Anne 21

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– Então? O que acha do meu gosto? 

Tentei responder de imediato, sem pensar no duplo sentido que aquela pergunta tinha. 

– Muito bom. De agora em diante posso aceitar suas sugestões sem pestanejar. Devo levar em consideração o fato de você ser um amante da culinária. 

– Talvez. - Ele disse, sorrindo - Você cozinha? 

– Não agora. Cozinhava antigamente, mas isso tem muito tempo. E não eram coisas assim, exóticas ou interessantes. Eu fazia muito do básico. 

– Alguma especialidade? 

– Bom... Não é nada demais, mas minha mãe me ensinou um truque para fazer um bolo de cenoura com cobertura de chocolate ficar ainda mais gostoso. Ela sempre elogiava quando eu fazia, mas isso não quer dizer muita coisa. 

– É meu bolo favorito. - Bruno falou de uma forma simples, sorrindo - Vou provar sua receita algum dia? 

Encarei-o por algum tempo, apenas admirando-o, e eu não sabia se havia pronunciado a resposta em voz alta ou se estava só divagando.

Se depender de mim, você pode provar minha receita todos os dias. 

Bruno me encarava de volta com um sorriso tímido nos lábios, mas algo dentro dele pareceu ter sido acionado, fazendo com que ele ficasse repentinamente sério e desviasse seu olhar do meu. 

Não era a primeira vez que ele fazia isso, e eu me perguntava o motivo.

Olhando para os lados, ele chamou o garçom e pagou o almoço, não me permitindo saber quanto tinha sido. 

Saímos do lugar rumo ao Volvo prateado do outro lado da calçada. 

– Bom, eu tenho que ir. Vou levá-la em casa. - Disse, abrindo a porta do carro para mim. 

– Não... Só vou pra casa de noite, mas se você me deixar por perto eu agradeço. - Sentei, mas ele continuou segurando a porta aberta. 

– E vai ficar fazendo o que até lá? São 13:30h. 

– Vou ficar por aí. - Respondi com sinceridade. 

Eu não sabia para onde ia ou o que faria durante todo aquele tempo, mas eu quase nunca sabia desses detalhes quando saía da Casa de Rayana para ficar sozinha e pensar, então já estava acostumada a improvisar. 

Bruno outra vez desviou o olhar, pensando por algum tempo enquanto olhava em volta desinteressado nas pessoas que caminhavam. Finalmente, fechou minha porta e entrou no carro, dando novamente a partida. 

– Você vai trabalhar? - Comecei. 

– Não. Tirei o dia de folga. - Ele respondeu, sério, enquanto encarava a rua. 

– Por quê? Não estava se sentindo bem? 

– Por que é o seu aniversário. - Ele falou depois de algum tempo em silêncio, provavelmente ponderando as palavras e se perguntando se deveria ou não falar aquilo. 

– Olha, não precisa se preocupar, eu não confundo as coisas. 

Bruno me olhou, interrogativo, então eu continuei. 

– Parece que você está com medo que eu pense que as suas atitudes sejam mais do que realmente são. Não vou confundir as coisas, então não precisa medir suas palavras. Não se preocupe, eu sei... Bom, eu sei o que não é. 

– Você sabe? - Ele me olhou, agora por um bom tempo. 

– Sei. 

Eu queria tranquilizá-lo, porque algumas de suas atitudes mostravam claramente o quão desconfortável ele estava. 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora