Anne's POV

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– Seu idiota... - Ele começou, mas eu tinha certeza que Arthur não daria papo. Por isso, menos de um minuto depois a gafe havia sido esquecida e Bruno estava, outra vez, como uma criança quicando no sofá, enquanto contava todos os detalhes ao irmão. 

Conforme ele ia repetindo todas as informações, meu cérebro aproveitava para processá-las. Não porque eu ainda não tivesse aceitado, mas sim porque às vezes a ficha teimava em não cair. E então, lá estava eu, de volta ao estado "meu Deus, estou grávida mesmo..."

– Desculpa... - Ele começou com o celular já desligado, tocando de forma delicada meu queixo e me fazendo voltar à realidade - Arthur é muito grosseiro, mas ele não quis te desrespeitar... 

– Eu sei. Não estou chateada. - Falei de forma sincera, retirando sua mão do meu rosto e entrelaçando meus dedos nos dele - Não tem problema. 

De repente, reparei que Bruno estava perto demais. E a proximidade dele ainda provocava em mim tremores involuntários. Talvez nunca deixasse de provocar. 

Subitamente, senti uma vontade incontrolável de beijá-lo, mas mais rápido que a minha vontade foi o toque no celular dele. Outra vez.

– Puta que pariu! - Ele xingou, olhando no visor e identificando de quem era a chamada - Oi, Duda. 

Dessa vez eu não ouvi a conversa. Simplesmente deixei que eles conversassem, me encostando no corpo de Bruno e deitando a cabeça no seu ombro. Fiquei ali por um bom tempo, me permitindo apenas sentir o perfume das roupas dele e seu corpo se mexendo delicadamente com cada palavra que ele pronunciava. 

– Ah, sim, obrigado! Vou ver... Mas ele está lá hoje? - Ele ficou em silêncio por algum momento, esperando a resposta - Ok, vou tentar. Obrigado, Duda. 

Observei-o desligar e acessar seus e-mails do próprio celular. 

– Que foi? - Perguntei, querendo me inteirar do assunto.

– Você está bem disposta hoje? - Ele se aproximou da minha orelha e falou contra meus cabelos, enquanto conectava o aparelho à internet. 

– Uhum... - Respondi, me esfregando nele como um gato. 

– Então nós vamos ao obstetra. 

Ah, sim. O médico. 

– Vou tentar ligar pra ele e pedir pra te encaixar em algum horário disponível. Duda me mandou o telefone e o endereço por e-mail.

Assenti com a cabeça, me agarrando nele e ficando por ali. 

– Você vem comigo? - Perguntei. 

Bruno se virou para mim e me olhou como se eu tivesse acabado de perguntar algo tão óbvio que sequer merecia ser respondido.  

– É claro que eu vou com você. 

Outra vez vi um certo ar maníaco em seus olhos, mas relaxei ao constatar que sua surpresa provavelmente se dava só porque ele havia achado a pergunta estúpida mesmo. Esperei que ele fizesse a ligação, e se por um lado torcia para que o obstetra não atendesse pacientes as sábados - só porque minha preguiça era monstruosa -, por outro queria já estar em seu consultório recebendo todas as informações que uma mãe de primeira viagem como eu deveria saber. 

Depois de alguns minutos usando sua voz mais melodiosa e carente, Bruno conseguiu fazer com que a secretária do outro lado da linha nos pusesse no lugar da última paciente do dia que havia cancelado sua consulta. O obstetra só trabalhava de manhã aos sábados. 

– Mas eu não fiz nada! - Ele falou, quando o repreendi.

– Fez sim. Usou sua voz sexy pra convencer a secretária. Ela provavelmente vai ter sonhos eróticos com você essa noite. 

De repente, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora