Bruno 13

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Ela continuou me olhando, e então finalmente falou: 

– Você não vai mais beber. 

– Tudo bem. - Concordei. 

Qualquer que fosse a exigência dela, eu atenderia. Depois de alguns segundos ainda me olhando ela pegou a garrafa de cima da mesa e deslizou novamente para o meu lado. Meu braço foi automaticamente parar em volta dela outra vez. 

– O que aconteceu com você? - Ela perguntou. 

Eu deveria dizer o que estava acontecendo comigo? Deveria dizer que estava completamente perdido e deprimido? Deveria mencionar o fato de que tinha pensado nela enquanto transava com outra mulher? Não. Eu estava bêbado, mas ainda não tinha perdido completamente a noção. 

– O dia foi cansativo. - Disse calmamente enquanto deslizava para frente e para baixo no banco, colocando a cabeça para trás e fechando os olhos. Senti Anne se virar um pouco em meu abraço enquanto suas mãos puxavam e desfaziam o nó em minha gravata, deixando-a aberta em volta do meu pescoço. Depois alguns botões da parte de cima da minha camisa foram abertos, e então pude sentir seus dedos em meus cabelos. Abri os olhos devagar e vi seu rosto muito próximo ao meu, na mesma altura, enquanto ela brincava com as minhas mechas, provavelmente deixando-as mais rebeldes, e olhava diretamente em meus olhos. 

– Vocês empresários são muito estressados. - Disse num tom baixo, e pude sentir o cheiro de menta que o hálito dela tinha. 

– Você tem mesmo um cheiro muito bom. - Falei sem pensar e a vi corar imediatamente. Não pude evitar o sorriso que brotou no meu rosto. - Você fica linda quando está envergonhada, sabia? 

Ela sorriu sem graça e desviou o olhar. Continuei encarando-a, observando cada ponto do seu rosto. Ela tinha sardas bem claras no nariz e nas bochechas, e aquilo era tão adorável... 

– Por que não veio ontem? - Ela perguntou, ainda mexendo em meus cabelos. 

– Tive que ir a uma festa. - Respondi. 

– Pelo visto foi uma festa boa. 

– Por que diz isso? 

– Se essas coisas não são chupões, então alguém espancou o seu pescoço.

Me senti envergonhado como se tivesse feito alguma coisa errada. Limpei um pouco os pensamentos e tentei ser casual: 

– Ah. Ficaram marcas? Eu nem me olhei no espelho hoje. 

Ela não respondeu, dando um suspiro. 

– Foi boa? - Perguntou. 

– O quê? - Me fiz de desentendido. Ela continuou me encarando com um olhar que dizia "você sabe do que estou falando". – Não, não foi boa. Nem a festa e nem a transa. 

Anne sorriu de maneira simples, mas mesmo assim pareceu um pouco triste. 

– Bom, da próxima vez use gola alta. - Ela falou - Você não vai querer que as pessoas fiquem te encarando como se você fosse um promíscuo. 

Encostei a cabeça em seu ombro, deixando o rosto entre seus cabelos e seu pescoço, e me deixei levar por toda aquela mistura de perfumes que emanava dela. 

– Você é melhor. - Falei muito baixo enquanto aproveitava a sensação boa que seus dedos faziam nos meus cabelos. 

Me perguntei se ela tinha ouvido, porque não disse nada depois disso. Depois de algum tempo, não sabia ao certo quanto tempo exatamente, ela voltou a falar: 

– Olha, eu queria ficar aqui, mas Rayana já passou pela nossa mesa umas três vezes e está me olhando feio. Eu tenho que trabalhar... 

– Você está comigo. - Respondi sem mover um único músculo - Eu sou seu cliente. 

– É que... As pessoas estão achando esquisito. Se você fosse meu cliente nós deveríamos estar fazendo alguma coisa porq... 

– Então vamos pro seu quarto. - Saí de seu abraço e fiquei de pé um pouco cambaleante, pegando meu paletó da cadeira ao lado. Ela permaneceu sentada me encarando. 

– Relaxa, eu não vou tocar em você. 

Ela sacudiu um pouco a cabeça e então se levantou. Me pegou pela mão e me guiou paraas escadas enquanto Rayana nos olhava do outro lado do salão. 

 Eu não tocaria nela. 

Eu NÃO tocaria nela. 

 Por favor, não se insinue pra mim.

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora