inferno....
Exclamei em tom um pouco mais alto e irritado, virando o rosto na direção contrária dele.
E então, ele se abaixou, ficando exatamente perto de meu rosto, e me olhou fixamente.
Os olhos azuis demoníacos daquele assassino, se encontraram com os meus, e depois observaram todo o meu corpo.
- Eu sou o dono do inferno.
Ele falou, sério e com sua voz grave.
Estremeci, sem saber oque fazer.
naquele lugar tão estranho e pelo que pude ver, cheio de ferramentas de tortura.
Meu coração disparava forte e a falta de ar me tomava...
Me virei novamente para a direção contrária, eu não queria olhá-lo... Os olhos dele... Me faziam me sentir tão pequena, tão sem forças, tão... Minúscula.
Mas sim, eu sempre quis morrer, inclusive tentava todos os dias acessar o portal frio e mórbido da morte.
Pois minha vida era dolorosa e triste, e eu não precisava de mais dor. Na verdade, eu não aguentava mais sentir mais dor.
Na verdade, eu não sei nem mesmo como me expressar, pois às vezes a dor me liberta, e às vezes eu também me canso de senti-la, droga!!! Isso me enlouquece!!
Comecei a chorar sem poder me segurar naquele momento, e então, devagar, ele se levantou de onde estava e se sentou na cadeira à minha frente, com os braços cruzados e abaixou a cabeça.
- Sabe, Claire. Se eu fosse você, começaria a medir as palavras... Porquê eu posso acabar com você a qualquer momento.
Ele disse em tom grave e ameaçador enquanto me olhava, com aqueles olhos de Predador.
- Faça isso agora, então...
Em seguida, levantei a cabeça e o olhei rapidamente, mas logo desviando o olhar.
E então, ouvi sua risada grave e perversa.
- Já te falei, meu bem. Eu tenho coisas mais interessantes pra fazer com você. Muitas, na verdade.
Ele falou, levando uma mão ao queixo, me olhando dos pés a cabeça.
Aquilo, por mais que eu não ligasse pra minha própria vida, me assustava.
Não o medo da morte é claro.
Mas... O quanto ele era... Grandioso e forte.
Sua presença era capaz de me desnortear, e eu só o conheci ontem!
E ainda, aquela voz tão demoníaca e grave, me deixava cada vez mais trêmula.
Aquele homem alto e tão maligno...
O próprio satã personificado.
E então, estremeci mais ainda quando o vi levantar e se dirigir até uma mesa cheia de ferramentas de tortura.
Engoli em seco, sem saber oque fazer, apenas ali, ferida e quieta.
como a garotinha indefesa que sou.
Ele, pegou um alicate e uma tesoura, e as levou à altura dos olhos, observando atentamente.
- Uh, que escolha difícil... Oque mais devo fazer com você sua putinha?
Perguntou ele, Sádicamente. Se virando pra me olhar.
Aquele olhar...
Fazia de mim sempre tão pequena...
Tão inútil quanto eu já era.
- O-Oque quiser. Eu não ligo pra dor, s-sou uma suicida, mais ferimentos e mais sangue não significam nada pra mim...
O olhei, com raiva e todo o ódio que havia em meu peito, por ele me chamar daquela maneira novamente.
E ele me olhou com um sorriso sádico e diabólico.
- Que bom saber disso.
Ele disse, arqueando uma sobrancelha, seus olhos azuis frios me encarando por completa.
- Só... P-para de me chamar assim, eu... eu...
N-não sou isso que você diz...
Eu ainda não acreditava, não acreditava que ele estava me chamando daquilo.
Se ele sequer me conhece...
Abaixei meu rosto, evitando olhá-lo novamente, sua grandiosidade e seu poder eram muito para que eu suportasse, e eu evitava ao máximo que nossas íris se encontrassem.
Mas então, ele se aproximou mais ainda de meu rosto vermelho e que cada vez suava ainda mais frio, e me apontou a tesoura.
Depois começou a passá-la levemente em meu rosto.
estremeci mais ainda.
- É isso e muito mais, Claire. Daqui pra frente, você vai ser tudo oque eu quiser.
Ele afirmou, em tom firme e grave.
Droga!!!
Eu não vou ser chamada assim!! Não mesmo!!!
Já não basta minha madrasta me chamando o tempo todo de vadia!!
E agora ele é mais um que me ofende assim?
- P- Para!!! Já falei que não quero ser chamada dessa maneira!!!
Gritei enquanto abaixava a cabeça, evitando olhá-lo, e então ouvi sua risada grave e sarcástica tomar todo o ambiente.
- Caralho garota, como você pode ser assim, em? Tão gostosa, mas tão irritante ao mesmo tempo, uh...
Ele disse enquanto me olhava, de frente e com seus olhos cerrados, me encarando por inteira.
Oque???
Que droga ele...
Levantei o olhar pra ele, minhas bochechas queimando de vergonha e logo minha franja longa caiu sob meus olhos, cobrindo um pouco da minha timidez e da confusão que eu sentia após tentar absorver do que eu fora chamada.
-O-que... Oque você...
Tentei perguntar, mas minha voz mal saia, de tanta vergonha e confusão.
- Não vou repetir. Mas agora vamos ao que interessa, meu bem.
E logo naquele momento, a vergonha deu lugar a incerteza, a incerteza do que iria acontecer, do que iria ser feito ali, naquela sala grande e com aquele homem tão...
Droga.
Mas ao mesmo tempo eu não me importava, pois eu estava acostumada com a dor, com o sangue, com os cortes.
Com... A morte.
de relance o vi sorrir, enquanto se aproximava de mim, sussurrando em meu ouvido, o calor de sua respiração me tocando e seu perfume forte e poderoso me invadindo.
Forte, assim como ele. Assim como seu toque.
- Vamos brincar um pouco, putinha. Garanto que vai gostar. Já que você mesma disse que não se importa.

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