capítulo vinte e cinco: Misteriosa vítima.

587 63 31
                                    

- P-Prefiro rezar pelo contrário

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- P-Prefiro rezar pelo contrário. Agora, se me... der licença, preciso ir...
Ela disse, a voz trêmula, com a cabeça abaixada, ocultando seu rosto corado. Suas palavras saíam atropeladas, como se estivesse tentando fugir da situação, ou talvez de mim.
Rezar pelo contrário...
Que garota interessante.
Durante toda a minha carreira como assassino, já vi de tudo: pessoas implorando por suas vidas enquanto eu as tirava brutalmente, gritos de desespero, o pânico nos olhos de quem só queria viver mais um pouco, mesmo sabendo que a morte estava logo ali. Mas ela... Ela desejava justamente o oposto. E tentar entender o motivo disso estava queimando meu cérebro.
Quem diabos ela é? E por que ela quer tanto se privar da vida?
Ela me contou ontem, naquela noite chuvosa, quando nos encontramos pela segunda vez, que queria apenas o fim de seu sofrimento. Que não aguentava mais.
E eu, com a minha frieza natural, sugeri que ela tentasse o suicídio. Afinal, há tantas formas de acabar com a dor... Ela poderia escolher qualquer uma delas.
O que ela me disse, porém, me fez parar por um instante.
Claire me revelou que já tentara diversas vezes, na verdade, tentava todos os dias. Mas nunca conseguia de fato. Apenas se enfraquecia mais a cada tentativa, e o objetivo final, o fim de tudo, parecia sempre escapar de suas mãos.
E como eu disse ontem...
A morte estava fugindo dela.
Mas será que isso não é irônico?
Eu, um matador, e ela, uma garota que só quer morrer...
É até engraçado, se parar pra pensar.
- Espera aí, gatinha. Está com pressa?
Eu a segurei pela mão suavemente e a puxei de volta para o banco onde estávamos sentados. Ela hesitou por um momento, mas se sentou novamente, a timidez agora tomando conta de seu corpo, enquanto seus olhos evitavam os meus.
- É... É que eu realmente... p-preciso ir...
Ela murmurou, os olhos fixos no chão, com seus longos cabelos loiros caindo suavemente sobre seu rosto, quase como se tentasse se esconder de algo.
- Me responda uma última pergunta antes, e eu te deixo ir.
Eu disse, ainda a observando atentamente. A luz do sol refletia nos seus cabelos, dando a eles um brilho quase etéreo, e eu não podia deixar de reparar em como sua aparência parecia delicada, mas ao mesmo tempo, tão marcada pelo peso do que ela carregava.
- T-Tudo bem... Q-que pergunta é?
Ela respondeu, sua voz ainda trêmula, e seus dedos nervosamente brincando com uma mecha do seu cabelo. Ela tentava se acalmar, mas eu podia perceber que estava longe disso.
- Quantos anos você tem?
Perguntei, curioso. Ela parecia tão jovem, mas seu olhar e suas palavras carregavam uma profundidade que não condizia com a idade que ela aparentava.
- T-Tenho 18...
Ela disse, com as bochechas corando levemente, os olhos fixos no chão, como se a simples menção da sua idade fosse algo desconfortável.
Caralho, 18 anos...
Tão nova, e com uma mente tão fodida.
- Imaginei.
Respondi, a voz mais baixa, enquanto refletia sobre o que acabara de ouvir.   -Enfim, nos vemos em breve. Pode ir.
Falei, ainda observando ela, como se tentasse desvendar algo sobre sua alma, e ao mesmo tempo, sabendo que aquilo era impossível, já que ela era uma garota indecifrável.
-A-Até...
Ela disse baixo, enquanto me olhava uma última vez, e se distanciava aos poucos, indo pra dentro da escola, parando na porta da mesma e me olhando uma última vez e depois, sumindo completamente.
Caralho...
- Logo nos encontraremos novamente, meu bem.
Sussurrei baixo pra mim mesmo, enquanto já imaginava mil planos pra encontrá-la de novo.
Comecei a pensar um pouco, ali mesmo, naquele banco.
Como pode do dia pra noite uma garota me deixar tão louco assim? Porra.
Eu nunca me senti tão obsessivo em toda a minha vida.
Não quero me gabar, não mesmo. Mas já fiquei com muitas garotas, e nenhuma delas fez oque Claire fez na minha mente.
E oque mais me fissurava... Era o olhar dela.
Um olhar tão doce e tão frágil, além daqueles cabelos lindos que brilhavam na luz do sol... Um loiro claro quase branco, de tão suave.
A cor da pele dela... Que a cada toque, se envermelhava...
Que desgraçadinha maravilhosa, cacete.
Me levantei dali, e decidi sair daquela escola, ou logo iriam desconfiar do porquê eu estava ali, afinal, eu não era nenhum aluno.
E sim eu sai, mas óbvio, planejando voltar novamente atrás dela. Pronto pra pegá-la de jeito.

Entre Amor E MortesOnde histórias criam vida. Descubra agora