Suspirei. O conjunto era mesmo bonito, mas eu sabia que se caísse bem em mim, Jhulie insistiria para que eu o levasse. E então eu teria que usar o cartão de crédito que Bruno me deu. E isso o deixaria feliz de uma forma irritante.
Caminhei para os provadores com ela me empurrando. Quando entrei, em um tipo de sala de espera, me espantei com o tamanho do lugar. Não era parecido, de forma alguma, com os provadores normais que se via em lojas de shoppings comuns. Era enorme, claro e espelhado em todas as paredes.
– Vou ficar esperando aqui. - Ela disse, enquanto sentava em um banco acolchoado e pegava uma revista - Se precisar de mim, grite.
Andei devagar para o corredor com os provadores, com medo de me perder ali. Entrei na primeira cabine e me despi, vestindo em seguida o bendito conjunto. Me olhei no espelho e constatei que sim, a roupa havia ficado bastante bem em mim. Me olhei por mais algum tempo nos vários espelhos dispostos em ângulos diferentes, me dando uma visão completa do meu corpo.
– Ainda está viva? - Ela perguntou depois de algum tempo do lado de fora, batendo sem muita força na porta. Saí da cabine e ela me encarou como quem gostava do que via.
– Ficou lindo! Realmente, a sua cara. E a sua barriga fica até disfarçada.
Olhei no espelho de novo, vendo que ela estava falando a verdade. Eu não parecia uma gestante.
– Mas se você quiser esconder a sua gravidez, acho melhor desistir. - Ela adicionou, como se lesse meus pensamentos - Tenho certeza que meu irmão vai fazer questão de falar pra todo mundo daquela festa que você está esperando um filho dele. Mas enfim, toma. Vai combinar com o look.
Ela me estendeu uma meia-calça preta opaca, feita de um tecido grosso. Jhulie continuou me analisando com uma das mãos no queixo, e eu me senti uma árvore de natal sendo decorada. Quando pareceu finalmente ter uma ideia se virou e saiu dali sem me dar nenhuma satisfação, voltando um minuto depois com uma encharpe preta na mão. Ela finalmente enrolou o pano no meu pescoço com vários nós extravagantes e sorriu.
– Pronto. Está perfeita.
Me olhei outra vez no espelho atrás de mim e fiquei satisfeita com a minha aparência. Tentei me imaginar com a meia-calça preta e um sapato baixo, e a visão definitivamente era agradável.
– Nossa... Estou mesmo bonita...
– Vamos levar.
– Quanto é? - Perguntei. Ela me olhou como se não entendesse do que se tratava a pergunta.
– Quanto é o quê?
– O vestido.
Mais uma vez, Jhulie pareceu um pouco perdida, como se tivesse sido pega de surpresa. Como se simplesmente nunca houvesse passado pela sua cabeça considerar o preço do que ela estava decidida a comprar.
– Não faço ideia. Mas ficou lindo em você, temos que levar.
Encarei-a por algum tempo, pensando em como pessoas ricas eram estranhas. Talvez porque elas pudessem se dar ao luxo de serem despreocupadas com tudo, mas aquilo não deixava de ser surreal. Fechei a porta e me troquei, saindo do provador de forma decidida.
– Temos que ver o preço. - Falei.
– Por quê?
– Porque o cartão de crédito que eu tenho é do Bruno.
Ela me olhou como se eu estivesse falando coisas completamente descabidas.
– Exatamente por ser dele você pode gastar quanto quiser.
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De repente, amor
Romance♦ De repente, amor. Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como...