Finalmente me calei, sentindo meu coração bater dolorosamente no peito e as lágrimas escorrerem descontroladamente pelo rosto. Não importava a resposta dele, qualquer uma que fosse. Tudo que eu queria agora era acabar com aquilo e poder conseguir respirar outra vez longe dele.
Esperei por sua reação, conseguindo controlar um pouco o choro e limpando as lágrimas dos olhos. O silêncio do quarto poderia ter me incomodado e a falta de resposta poderia ter feito com que eu me sentisse ainda pior, mas isso não aconteceu. No final das contas, eu sabia que ele provavelmente não teria o que responder, mas tudo que podia fazer era esperar. Esperar até que ele me desse algum sinal de que consentiu com meu pedido e que eu poderia ir adiante com o que eu deveria fazer.
De repente, senti os cabelos em minha nuca serem puxados com violência para baixo, fazendo com que meu rosto levantasse, e então eu estava cara a cara com ele.
Seu rosto estava a poucos centímetros de mim, tão perto que nossas testas se encostavam. Ele me olhava com uma intensidade que eu jamais havia visto antes, e eu ainda podia sentir seus dedos puxando com força meus cabelos, mas não reclamei.
Tive um momento para sentir o poder que sua proximidade exercia sobre mim, ficando praticamente hipnotizada por seus olhos que insistiam em fitar os meus. Sua respiração estava pesada contra meu rosto, e cada vez que ele expirava eu podia sentir o cheiro de menta do hálito dele, despertando em mim o nervosismo que havia conseguido evitar durante quase toda aquela noite.
Mas o momento foi breve.
Fui atingida pela sua aproximação furiosa, sentindo sua boca vindo de encontro à minha com força suficiente para machucar.
Ainda assim, não pude sentir a dor porque não consegui ter reação alguma pela atitude dele.
Eu estava em choque.
Fiquei imóvel, ainda de olhos abertos, tentando assimilar as informações. Ele parecia absorto em sua tentativa, me beijando com muita força enquanto me puxava cada vez mais para si. Eu queria estar em condições de me mover, mas nem a dança impaciente que sua língua fazia foi suficiente para me tirar do estado catatônico em que me encontrava.
Fui empurrada para trás pelo peso de seu corpo e caí deitada de costas no colchão macio com ele ainda agarrado em mim. Notando que eu não retribuía aos seus beijos, ele afastou sua boca minimamente da minha e abriu os olhos, me encarando agora como quem implorasse para que eu retribuísse.
Foi então que, como um clique, senti meu corpo queimar todo de uma vez, quase entrando em um tipo de combustão instantânea, me tirando do transe e finalmente me puxando de volta para a realidade.
Me joguei para cima e agarrei seus cabelos com tanta força que provavelmente o machuquei, enquanto, completamente sem jeito e sem fôlego, o beijava com todo o desespero acumulado dentro de mim.
Senti-o responder à minha atitude, voltando a se agarrar em mim com uma fúria que eu não sabia existir dentro dele, enquanto deixava que seu corpo pesasse completamente sobre o meu.
Aquele beijo era perfeito.
Absolutamente perfeito.
Não importava quantas vezes eu havia sonhado com aquele momento ou o quão estimulante eu achava que ele poderia ser, nada do que eu imaginava era minimamente comparável àquilo. Conforme eu me acostumava aos movimentos de seus lábios nos meus e ao encaixe que sua língua fazia na minha, mais entregue e rendida eu me sentia, como se minha vida dependesse do não rompimento daquela conexão.
Era como se tudo pelo que eu tivesse passado tivesse sido esquecido, e então nada mais era suficientemente importante, porque ele - ele - estava ali.

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De repente, amor
Romance♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...